Ao integrar investigação e desenvolvimento na genotipagem da vinha, na fitopatologia da vinha e nas leveduras e novos fermentos vínicos, o InovWine apresenta-se como um projecto inovador e dinamizador na fileira da vinha e do vinho, cujos resultados poderão revolucionar a forma de ação na vinha.
Os objetivos do projecto InovWine assentam numa convergência entre as biotecnologias e as tecnologias da informação e comunicação. Na vertente das biotecnologias pretende-se caracterizar ao nível molecular as vinhas do Dão e da Bairrada, nomeadamente o património genético das suas videiras, os principais agentes fitopatológicos e a sua microflora vínica indígena. Recorrendo a tecnologias de computação móvel e ubíqua e a algoritmos de extração de conhecimento sobre bases de dados pretende-se desenvolver soluções que permitam monitorizar em tempo real as vinhas, com a perspetiva de resolver os problemas mais prementes desta atividade económica e garantir a evolução constante da sua qualidade, suportado por tecnologias de ponta.
O projecto InovWine é desenvolvido por um consórcio multidisciplinar envolvendo a Adega Cooperativa de Cantanhede (www.cantanhede.com), o Biocant (www.biocant.pt), o Instituto Pedro Nunes (www.ipn.pt) e os Viveiros Vitícolas Pierre Boyer e é apoiado no âmbito do SI&DT - Proj. em Co-promoção. Com um investimento total de €2.062.980 é financiado pelo FEDER, através do COMPETE em €1.514,899€.
A indústria do vinho é uma das mais tradicionais do nosso País, que contribui positivamente para a imagem do País exportador.
A atividade vitivinícola assume um papel importante, envolve milhares de postos de trabalho e é responsável por parte significativa da atividade industrial. Além disso, é uma indústria que ainda se baseia em processos tradicionais, onde a vinha e o vinho são trabalhados de uma forma muito conservadora.
Nos últimos anos o mercado do vinho alterou-se, com consumidores cada vez mais exigentes, obrigando os produtores a apostar na qualidade e competitividade dos vinhos. No entanto, é imperativo que estes investimentos sejam contínuos, o que obriga os produtores a implementarem estratégias e estudos capazes de responder aos problemas da vinha e do fabrico do vinho. Desta necessidade de inovação, surge o InovWine, projeto que junta agentes económicos e investigadores do sistema científico nacional com o objetivo de criar conhecimento e potenciar o desenvolvimento tecnológico necessários à evolução da qualidade e competitividade de novos vinhos.
A intensa competição no mercado dos vinhos torna imperativo melhorar continuamente a sua qualidade, obrigando à implementação de estratégias e projetos capazes de responder aos problemas da vinha e do fabrico do vinho. Neste contexto é proposto o InovWine, que tem por objetivo aumentar a competitividade das empresas do sector através do desenvolvimento de novos produtos e serviços para a fileira do vinho e da vinha.
Neste projeto foram definidas 3 linhas de investigação e desenvolvimento tecnológico que se complementam:
1. Genotipagem da vinha
O objectivo do InovWine é genotipar as videiras das castas Baga e Touriga Nacional, predominantes nestas regiões, e desenvolver e implementar um sistema de certificação destas castas. Paralelamente, será desenvolvido o sistema de identificação por radiofrequências (Radio-Frequency IDentification - RFID). Este sistema será composto por 3 componentes a desenvolver, nomeadamente uma base de dados onde se registarão todos os genótipos identificados nas regiões do Dão e Bairrada; uma etiqueta emissora de sinais de rádio que será implantada na videira certificada e um dispositivo portátil receptor de radiofrequências que será utilizado pela VVPB na identificação das videiras certificadas. Desta forma, as plantas poderão ser identificadas através de tecnologia RFID, conferindo ao comprador a garantia de que está a adquirir uma casta certificada, e que, em qualquer momento poderá consultar a sua assinatura genética.
