Desenvolvimento de medicamentos inovadores, da aeronáutica, de bioindústrias, de pilhas de combustível e hidrogénio e da eletrónica são as áreas das cinco parcerias público-privadas onde serão investidos nos próximos sete anos 22 mil milhões de euros.
Um pacote de financiamento que é composto por 8 mil milhões de euros provenientes do próximo Programa-Quadro Europeu de apoio à investigação e inovação - Horizonte 2020 – 10 mil milhões de euros por parte da indústria e quase 4 mil milhões de euros oriundos dos vários Estados-membros.
Na apresentação do pacote de investimento aos jornalistas, Marie Geoghegan-Quinn, Comissária Europeia responsável pela Investigação, Inovação e Ciência reforçou que esta aposta «representa um grande aumento no nosso nível de ambição comparativamente com as nossas atuais parcerias público-privadas».
«A contribuição do orçamento da União Europeia mais que duplica e o compromisso da indústria aumentou ainda mais», por isso «este é um voto de confiança no investimento em investigação e inovação na Europa», afirmou.
A Comissária Europeia reforçou também a importância do investimento privada nas parcerias.
As empresas «estão a dar um passo ousado ao investir e a trabalhar connosco», para além disso «uma das coisas mais interessantes nestas parcerias, é que as empresas concordaram a investir juntamente com alguns dos seus principais concorrentes, porque perceberam que neste ambiente severo global é, por vezes, melhor trabalhar em conjunto com o concorrente do que não trabalhar de todo».
Marie Geoghegan-Quinn acrescentou ainda que, o facto de se trabalhar «em conjunto permite-nos lidar com assuntos que nenhuma empresa nem nenhum país consegue fazê-lo e essa é verdadeiramente a essência daquilo que representamos hoje aqui».
As parcerias público-privadas denominadas de Iniciativas Tecnológicas Conjuntas agora apresentadas vão ter início em 2014. As Iniciativas são: ‘Medicamentos inovadores 2’, ‘Pilhas de Combustível e Hidrogénio 2’, ‘Clean Sky 2’, ‘Bioindústrias’ e ‘Componentes e Sistemas Eletrónicos’.
Iniciativas que a Comissária Europeia acredita terão grande impacto no desenvolvimento económico da Europa.
«A iniciativa que estamos a apresentar hoje não só reforça a nossa economia como é um investimento numa melhor qualidade de vida. Estas parcerias vão fornecer bons empregos e melhores benefícios para a sociedade», afirmou a Comissária.
Marie Geoghegan-Quinn chamou também a atenção que «este investimento é feito a tempo e a Europa mantém um papel de líder em inovação global», já que «ao mesmo tempo muitos concorrentes estão a investir mais rapidamente do que nós e estão a pensar em grande».
Mas para além destas Iniciativas Tecnológicas Conjuntas, a CE juntamente com os Estados-membros lançou outras quatro iniciativas público-públicas, com um orçamento total previsto de 3 mil 464 milhões de euros.
As parcerias são:
- ‘Apoio às PMEs de alta tecnologia’,
- ‘Novos tratamentos contra as doenças relacionadas com a pobreza’,
- ‘Tecnologias de medição para a competitividade industrial’ e
- ‘Soluções para que idosos e deficientes vivam em segurança nas suas casas’.
A Comissária Europeia explicou que «estas parcerias focam-se em áreas onde o mercado sozinho não tem sido capaz de encontrar soluções de forma rápida» e isto acontece «porque o resultado e o retorno do investimento não são garantidos».
O pacote de investimento hoje anunciado contempla ainda uma parceria entre a União Europeia, o Eurocontrol e outros membros para o ‘Sistema Europeu de Gestão do Tráfego Aéreo (SESAR) com um orçamento previsto de 1600 milhões de euros.
Questionada pelos jornalistas se haverá financiamento disponível no Horizonte 2020 para projetos que não estejam incluídos nas Iniciativas Tecnológicas Conjuntas, a Comissária Europeia explicou que «para o pacote que estamos a anunciar hoje, o dinheiro virá do Horizonte 2020, maioritariamente o Pilar III mas também do Pilar II».
