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Produtos têxteis inovadores para estimular a produção de algas marinhas na UE

05.09.2014
  • Europa

As algas marinhas são um recurso importante, embora pouco explorado, para a produção de ingredientes para a alimentação humana e animal, de bioquímicos e de biocombustíveis, mas tem sido difícil colhê-las de forma eficiente em grande escala. Até agora.

projeto AT SEA
projeto AT SEA

O projeto AT SEA, financiado pela UE, desenvolveu têxteis avançados que aumentam o rendimento das explorações flutuantes de algas marinhas e permitem o seu cultivo fácil e mecanizado.

Segundo o coordenador do projeto, Bert Groenendaal, do grupo belga Sioen Industries, a cultura de algas marinhas na escala permitida pelos novos têxteis pode ajudar a criar uma indústria de muitos milhares de milhões de euros na Europa — promovendo o crescimento e o emprego. A Sioen é uma das sete empresas envolvidas no projeto, juntamente com quatro centros de investigação.

B. Groenendaal declarou: «O potencial económico das algas marinhas é enorme. As empresas estão interessadas neste produto para muitas aplicações diferentes, como alimentos e aditivos alimentares, alimentos para animais, produtos químicos e até combustível.»

Máire Geoghegan-Quinn, Comissária europeia responsável pela Investigação, Inovação e Ciência, declarou por sua vez: «O projeto AT SEA é apenas um exemplo entre muitos de como o financiamento da UE ajuda os investigadores e as empresas a colaborarem em prol da inovação. Trata-se de um projeto de investigação que permitirá às empresas da UE explorarem um recurso valioso de modo eficiente, ajudando-as a concorrer nos mercados mundiais. O Horizonte 2020, o novo programa de investigação da UE que dispõe de 80 mil milhões de euros, apoia as empresas a transferirem as novas ideias do laboratório para o mercado rapidamente e de modo eficaz e económico.»

Os ensaios de têxteis nos locais experimentais do projeto AT~SEA em Solund, na Noruega, Oban, na Escócia, e Galway, na Irlanda, conseguiram produções de quase 16 kg de algas marinhas (peso em húmido) por metro quadrado — três a cinco vezes a produção da cultura de algas tradicional.

Atualmente, as algas marinhas obtêm-se através da apanha de exemplares selvagens ou da cultura em cordas. Nenhum destes métodos permite aumentar facilmente a produção, pois ambos exigem muita mão de obra para uma produção relativamente baixa.

A equipa do projeto desenvolveu têxteis que podem suportar grandes quantidades de plantas sem rasgarem nem atraírem plantas ou moluscos indesejáveis. O revestimento de origem biológica dos têxteis protege as jovens algas e estimula o seu crescimento.

Trata-se de produtos têxteis adequados para as grandes esteiras de 1 mm de espessura em que as plantas crescem, e que são colocadas cerca de dois metros abaixo da superfície do mar. Quando atingem a plena maturação, as algas são cortadas das esteiras por máquinas instaladas em embarcações e colocadas em tanques de armazenamento flexíveis feitos de têxteis avançados fabricados pelo projeto AT~SEA.

Em setembro de 2014, o projeto começará a cultivar algas em 200 metros quadrados de esteiras em cada um dos três locais experimentais. O objetivo é avaliar o seu potencial para uso comercial. B. Groenendaal estima que a produção pode aumentar para 20 a 25 kg por metro quadrado à medida que o consórcio for aperfeiçoando as suas técnicas.

O consórcio AT~SEA requereu uma patente para os têxteis descritos. Depois de terminado o projeto, em julho de 2015, o consórcio planeia estabelecer uma exploração de 2 a 3 hectares através de uma sociedade comercial constituída a partir do AT~SEA.

O projeto também prevê que estes tecidos tenham outras utilizações comerciais para além da cultura de algas marinhas. Por exemplo, para outros tipos de aquicultura e para o fabrico de contentores flexíveis para o transporte de água doce por mar.

Existem muitas utilizações potenciais para as algas marinhas. Algumas são fonte de bioquímicos para medicamentos, cosméticos naturais e adubos orgânicos. Outras também se revelam promissoras para a produção sustentável de biocombustíveis, se colhidas nas quantidades necessárias para a produção industrial.

Os alimentos e ingredientes alimentares são uma outra utilização potencial. Nos países asiáticos, algumas espécies são cultivadas de forma intensiva e consumidas diretamente. Aqui na Europa, alguns alimentos transformados, como o leite achocolatado, os iogurtes, as bebidas com efeitos benéficos na saúde e as cervejas, contêm polissacáridos de algas marinhas, como ágares, carrageninas e alginatos, que funcionam como aglomerantes ou emulsionantes. Também é possível extrair das algas marinhas lípidos e proteínas de elevado valor, antioxidantes, agentes gelificantes, vitaminas e minerais essenciais para utilizar na produção de alimentos.

A cultura de algas marinhas em grande escala poderá também ter um impacto positivo no ecossistema oceânico. As algas marinhas de cultura podem ajudar a absorver o CO2 em excesso presente na água do mar e os resíduos de nutrientes das explorações piscícolas vizinhas. Além disso, oferecem habitats seguros para os peixes e crustáceos selvagens, que poderão de outro modo estar ameaçados pela pesca.

Contextualização

O projeto AT SEA, que beneficia de um financiamento da UE de 3,4 milhões de euros, reúne seis PME, uma grande empresa e quatro centros de investigação da Bélgica, Irlanda, Marrocos, Países Baixos, Noruega, Portugal, Espanha e Reino Unido.

O projeto recebeu fundos do Sétimo programa-quadro de investigação e desenvolvimento tecnológico (2007-2013) da União Europeia.

Em 1 de janeiro de 2014, a União Europeia lançou um novo programa de investigação e inovação, com a duração de sete anos, intitulado «Horizonte 2020». Nos próximos sete anos, serão investidos cerca de 80 mil milhões de euros em projetos de investigação e inovação para apoiar a competitividade económica da Europa e alargar as fronteiras do conhecimento humano. O orçamento da UE para a investigação está sobretudo focado na melhoria da vida quotidiana das pessoas em áreas como a saúde, o ambiente, os transportes, a alimentação e a energia. As parcerias de investigação com os setores farmacêutico, aeroespacial, automóvel e da eletrónica também encorajam o investimento do setor privado em prol do crescimento e da criação de empregos altamente qualificados no futuro. O Horizonte 2020 terá um enfoque ainda maior na transformação de ideias excelentes em produtos, processos e serviços comercializáveis.

Para mais informações:

AT SEA: http://www.atsea-project.eu

Artigo e vídeo da Horizon Magazine: http://horizon-magazine.eu/article/new-dimension-seaweed-farming_en.html

Sítio Web do Horizonte 2020: http://ec.europa.eu/programmes/horizon2020/