2. Fitopatologia da vinha
A vinha é afectada por um conjunto de agentes fitopatogénicos (bióta) que causam perdas significativas de produtividade e podem mesmo levar à decadência da vinha. É objetivo do InovWine isolar e caracterizar do ponto de vista genético os fungos das doenças mais relevantes das vinhas do Dão e da Bairrada.
Contudo, para melhor compreender a causas das infeções das vinhas por agentes fitopatogénicos (fatores bióticos) é fundamental adquirir informação sobre as condições ambientais da vinha (fatores abióticos).
No InovWine será desenvolvido pelo IPN um sistema de monitorização remota que é composto por três módulos, designadamente, rede de sensores sem fios (RSSF), aplicação para smartphones e plataforma de gestão de informação. A RSSF permitirá recolher um conjunto de dados abióticos (humidade do ar, temperatura do ar, humidade do solo, etc) ao longo do tempo. Esta é uma tecnologia emergente caracterizada pelo uso de uma grande quantidade de sensores de baixo custo, permitindo assim obter um grande nível de detalhe nos dados adquiridos. A aplicação para smartphones serve dois propósitos. Em primeiro lugar acrescenta, aos dados recolhidos pela RSSA, as informações obtidas no terreno (por ex.: informação sobre fertilizações, podas e tratamentos), de forma a construir uma base de dados que alimenta a geração de modelos de diagnóstico da vinha e em segundo, fornece ao vitivinicultor uma ferramenta de trabalho onde ele pode consultar os dados da vinha a partir de qualquer local, permitindo assim uma monitorização remota.
Os dados provenientes da RSSF conjugados com os da aplicação móvel são agregadas na plataforma de gestão e análise de informação, onde são gerados modelos preditores de riscos e patologias. Estes modelos permitem gerar alarmes automáticos que vão ser utilizados para uma intervenção localizada na vinha. Este tipo de intervenção possibilita ações mais eficientes, reduz os custos e os impactos ambientais destas. Os dados produzidos pela rede de sensores, bem como os alarmes gerados podem ser visualizados através do sistema de realidade aumentada, disponibilizado pela aplicação para smartphones, em que, num dispositivo móvel com câmara fotográfica, dados e alarmes são apresentados sobrepostos às imagens da câmara.
Desta forma, no InovWine serão correlacionados os dados abióticos adquiridos em contínuo na vinha com os dados bióticos adquiridos através da identificada molecular dos microorganismos, o que permitirá construir um modelo matemático que evidencie a relação entre os fatores bióticos e abióticos, e que preveja e detete atempadamente eventuais desequilíbrios, gerando assim um sistema de alerta ao produtor.
3. Leveduras e novos fermentos vínicos
A produção do vinho é dependente de um processo fermentativo levado a cabo por vários microrganismos, cujo grupo predominante é o das leveduras. Esta fermentação pode ser espontânea, se realizada por leveduras selvagens existentes no ambiente ou induzida por inoculação de leveduras liofilizadas produzidas industrialmente.
O InovWine tem como objetivo criar uma coleção de referência de leveduras selvagens isoladas da vinha e dos mostos. As leveduras vínicas são um recurso biológico natural da maior importância, sendo a sua identificação e caracterização fundamentais para melhorar a qualidade do vinho e desenvolver novos vinhos melhor adaptados às exigências do mercado e à competição internacional.
Finalmente, no InovWine será desenvolvido um sistema de monitorização da dinâmica populacional das leveduras vínicas na vinha e nos lagares durante a fermentação do vinho. Este sistema será baseado na deteção molecular de microorganismos pela presença do seu ADN, sem que haja a necessidade de os cultivar. Esta metodologia de permitirá a deteção e identificação os microorganismos em apenas 24h. O encurtamento do tempo necessário à deteção de microorganismos nas diferentes fases da produção do vinho é vital para o sector vinícola, no sentido em que permite controlar de uma forma eficaz o aparecimento de microorganismos prejudiciais ao vinho, e desta forma evitar percas na produção. Este sistema será implementado nas adegas da ACC.