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Vista Alegre Atlantis SA | A tradição inova-se pela diferenciação

18.11.2011
  • Incentivos às Empresas

Uma empresa com 180 anos de tradição num sector produtivo de forte concorrência e cujos bens apresentam ciclos de vida curtos, sujeitos ao gosto dos consumidores e ao acompanhamento da moda.

Fábrica da Vista Alegre

Uma empresa com 180 anos de tradição num sector produtivo de forte concorrência e cujos bens apresentam ciclos de vida curtos, sujeitos a alterações nos gostos dos consumidores e ao acompanhamento da moda, coloca o imperativo de cumprir dois objectivos essenciais que aposta na Investigação e Desenvolvimento e na inovação para diferenciar a sua oferta da concorrência e para produzir com mais flexibilidade e diversificação.

A fábrica de porcelanas Vista Alegre foi fundada em 1824, em Ílhavo no distrito de Aveiro, fruto do sonho do típico homem moderno do século XIX, José Ferreira Pinto Basto. Ao longo do seu percurso, a marca esteve sempre intimamente associada à história e à vida cultural portuguesa e adquiriu uma notoriedade internacional ímpar.

Influenciado pelo sucesso da fábrica de vidro da Marinha Grande, Pinto Basto decide criar uma fábrica de “porcelanas, vidro e processos químicos”.

Desde o início da produção de Porcelana, a Vista Alegre viveu anos de grande desenvolvimento, tornando-se num marco da cultura Portuguesa no mundo. Participou desde o início do séc. XIX em diversas exposições internacionais, onde lhe foi reconhecida a sua excepcional qualidade e estilo único. Nos períodos subsequentes, a Vista Alegre cresceu e modernizou-se, associando a sua capacidade tecnológica à criatividade dos melhores artistas contemporâneos, alcançando incontestável prestígio internacional.

À passagem do seu Centenário, a Vista Alegre iniciava uma reestruturação, que visou a transformação da empresa numa sociedade por quotas, a modernização das estruturas da Fábrica e a renovação de serviços. Em paralelo com o desenvolvimento produtivo e tecnológico assiste-se também a uma renovação artística.

A partir de 1947 e até 1968, os contactos internacionais, a formação de quadros técnicos especializados, a aquisição de outras empresas, levaram a Vista Alegre ao desenvolvimento técnico e industrial esperado, assim como ao alargamento da oferta a novos mercados. A Fábrica, chegada à sua maturidade, dá então assistência técnica e artística a outras fábricas europeias. É instaurada a tradição de peças únicas de enorme qualidade feitas para grandes personalidades como o serviço de Sua Majestade a Rainha de Inglaterra. Este aumento da capacidade de produção ajudou a criar um maior interesse pela exportação, estabelecendo-se uma parceria estratégica com uma empresa espanhola do mesmo ramo – Luso Espanhola de Porcelanas. Também neste período (1950) abre a primeira de muitas lojas “Vista Alegre”.

Já na década de 70 do séc. XX, após uma fase de crise interna, nacional e internacional é dado novo impulso à modernização e ampliação dos meios produtivos. Surgem as primeiras séries limitadas e as reproduções para Museus e é criado o Clube do Coleccionadores, reflectindo a importância da Vista Alegre no mercado da Arte. É inaugurado o Centro de Arte e Desenvolvimento da Empresa (CADE) com o objectivo de controlo da qualidade e fomento de novos modelos e decorações.

Durante os anos 70 e 80 manteve uma estratégia de vendas focalizada no mercado nacional, sendo que a capacidade excedentária foi utilizada para servir de forma bastante selectiva um número limitado de Clientes, mas contudo de enorme prestígio e relevância, factor que viria a influenciar a consolidação de uma imagem de qualidade e distinção além-fronteiras.
 
