Em 1961, Rui Nabeiro, cria a Delta Cafés, num armazém de 50m2, duas bolas de torra com 30kg de capacidade e três funcionários. É na metade dos anos 70 que esta empresa se consolida de forma decisiva, encarando, em simultâneo, as novas exigências do mercado: desenvolvimento de novos produtos e serviços de qualidade global. É neste contexto que em 1984 acontece a separação da actividade comercial, assegurada pela empresa Manuel Rui Azinhais Nabeiro Lda., da actividade industrial, desenvolvida pela NovaDelta SA – primeira empresa certificada neste sector, pelo sistema de normas NP 29002. A Novadelta S.A. dedica-se ao desenvolvimento da actividade industrial, traduzido na produção de café torrado, obtido das matérias café verde, chicória e cevada, e comercializa a marca Delta no mercado internacional.
A estratégia comercial da Delta segue uma lógica presencial e de proximidade física com o cliente. O contacto directo permite uma melhoria do serviço e uma resposta pronta às necessidades dos clientes. Porém, implica um esforço ao nível de infra-estruturas que tem sido largamente compensado: a Delta é líder m Portugal no seguimento de consumo imediato e já conquistou forte presença em Espanha.
Em 2010 a Delta-Cafés SGPS apresenta 22 departamentos comerciais em Portugal, 15 em Espanha, 1 em França e Lojas Delta Q em Portugal (Lisboa e Porto) e no Brasil (Vitória, Estado Espírito Santo) e um conjunto de 59 mil clientes, dos quais 84,5% estão no mercado nacional, 15% em Espanha e 0,5% em França. Os clientes dividem-se pelos canais de distribuição: restauração (75%), Institucional (17%), Retalhista (6,5%) e Grossista (1,5%).
O esforço de consolidação da liderança da Novadelta está directamente correlacionado com a importância estratégica da restauração directa. A exigência de uma carteira de clientes, o desenvolvimento da gama de produtos e serviços, a assistência técnica, a análise de satisfação/fidelização dos clientes actuais e a angariação de novos clientes assumem uma importância capital no sucesso da sua actividade.
A concretização de um modelo empresarial competitivo caracterizado, pela organização e pela produção qualificada e diferenciada, utilizando recursos mais avançados e específicos em dinâmica de resposta a procuras globais é um vector fulcral para o desenvolvimento do Grupo Nabeiro.
Detentora de uma quota anual móvel de mercado (Mar10-Mar11) de 35.8% a Delta é líder em Portugal no segmento dos cafés torrados. Sendo a empresa com maior influência no mercado nacional do café. Em Espanha a empresa detém uma quota de mercado de cerca de 5% (pertencendo aos 18 maiores distribuidores de café daquele país).
A política integrada da Novadelta S.A. está em consonância com a missão do Grupo Nabeiro/Delta Cafés. A Gestão pela Qualidade Total na organização está focalizada nas relações interpessoais com as partes interessadas, como estratégia de fidelização. O objectivo é contribuir de forma continuada para a construção parcerias win-win através de processos, produtos e serviços geradores de valor acrescentado. Este objectivo é atingido, através da comparação e melhoria dos resultados atingidos, e redesenho dos processos, orientando a organização para a inovação e para o diálogo de forma a agir pro-activamente em relação às partes interessadas.
A NOVADELTA, S.A. empresa empenhada na sustentabilidade e melhoria contínua implementou um sistema de segurança alimentar que complementa o conceito tradicional de controlo de qualidade, garantindo a identificação dos perigos, estabelecimento de medidas preventivas e controlo dos pontos críticos de todos os produtos, transformados e comercializados.
Desde 2006, a Novadelta conta também com a certificação de gestão ambiental, segundo o referencial ISO 14001, com o objectivo de apoiar a protecção ambiental e a prevenção da poluição, numa perspectiva de melhoria contínua, mantendo o equilíbrio entre as exigências económicas, a preservação ambiental e o desenvolvimento social. A monitorização e quantificação do consumo de matérias-primas, energia e água, emissões atmosféricas, resíduos sólidos, ruído, permite que ano após ano se estabeleçam objectivos de desempenho e se implementem medidas de melhoria do mesmo.
Durante 2008, desenvolveu-se o programa "Planeta Delta", o qual teve como finalidade a sensibilização dos cidadãos sobre a problemática das alterações climáticas, através de uma campanha de informação nas saquetas de açúcar e foram distribuídas 100.000 lâmpadas eficientes, através de uma embalagem específica para o efeito, servindo de elemento de sensibilização para o problema e explicando o processo de compensações voluntária da pegada carbónica da Delta.