«Nenhum do dinheiro do Pilar I será investido no pacote que estamos a anunciar hoje, porque a quantidade de dinheiro no Pilar I é especificamente para a ciência de excelência» e acrescentou que «claro que haverá dinheiro disponível para todos os investigadores, institutos de investigação, empresários de PMEs e outros agentes».
Parceiras público-privadas: Iniciativas Tecnológicas Conjuntas
As iniciativas ‘Medicamentos Inovadores 2’, ‘Pilhas de Combustível e de Hidrogénio 2’ e ‘Clean Sky 2’ já existem, tendo sido lançadas em 2008, mas terão agora continuidade e um novo impulso, enquanto as iniciativas ‘Bioindústrias’ e ‘Componentes e Sistemas Eletrónicos’ são completamente novas.
- Medicamentos inovadores 2 - pretende envolver as universidades, institutos de investigação, empresas e indústria farmacêutica e tem como objetivo desenvolver uma nova geração de vacinas, tratamentos e medicamentos. Como objetivos específicos prevê atingir mais 30% de sucesso em testes clínicos para medicamentos prioritários identificados pela Organização Mundial de Saúde (OMS), obter em cinco anos provas de conceito clinico em doenças imunológicas, respiratórias, neurológicas e neurodegenerativas, desenvolver e aprovar novos marcadores de diagnóstico para quatro destas doenças e pelo menos dois novos medicamentos para a Doença de Alzheimer ou antibióticos. Tem um orçamento previsto de 3,45 mil milhões de euros.
- Pilhas de Combustível e Hidrogénio 2 – vai dar continuidade à Iniciativa Tecnológica Conjunta em ‘Células de Combustível e de Hidrogénio’ lançada em 2008. O objetivo é continuar a desenvolver um conjunto de pilhas de combustível e de tecnologias de hidrogénio eficientes, utilizáveis e amigas do ambiente e acompanhar o processo até ao ponto de introdução no mercado. Entre alguns dos objetivos específicos está a redução de custos dos sistemas de células de combustível para aplicações nos transportes num fator de dez, aumentar a eficiência elétrica das células de combustível para produção de energia em 10% e demonstrar a viabilidade da produção de hidrogénio em grande escala a partir de eletricidade gerada por fontes de energias renováveis. O orçamento proposto para esta iniciativa é de 1,4 mil milhões de euros.
- Clean Sky 2’ – visa desenvolver inovadoras tecnologias para o Mercado de aviação civil por forma a reduzir as emissões e o ruído dos aviões e assegurar a futura competitividade internacional da indústria de aviação europeia. Tem como objetivos específicos aumentar a eficiência de combustível dos aviões e, com isso, reduzir as emissões de CO2 em 20% a 30%, reduzir as emissões de gases poluentes (NOx) e de ruido dos aviões em 20% a 30% em relação ao avião estado-de-arte que entrará em serviço em 2014. O orçamento estimado é de 4,05 mil milhões de euros.
- Bioindústrias’ – tem como objetivo que as empresas passem a utilizar recursos naturais renováveis e tecnologias inovadoras para fabricar os seus produtos e desta forma impulsionar a Europa a mover-se para uma sociedade pós-petróleo. Vai-se focar em três principais atividades: Matéria-prima, ao aumentar a sustentabilidade do fornecimento de biomassa com maior produtividade e novas cadeias de fornecimento; Biorrefinarias, ao otimizar o processamento eficiente através da I&D e ao demonstrar a eficiência e viabilidade económica do mesmo em biorrefinarias de grande dimensão e Mercados, produtos e políticas, ao desenvolver mercados para bioprodutos e melhorando os quadros políticos. Tem um orçamento previsto de 3,8 mil milhões de euros.
- Componentes e sistemas eletrónicos – tem como principais objetivos impulsionar a próxima geração de tecnologias digitais, melhorar a eficiência energética dos componentes e sistemas eletrónicos, garantir a liderança europeia ao nível do design e produção. Áreas que se esperam tenham grande impacto ao nível da produção de automóveis, aviões, comboios, equipamentos médicos, aparelhos domésticos, redes de energia, sistema de segurança, etc. Tem um orçamento previsto de 4,815 mil milhões de euros.