No final da década de 1980, o crescimento da marca em Portugal começa a registar evoluções progressivamente menores, facto que conjugado com a liderança absoluta da marca na sua categoria num mercado de dimensão reduzida como o nacional, então em fase de maturidade, torna inevitável o “olhar para fora” numa perspectiva diferente: a internacionalização passou a ser uma questão de sobrevivência.

Culminando um vasto período de aquisições, em 2001 o Grupo Vista Alegre funde-se com o Grupo Atlantis dando origem ao maior grupo Ibérico de Tableware e Giftware e um dos maiores da Europa – o Grupo Vista Alegre Atlantis. Fundem-se assim duas das mais prestigiadas marcas Portuguesas. A holding resultante actua em áreas tão diversas como porcelana de mesa, decorativa e de hotel, faiança, louça de forno, cristal, vidro manual e redes de retalho e distribuição.

Em Janeiro de 2009 a Vista Alegre Atlantis, SGPS, SA, da qual o promotor Vista Alegre Atlantis, SA é subsidiária, foi informada, nos termos e para os devidos efeitos das regras da Comissão de Valores Mobiliários (CMVM), que a Cerútil – Cerâmicas Utilitárias, SA havia lançado uma Oferta Pública de Aquisição Geral das acções representativas do capital social da VAA.

A Cerutil criada em 1992 pertence à sub holding Visabeira Indústria do Grupo Visabeira que se dedica à produção de cerâmica utilitária de forno, microondas e de mesa, possuindo um extenso catálogo de linhas com design próprio e de fabrico tecnologicamente evoluído e minuciosos parâmetros de qualidade.

Actualmente a Vista Alegre Atlantis, SGPS, SA. detém 100% do capital da Vista Alegre SA. Por sua vez a Vista Alegre Atlantis SGPS SA é detida numa parcela de cerca de 76% pela Cerutil encontrando-se os restantes valores dispersos por diversas entidades entre as quais algumas das anteriores instituições bancárias credoras da empresa como o BCP, a CGD ou o BPI.

Importa pois salientar que a empresa ganhou um novo rumo desde a sua aquisição pelo Grupo Visabeira, com a obtenção de números bastante positivos de onde se destacam a redução dos prejuízos em 78% e o aumento dos resultados operacionais em 84%. Desde então que novas prioridades foram definidas, à luz das quais este projecto ganha enquadramento.

Apesar de todas as reestruturações e alterações registadas na empresa e de actualmente dispor de um parque produtivo e tecnológico dos mais evoluídos do mundo, no qual produz cerca de 60 mil peças por dia que exporta para mais de 20 Países em todo o Mundo, a Vista Alegre SA carece de aumentar a sua carteira de encomendas e reformular, optimizando-a, a dimensão do seu catálogo de modo a melhor rentabilizar a sua produção, sem prejuízo de continuar a desenvolver e a preservar a porcelana feita e trabalhada à mão, honrando a sua história e tradição.

A Investigação e Desenvolvimento
No âmbito de uma estratégia de desenvolvimento, a Vista Alegre considera o investimento em actividades de I&DT como fundamental para a promoção da sua competitividade e crescimento e como o meio que possibilita o acompanhamento das mais recentes tendências e evoluções do mercado em que os promotores constituintes operam.

Louça de Hotelaria

O projecto High Class Hotelware (HCH), com um investimento elegível total de 1.224.453€, correspondendo a um incentivo FEDER de 706.222€, promovido pelo consórcio constituído pelas empresas Vista Alegre Atlantis, S.A. e Mota – Soluções Cerâmicas, S.A., tem como principal objectivo o desenvolvimento de uma nova linha de produtos de porcelana para o sector da hotelaria, com base numa pasta e num vidrado significativamente melhorados, que lhe confiram maior resistência mecânica e maior resistência ao risco face aos produtos actualmente existentes, a preço competitivos.

