Esta foi a frase que mais se ouviu na sessão de apresentação do projeto "Mais Indústria + Produtividade", promovida pela AIP, que decorreu no dia 12 de setembro, no Porto, e que reuniu seis oradores e 30 empresários dos mais variados setores. Kaizen significa "melhoria contínua".
O “Mais Indústria + Produtividade” é um projeto da AIP em parceria com o Kaizen Institute que tem como objetivo incentivar as empresas a adotarem a filosofia de melhoria contínua que permitir o aumento da produtividade através do modelo de melhoria japonês - Kaizen, amplamente aplicado e seguido internacionalmente na reestruturação e otimização dos processos produtivos.
Silampos, Spal, Novaqui, Solzaima, Flexipol, Sanitop, Schimtt, Queijo Saloio, Safe Life, Moretextile, Adega de Borba e, TemaHome, Efacec Engenharia são algumas das empresas mobilizadas para o programa. Até ao momento já aderiram 33 empresas ao “Mais Indústria + Produtividade”, sendo que 13 já iniciaram o projeto estando previsto o arranque da fase de diagnóstico durante o corrente mês.
Ainda existem vagas para a participação de empresas que beneficiarão de um incentivo do QREN de cerca de 50% do custo do investimento. As inscrições terminam no final do mês e podem ser feitas no portal da AIP.
Perante o cenário atual, em que a reindustrialização ocupa a agenda nacional, torna-se imperativo dinamizá-la. A AIP consciente desta realidade, e perante a queda abrupta do peso da indústria nos últimos 20 anos, considera que para voltarmos a ter indústria temos de ter uma indústria diferente. “O único caminho que nos resta é a inovação”, disse Nelson de Souza, diretor-geral da AIP, durante a sua intervenção.
Dar importância à indústria e consequentemente levá-la a melhorar os processos, fez com que a AIP recorresse ao parceiro Kaizen Institute, que implementa mudanças físicas e comportamentais baseadas no conceito Lean Manufacturing, no sentido de envolver os colaboradores.
O “Mais Indústria + Produtividade” foi reconhecido nas Estratégias de Eficiência Coletiva do Produtech – Pólo de Competitividade das Tecnologias de Produção. “Os projetos de melhoria contínua geram oportunidades de negócio e inovação para a fileira das tecnologias de produção”, disse Fernando Sousa da Produtech.
Alberto Bastos, Iberian board manager do Kaizen Institute, começou por questionar a plateia de qual é a definição de produtividade que interessa ao empresário. E o mesmo respondeu: “É a redução do tempo gasto para executar um produto ou serviço mantendo os níveis de qualidade”. Por isso há que eliminar atividades que não acrescentam valor. Alberto Bastos considera que existe uma máxima a ter em conta: “Aumentar a produtividade e o custo vai ser reduzido”. Mas para que isto aconteça, a empresa tem de fazer mudanças: “mais flexibilidade, menos stock, mais serviço, menos complexidade, mais qualidade”. “Logo o tempo de processo vai descer, a produtividade aumenta e os custos descem”, explica o responsável do Kaizen Institute.
Seguiu-se Benvinda Catarino da AIP, coordenadora do “Mais indústria + Produtividade”, que fez a apresentação deste projeto dirigido a empresas do Norte, Centro e Alentejo. Para a responsável este é um “projeto muito prático”, cujo investimento “tem retorno no espaço de um ano”. “A identificação de um problema é uma oportunidade para resolvê-lo”, indicou.
Resultados na Oliveira & Irmão e na Salsa
A sessão de apresentação do “Mais Indústria + Produtividade” contou com o testemunho de duas empresas que aderiram ao projeto, a Oliveira & Irmão (OLI), primeiro fornecedor europeu de mecanismos para a indústria cerâmica, e a Salsa, empresa do setor têxtil e vestuário.
Nuno Martins, diretor industrial da OLI, contou que antes do Kaizen a empresa tinha muito desperdício, setup demorado, inúmeros caixotes vazios, armazéns cheios, muito stock mas não o que o cliente queria. A OLI ao utilizar as ferramentas Kaizen conseguiu fazer várias alterações no interior da fábrica tais como o desenho e a construção de novas linhas, a criação de supermercados (espaços de arrumação), a normalização do abastecimento e do trabalho. “É um caminho sem retorno, mas é um caminho que não acaba”, referiu Nuno Martins. Em suma, o projeto “Mais Indústria + Produtividade” já permitiu a esta empresa um ganho de 30% de produtividade e um ganho significativo na redução de stock: 3,5 milhões de euros a menos.
Do lado da Salsa, conhecida marca de calças de ganga, Renato Homem, Chief Operations Officer, frisou que “a indústria é estratégica” para a marca. Ao acionar o Kaizen agora promovido pelo projeto “Mais Indústria + Produtividade”, a Salsa identificou objetivos: “aumentar a produtividade nos acabamentos especiais” e “a redução dos problemas de qualidade”. A empresa alterou processos, fez mudanças no laboratório de I&D permitindo concentração de áreas, mudou a logística interna, passou a ter planeamento até aqui inexistente, integrou postos de trabalho e administrou formação aos colaboradores de forma a que todos fossem aptos a executar as diferentes técnicas nas calças de ganga como fazer “lixa” ou “bigodes”. O resultado está á vista quando se olham para os números: aumento de 19% na produtividade e redução de 2,5% para 1,1% na má qualidade externa.
A AIP, enquanto entidade promotora do projeto, vai realizar mais três apresentações, nomeadamente em Braga, Aveiro e Leiria.