Ainda nesse ano e reconhecendo a importância da biodiversidade no desenvolvimento sustentável, foram assinados protocolos com o Instituto de Conservação da Natureza e Biodiversidade, no âmbito da iniciativa Business & Biodiversity, e com o Contdown2010, assumindo vários compromissos, entre eles, um Plano de Acção de Conservação para a Herdade das Argamassas e a sensibilização da comunidade sobre a biodiversidade. Foi ainda criada a Cátedra Rui Nabeiro, em parceria com a Universidade de Évora, dotada de cem mil euros por ano e destinada à promoção da investigação, do ensino e da divulgação científica na área da Biodiversidade.
Actualmente, a Delta continua a privilegiar o desenvolvimento dos países produtores através da promoção do consumo de cafés sustentáveis, tais como Comércio Justo, Rainforest Alliance, Utz Kapeh e Biológico. Para além disso, celebrou em 2007, um protocolo com as ONGS, Equação e Ideias, e o consórcio Altromercato, com o objectivo de certificar os nossos fornecedores de Angola, segundo os Princípios do Comércio Justo reconhecidos internacionalmente pelo IFAT, garantindo deste modo pagamento de um preço justo ao produtor.
A Delta Cafés tem vindo a adaptar uma estratégia de inovação incremental, de carácter activo, o que exigiu a formação de uma equipa, o N&C (Núcleo de Investigação e Concepção), a qual aposta no design, em novos produtos, em novos métodos de produção, de modo a poder garantir melhorias nos produtos e nos processos existentes. Dos projectos desenvolvidos, realça-se o conceito de café em cápsulas Delta Q, que contemplou o estudo e desenvolvimento, em parceria com um fornecedor italiano Gino Rossi, da patente de uma cápsula para café torrado moído, desenvolvimento de uma máquina industrial de embalamento de café em cápsulas e a concepção de uma máquina de extracção de café expresso, através da realização de várias parcerias. Este novo segmento revolucionou o modo de actuação da Delta abrindo inúmeras janelas de oportunidade e consequentemente a necessidade de capacitar a fábrica para estes desafios.
Projecto ReThink
O projecto Rethink, apoiado no âmbito do Sistema de Incentivos ao I&DT, envolve um investimento total elegível de1.918.716 €, correspondendo a um incentivo FEDER de 1.247.166€, e tem por objectivo principal apresentar um sistema integrado de redução, reutilização, reciclagem e valorização dos resíduos e demais impactes ambientais associados à produção, transporte e comercialização do café. O projecto actua nas diferentes vertentes da cadeia de valor destas actividades, procurando maior eficiência operacional e logística, mínimo impacte ambiental e maior responsabilidade social e conta com a colaboração do Unidemi| Universidade Nova de Lisboa, do IBET, da Logoplaste, da Diverge e da SinMetro.
Dada a diversidade de produtos apresentados pela Novadelta, o âmbito deste projecto são as actividades relacionadas com os produtos Delta Q e Delta Office (café em cápsulas individuais de plástico).
Com o know-how adquirido neste projecto é intenção da Novadelta extrapolar o conceito 3Rs Delta para a recolha dos resíduos do seu principal segmento de mercado, o canal Horeca (cafés, restaurantes, pastelarias, snacks e hotéis), o qual representa 58% do seu volume de negócios, tentando abranger desta forma todo o Universo dos Cafés Delta.
O conceito Delta Q teve uma aceitação imediata no mercado com 4 milhões de cápsulas vendidas desde o seu lançamento em Outubro de 2007 e cerca de 800.000 cápsulas de Delta Office, o que representou para a Novadelta 2,5% do seu volume de negócios e uma quota de mercado de 5% em 2008, com tendência a crescer. A aceitação do referido produto tem sido crescente e a generalização da utilização pelos lares Portugueses é um facto; por isso os resíduos provocados por esta nova forma de preparar e saborear o café representa um problema que preocupa a Novadelta.
Inserido no Programa de Sustentabilidade “Planeta Delta”, o projecto ReThink processa-se em 3 fases distintas: a recolha e reutilização das cápsulas de café; recolha e reutilização da borra de café já usada; e a investigação sobre as possibilidades de (re)utilização e benefícios inerentes à borra de café.
A cascarilha (que são as cascas de café obtidas na etapa de torra do café), são ricas em matéria orgânica e nutrientes, sendo uma das maiores fontes orgânica de potássio e azoto. Ela também contém outros compostos bastantes ricos, tais como cafeína, taninos e polifenóis (antioxidantes). No caso da borra de café, é o resíduo obtido na etapa de preparação do café como bebida final, resultando do processo de extracção em expresso, ou da infusão/percolação para os casos de café de filtro. Este resíduo também contém cafeína, taninos e polifenóis, ainda que em menores quantidades do que a casca. Devido à presença destes compostos (cafeína, taninos e polifenóis), ambos os resíduos mostram natureza tóxica e por isso têem sido pouco reaproveitados, sendo normalmente descartados com os problemas de poluição ambiental associados.