O sector do turismo e da hotelaria constitui um dos sectores mais importantes da economia nacional. Neste sector operam diversas organizações, designadamente cadeias de hotéis e restaurantes, que usam produtos de cerâmica, nomeadamente de porcelana, na sua prestação de serviços. Pela sua frequente utilização e lavagem, os produtos de porcelana estão sujeitos a um elevado desgaste que compromete a sua durabilidade, quando comparada com os artigos produzidos para uso doméstico. Esta situação deve-se ao facto da maioria destes produtos serem produzidos a partir de matérias-primas (pasta e vidrado) concebidos para produtos de uso doméstico.

A concretização do projecto HCH irá culminar numa nova linha de produtos para uso no sector da hotelaria, que se distingue do produto “standard” pelas suas características inovadoras, que visam um aumento da resistência ao impacto no, da resistência ao risco, da resistência aos detergentes e da resistência aos ataques. De referir que se procurará de igual modo que as alterações ao processo produtivo resulte numa diminuição do consumo energético entre 5 a 10%.

Sinteticamente a nova de linha de produtos de porcelana que as empresas do consórcio pretendem desenvolver para o sector da hotelaria irá apresentar características técnicas superiores às existentes nos produtos oferecidos pelas empresas concorrentes, a um preço competitivo, de modo a concorrem para um melhor desempenho em serviço e uma clara satisfação dos clientes.

Tendo como base um controlo das matérias-primas e do processo particularmente rigoroso e uma aposta num design arrojado mas que confira ao produto final a estabilidade necessária, os promotores esperam obter uma nova linha de produtos de excelência, com resistências ao impacto no bordo e ao risco superiores às melhores soluções disponíveis no mercado.

O sector do Turismo e da Hotelaria constitui um dos principais clientes do sector da cerâmica, essencialmente no que respeita à cerâmica decorativa e utilitária. As empresas do consórcio percepcionam a aposta na produção e comercialização de produtos cerâmicos utilitários, especificamente destinados a este mercado como uma oportunidade que não devem perder.

Nesse sentido, para o desenvolvimento dos novos produtos é necessário perceber quais as necessidades do sector relativamente aos produtos cerâmicos utilitários. Sendo certo que os produtos destinados a este sector requerem um grau de resistência superior ao dos produtos para uso doméstico, devido à utilização intensiva e a um desgaste mais rápido (pelas lavagens consecutivas, por exemplo) a que estão sujeitos.

Os utensílios cerâmicos actualmente disponíveis no mercado e usados pelas organizações do sector do turismo e da hotelaria são, na sua maioria, produzidos a partir de uma pasta e de um vidrado desenvolvidos para produtos domésticos, que se estendeu a produtos para estes sectores. Neste sentido, as características destes produtos carecem de propriedades que os tornem mais eficientes face a factores que prejudicam a apresentação e o aspecto dos mesmos, inutilizando-as para os serviços prestados ao público. De salientar que as cadeias de hotéis e restaurantes orientados para clientes de classe média alta/alta (mercado alvo da empresa líder do consórcio), apresentam expectativas e exigências mais elevadas face ao desempenho destes utensílios, uma vez que a qualidade de serviço é obrigatória para um serviço de excelência, pelo que requerem um produto técnico.

Assim, as necessidades do sector identificadas e às quais se pretende responder são:
- Necessidade de maior resistência dos produtos cerâmicos ao impacto: a utilização sistemática dos utensílios cerâmicos e a sua armazenagem junto de outros, implica uma maior probabilidade de exposição ao choque, o que pode resultar em fissuras ou pequenas quebras nos bordos das peças;
- Necessidade de maior resistência dos produtos cerâmicos ao risco: o metal-marking consiste em marcas metálicas nas peças cerâmicas provenientes, designadamente, da utilização de talheres.A qualidade dos talheres é decisiva para o aparecimento do metal marking, no entanto a face visível do defeito é o produto cerâmico. Surge assim a necessidade de criar um vidrado de elevada qualidade (dureza, rugosidade,…) que seja “imune” à má qualidade dos talheres;
- Necessidade de maior resistência dos produtos cerâmicos aos detergentes: quando submetidas a determinados produtos químicos as peças cerâmicas podem ver a sua aparência alterada. O sector da hotelaria utiliza detergentes mais agressivos, uma vez que pelo ritmo de serviço, os ciclos de lavagem têm de ser mais curtos e rápidos. Também as altas temperaturas da água de lavagem contribuem para a acção negativa dos detergentes na superfície da porcelana;
- Necessidade de maior resistência dos produtos cerâmicos ao ataque ácido: a acção de alguns ácidos, nomeadamente os provenientes dos alimentos (e.g. vinagres, molhos), pode igualmente afectar a superfície das peças cerâmicas e alterar a sua aparência.
Adicionalmente, e embora se trate de produtos de qualidade superior, o modo de fabrico permitirá que sejam disponibilizados para o sector do turismo e da hotelaria a preços competitivos.

