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Feliz Mente: Um portal para jovens sobre saúde mental

16.10.2012
  • Ciência e Conhecimento

Investigadores da Escola Superior de Enfermagem de Coimbra criaram um site que se destina à educação e sensibilização de adolescentes e jovens sobre as perturbações de saúde mental mais comuns.

Contexto

As políticas de educação, pelo papel que a escola ocupa na sociedade, são essenciais para o crescimento, desenvolvimento e maturação dos indivíduos, constituindo-se como a chave para uma participação responsável e de sucesso conducente ao bem-estar dos cidadãos na vida social. O sistema educativo promove a transmissão de saberes organizados, mas privilegia simultaneamente a educação para os valores, promovendo a saúde, a formação e participação cívica dos indivíduos, num processo que sustentam a aquisição de competências, as aprendizagens ao longo da vida e promovem a autonomia.

Neste sentido o Plano Nacional de Saúde Escolar procura dar resposta aos desafios, tendo como finalidade a promoção e proteção da saúde e a prevenção da(s) doença(s) na comunidade educativa.

Este pressuposto contrasta com os desafios que se colocam à promoção da saúde mental de adolescentes e jovens na atualidade e que alertam para o facto da adolescência e juventude (15-24 anos) serem períodos críticos, caracterizados por transições e mudanças significativas no contexto de vida dos indivíduos e em que os problemas relacionados com o bem-estar têm profundo impacto na vida adulta.

Urge uma intervenção e este projeto pretende contribuir através de um portal que permita educar e sensibilizar para a saúde mental.

Enquadramento no COMPETE

O portal Feliz Mente é financiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia e cofinanciado pelo FEDER (Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional), através do COMPETE – Programa operacional Factores de Competitividade.

Trata-se de um projeto no âmbito do SAESCTN - Sistema de Apoio a Entidades do Sistema Científico e Tecnológico, com um investimento elegível de 162 mil euros, correspondendo a um incentivo FEDER de 138 mil euros.

Descrição do projeto

Uma equipa de investigadores da Escola Superior de Enfermagem de Coimbra (ESEnfC) criou uma página com informação sobre perturbações de saúde mental e bem-estar. O site tem o nome Feliz Mente e foi apresentado publicamente no passado dia 9 de outubro.

O objetivo é sensibilizar adolescentes e jovens para os problemas mais comuns do foro psicológico. Para isso, disponibilizam informação rigorosa, baseada na evidência científica e com atualizações regulares.

Depressão, esquizofrenia, abuso de álcool, stress e ansiedade e perturbações alimentares são alguns dos problemas sobre os quais o Feliz Mente oferece informação credível, não querendo, no entanto, substituir uma consulta com o médico ou outro profissional de saúde. Aliás, a página Web "Feliz Mente" fornece informação sobre como procurar a ajuda de um profissional, localizar e ligar-se aos recursos de saúde disponíveis na zona centro de Portugal Continental.

O conteúdo do site Feliz Mente além de incluir informação sobre o modo como promover a saúde mental e o bem-estar, também fornece estratégias úteis para ajudar um amigo que esteja a desenvolver um problema relacionado com a saúde mental.

- Tirar dúvidas mantendo o anonimato

O portal fornece informação sobre como procurar a ajuda de um profissional, localizar e ligar-se aos recursos de saúde disponíveis na zona centro do país, assim como responde às dúvidas, mantendo o anonimato e a confidencialidade.
Aliás, o estudo prévio realizado pelos investigadores da Escola Superior de Enfermagem de Coimbra, em cerca de 50 escolas da zona centro onde foram administrados 6000 questionários de avaliação da literacia em saúde mental evidencia que muitos adolescentes e jovens não procuram informação nem ajuda, porque não se sentem à vontade para falar dos seus problemas de forma aberta.

Assim, através do portal Feliz Mente os adolescentes e jovens já podem tirar dúvidas mantendo o anonimato e a confidencialidade.

- Educação e sensibilização para a Saúde Mental

Apesar de não existirem estudos epidemiológicos realizados em Portugal, pensa-se que a realidade portuguesa estará próxima daquela que se observa noutros países da Europa e mesmo de outros continentes (América e Oceânia), estimando-se que a prevalência de perturbações como a depressão, abuso de substâncias, distúrbios de ansiedade, distúrbios do comportamento alimentar, e ainda perturbações psicóticas, como é o caso da esquizofrenia, se situem entre os 15 e 20%.

Os dados revelam que a adolescência é a idade pico para o aparecimento de perturbações mentais, com metade das pessoas que virão a sofrer de uma perturbação mental a ter o seu primeiro episódio antes dos 18 anos de idade, ao que acresce o facto de aproximadamente 70% das pessoas com perturbações mentais não procurarem ajuda profissional.

Resultados

Este projeto tornou-se uma ferramenta poderosa de transmissão de conteúdos pelo facto de englobar, simultaneamente, todas as perturbações recorrentes nestes grupos e de oferecer uma rede de recursos e conteúdos abrangentes no eixo da promoção da saúde - prevenção das doenças e de combate ao estigma e discriminação. Além disso, está disponível para agentes de educação, saúde e famílias.

Os objetivos deste projeto centram-se na avaliação dos níveis de literacia, e a partir da avaliação de resultados, desenvolver o programa, sendo validado por grupos foco de adolescentes e jovens e peritos na área da educação e saúde mental.

Estes objetivos são coerentes com os do programa, nomeadamente:

  • aumentar a capacidade de reconhecer os diferentes tipos de perturbações;
  • conhecer as crenças acerca dos fatores de risco e mecanismos de proteção e causas associadas às doenças;
  • desenvolver atitudes que facilitem o reconhecimento das perturbações e a procura de ajuda;
  • disponibilizar uma rede consistente de conteúdos e recursos disponíveis;
  • combater o estigma e discriminação associados às doenças mentais.

Cátia Silva Pinto