Os trabalhos já publicados sugerem que a casca de café poderia ser reaproveitada como matéria-prima para o crescimento de algumas espécies de fungos, bem como para a produção de aromas de frutas, enzimas (pectinase, tanase e cafeinase), ácidos orgânicos (láctico, acético e cítrico) e vários compostos químicos (acetaldeído, etanol, isopropanol, acetato de etila, isobutirato de etila, acetato de isobutila, acetato de isoamila e etil-3-hexanoato). No entanto, as condições de processo para obtenção destes compostos ainda não estão definidas e variam de acordo com a espécie de microrganismo utilizada, dentre outros factores. Quando comparada às cascas de café, a borra tem sido ainda menos explorada em processos de bioconversão, tendo sido reportado até à data apenas a sua utilização como matéria-prima para o crescimento de algumas espécies de fungos. Devido ao seu elevado teor de gorduras (20-28% aproximadamente), existe algum interesse na extracção deste óleo e até mesmo na sua utilização para a produção de biodiesel.
O carácter de reutilização, reciclagem e valorização energética dos resíduos produzidos pelo sector, subjacentes a este projecto, surge também como um enorme mais-valia para a Novadelta, na medida em que vem minimizar os custos com matérias-primas virgens na concepção dos seus produtos, e permitir obter proveitos energéticos para a empresa sem aumento do consumo de combustíveis fósseis para esse fim, ou até mesmo com a sua diminuição, encontrando-se em sintonia com as politicas energéticas nacionais e ambientais na implementação de energias alternativas.
Desde o início do projecto (2009) até final do 3º trimestre de 2011 foram recolhidas mais de 1.700.000 cápsulas, correspondendo a cerca de 25 toneladas de borra, permitindo obter 14 toneladas de plástico reciclado.
As várias vertentes envolvidas neste projecto e a consequente inclusão de entidades dos mais variados sectores, quer da investigação e desenvolvimento, quer da indústria, coincide com os objectivos da Novadelta no sentido de estabelecer novas parcerias que no futuro possa continuar trabalhar em conjunto no desenvolvimento de projectos inovadores e com impactes significativos no crescimento da empresa.
O projecto encontra-se na sua última fase: elaboração do estudo da viabilidade de reutilização das borras de café.
O projecto Q Innovation
O projecto Q Innovation, apoiado no âmbito do Sistema de Incentivos à Inovação, envolve um investimento total elegível de 1.918.716 €, correspondendo a um incentivo FEDER de 1.247.166€, ainda em fase de arranque, envolve um conjunto de investimentos com o objecto de reforçar a capacidade inovadora e competitiva do promotor não só no mercado nacional mas especialmente no internacional.
O presente projecto tem por missão aumentar a competitividade da Novadelta através do incremento da sua capacidade produtiva, da eficiência e eficácia da fábrica, das equipas e dos sistemas de informação, monitorização, controlo e gestão do conhecimento.
Com a prossecução deste projecto a Delta acredita que conseguirá, em 2013, ser líder do mercado nacional do café em cápsulas e alcançar uma intensidade de exportações. A Delta pretende potenciar os seguintes eixos estratégicos:
- Produtividade: Aumento da Capacidade Produtiva Para Incremento da Quota Nacional e Penetração em Novos Mercados;
- Inovação de Processo, Produto e Controlo da Qualidade;
- Re-Engenharia da Fábrica e Gestão da Informação e do Conhecimento.
O projecto Q Innovation, apoiado no âmbito do Sistema de Incentivos à Inovação, ainda em fase de arranque, envolve um conjunto de investimentos com o objectivo de reforçar a capacidade inovadora e competitiva da Delta, não só no mercado nacional mas especialmente no internacional.
Alinhado com os princípios orientadores do negócio da Delta e os seus compromissos, este projecto assume um papel crucial para o desenvolvimento das áreas de competitividade críticas do negócio, nomeadamente:
- Aumento da capacidade produtiva para fazer face ao crescimento das vendas no segmento do café em cápsulas no mercado nacional e internacional;
- Incremento da eficiência e eficácia do processo produtivo para garantir a gestão optimizada da produção, controlo de custos e total controlo da qualidade do produto;
- Garantia da sustentabilidade em toda a cadeia de abastecimento, desde as origens e a minimização do impacto ambiental;
- Responsabilidade social como motor do capital humano da Delta e da comunidade;
- Formalização da criação de um centro de I&DT+I do café com ligações a entidades do SCT e proporcionar bolsas de investigação de mestrados e doutoramentos e inovação constante com vista ao desenvolvimento de novos produtos, processos e sistemas;
- Desenvolvimento de um sistema ágil de gestão da inovação que permita a criação de valor acrescentado através da inovação ao nível dos resultados financeiros e operacionais, da imagem, prestígio e posicionamento no mercado, do impacto na sociedade, do capital intelectual e humano e dos processos internos.