Apostar em novos processo e métodos de produção
O projecto de inovação da Vista Alegre Atlantis tem como objectivo central o revigoramento do processo produtivo nas suas três principais frentes de actividade – porcelana, cristal e vidro – o lançamento de linhas de produtos vocacionados para a exportação e o ajustamento da sua organização produtiva e logística aos requisitos dos mercados externos, sobretudo no que respeita à dimensão das encomendas e aos prazos de satisfação das mesmas (“just in time”). Aprovado no âmbito do COMPETE, envolve um investimento elegível de 6.516.590€, correspondendo a um incentivo FEDER de 2.603.240€.

Xadrez VA

O investimento realizar-se-á primordialmente na sede da fábrica da Vista Alegre, na Quinta da Vista Alegre perto da Vila de Ílhavo próximo da Ria de Aveiro onde se localizam as fábricas de Porcelana, os respectivos armazéns de expedição e onde se pretende também instalar o Show Cooking para ficar confinante com as áreas de exposição e fabrico, sendo que também se estenderá à Zona Industrial do Casal da Areia, em Alcobaça, onde a empresa detém instalações e em Esgueira, Aveiro, na zona industrial da Taboeira.

O projecto contempla três grupos distintos de investimento, em projectos inovadores, destinado cada um deles a uma área de negócio nuclear da Vista Alegre, S.A.:

- A Porcelana – a que respeita a marca Vista Alegre
- O Cristal – comercializado sob a marca Atlantis
- O Vidro – sob a marca Vista Alegre.

No que à Porcelana se refere, esse problema assume particular relevo nas áreas da prensagem e do acabamento. A prensagem, no contexto do sector da cerâmica, consiste na compactação do pó sobre um molde, através da pressão de um punção, que pressiona para reassentar e colocar os grãos da massa em contacto directo, resultando assim, num produto compactado e cru. A máquina de prensagem torna-se assim num dos elementos primordiais no fabrico da cerâmica conferindo-lhe qualidade e resistência. Neste caso a máquina em questão possui uma força e simultaneamente uma capacidade de prensagem que após a compactação do pó que serve de matéria-prima à criação de uma peça em cerâmica, irá através de robots verificar a qualidade e pureza do trabalho efectuado permitindo uma maior facilidade de moldagem da massa daí resultante nas fases seguintes do processo produtivo. 

Sempre que estão esses padrões de qualidade são muito elevados, como acontece por exemplo nas peças que não têm um contorno regular e simétrico relativamente ao seu eixo, como é o caso da tendência de mercado que se vem verificando nas linhas destinadas aos segmentos Hoteleiro e de Restauração (HORECA) e se acentua do segmento de “fine dinning” a Vista Alegre encontrava-se fortemente condicionada na sua capacidade de produção. O rocedimento que vinha a ser adoptado para ultrapassar uma tal limitação de modo a evitar abdicar de um nicho de mercado que se afigura promissor, consistia no acabamento manual desse tipo de peças – o que requeria um reforço de quatro pessoas por turno – sem que contudo por essa via ficassem completamente resolvidos os problemas quer da competitividade dos custos, quer do volume de quebras.
Outra das características dos artigos destinados ao segmento HORECA é o facto de, normalmente, para os mesmos ser requerida uma decoração personalizada. A concepção e criação de decorações, área em que a Vista Alegre possui um inigualável currículo e experiência, é certamente um factor positivo e determinante para vir a ser bem-sucedida neste projecto. Com a tecnologia actual, na feitura do decalque, o tempo de ciclo entre a aplicação de duas cores é muito longo (1 dia) levando tantos dias quantos o número de cores. Para colmatar essa lacuna, foi contemplada aquisição de uma máquina de secagem de decalques por raios ultravioletas, a qual será aplicada durante o processo de impressão dos decalques tecnologicamente, permitindo uma secagem mais rápida entre as aplicações de cor, dando uma maior resposta à procura, e permitindo obter elevados ganhos de produtividade, uma vez que passará a ser possível utilizar as características da máquina ultra violeta para reproduzir, num único dia de trabalho, a totalidade do número de cores que a mesma tenha.

A criação no perímetro da própria fábrica de um espaço demonstrativo e de acolhimento dos clientes – misto de show-cooking e showroom – constituirá uma forma privilegiada de interacção com compradores e utilizadores finais, permitindo complementar pela maior disponibilidade de tempo e proximidade, o trabalho iniciado com a presença em feiras internacionais. Por outro lado o contacto com a história de uma Fábrica traduzida na evolução da marca, com a sua realidade industrial, o conhecimento do equipamento de que dispõe e a facilidade de diálogo com o seu sector criativo podem constituir factores instrumentais da decisão de compra, insusceptíveis de realizar no âmbito de uma feira. O projecto constante da candidatura e genericamente designado por “Show cooking” é o espaço que a Vista Alegre pretende criar para o contacto privilegiado com o segmento profissional – compradores e influenciadores - do mercado HORECA mas igualmente aberto ao cliente final.

Irão ser adicionalmente optimizados os circuitos de movimentação no interior do armazém para recolha dos produtos que integram uma mesma encomenda, são emitidas automaticamente ordens de reposição de stocks e, por via de modelos matemáticos e adequado tratamento das bases de dados, são fornecidas à produção estimativas de consumos que lhe permitem optimizar por sua vez os planos de fabrico, sem incorrer em riscos de rotura de existências. Esta ferramenta permitirá ainda melhorar o processo de expedição reduzindo os tempos de procura e organização das paletizações, manter a fábrica mais organizada e possibilitar a todo o momento a obtenção de qualquer artigo que exista em armazém para além de facilitar a verificação de inventários. As vantagens do investimento no VoicePicking, traduzem-se no aumento do rendimento das tarefas de separação de mercadoria e na redução de erros. Todas as instruções operacionais do processo são transmitidas por voz, sendo facilmente compreendidas e bastante precisas. Com ambas as mãos livres, o operador pode concentrar-se completamente na separação da mercadoria, elimina-se o manuseio de papel, aumentando em cerca de 30% a disponibilidade para movimentos operacionais. O operador pode então concentrar-se nas operações principais, reduzindo exponencialmente a taxa de erros.

Nos casos do Cristal e Vidro são as características e a natureza das peças produzidas, e portanto a intervenção humana, que fazem a diferença, permitindo a obtenção de novas formas ou aplicações que aumentam a dificuldade da sua imitação ou reprodução. O propósito subjacente aos investimentos programados para qualquer uma destas duas actividades – caso, por exemplo, do secador UV para as aplicações a ouro no Cristal ou do reforço da colha automática no vidro que vem, ainda que por via indirecta, aumentar a capacidade de produção das peças marizadas ou belgas, em que a intervenção dos vidreiros é determinante – consiste precisamente no reforço da exclusividade da produção de algumas peças da Vista Alegre. 

O projecto para o Cristal alicerça-se, também ele, nos pontos fortes de que a empresa é detentora neste sector de actividade.

Esta é portanto uma estratégia de diferenciação que não está ao alcance da generalidade dos fabricantes uma vez que pressupõe a coexistência de um conjunto de atributos nos quais se incluem:

a) A introdução da decoração a ouro por aplicação de decalque com a decoração pretendida na peça, técnica ainda por dominar por parte de outras empresas do sector não só a nível nacional como a nível internacional. Esta técnica nova, exige o desenvolvimento de equipamento próprio de cozedura, para a incorporação devida do ouro no artigo, dando-lhe uma precisão, desenho, produtividade e repetibilidade não possíveis com a pintura manual.

b) A eventual incorporação, numa mesma peça, de vários elementos de fabrico manual, sendo que a adopção deste processo inovador culmina todo um ano de ensaios, desenvolvimentos tecnológicos e realização de protótipos que vão agora permitir a industrialização do processo, com a clara definição aos fornecedores do equipamento das especificações técnicas que o mesmo irá respeitar. No caso referido, trata-se da constituição em espaço dedicado e reunindo as adequadas condições ambientais de uma nova linha de produto (incluindo embalamento e armazenagem) perfeitamente autonomizada, cujo equipamento principal é constituído por duas muflas (forno), onde são asseguradas as cozeduras necessárias para a decoração da peça.

No que respeita ao sector do Vidro, refira-se previamente que a produção de Vidro se inicia pela composição, com a selecção e dosagem das várias matérias-primas, num processo de formulação rigoroso já que vai determinar as características das peças produzidas tendo em conta a respectiva dimensão e natureza. Nos fornos, onde as temperaturas de fusão e afinagem atingem, sensivelmente, os 1500º C o processo de fusão é controlado sendo recolhidas amostras para controlo laboratorial. A pasta fundida deve estar livre de quaisquer impurezas o que requer uma adequada extracção nas chaminés. Segue-se a colha, que pode ser manual ou mecânica, nas bocas dos fornos sendo depois a pasta colocada/injectada nos moldes no caso de se tratar de prensados ou de produção semiautomática ou trabalhada (soprada) directamente pelo operário vidreiro no caso das peças manuais (Belga) ou marisadas (as de peso inferior a 750grs ou que requerem a colocação de pegas, hastes, asas ou outro tipo de aplicação de vidro no corpo da peça, com uma finalidade funcional ou decorativa). As peças uma vez trabalhadas entram nuns túneis de arrefecimento – cujo ritmo de progressão para gestão do arrefecimento é rigorosamente controlado de acordo com a dimensão das peças – no final do qual há uma primeira selecção sendo as peças rejeitadas quebradas, para o reaproveitamento possível como matéria-prima dando origem ao denominado casco. Seguem-se as fases de corte e acabamento - que pode assumir diversas formas - sendo que no caso do cristal antes do embalamento onde tem lugar uma segunda escolha mais rigorosa, há ainda um banho de ácido que visa dar à peça o característico brilho e pureza.

Mesmo a produção soprada pode ser colhida por robot à boca do forno (e por isso apenas para o vidro transparente) o que aumenta a produtividade e uniformiza ritmos de trabalho.

O projecto visa, pois, em primeiro lugar, aumentar a produção de forma a elevar a taxa de ocupação e por essa via reduzir os desperdícios e os custos unitários de produção por intermédio da intervenção programada para o forno e das melhorias a introduzir no mesmo e consequente diminuição do ponto de equilibro pela transformação de custos fixos – da energia consumida nos períodos não activos – em custos variáveis como resultado do aumento do número de turnos activos. A limitação de recursos humanos habilitados justifica a opção do investimento em equipamentos que permitam uma maior produção das obragens de trabalho manual – pelo reforço da colha automática – introduzindo maior versatilidade e ritmo à produção e um maior grau de automação, exigindo outro tipo de competências, na produção automática permitindo pela conjugação das duas situações alargar o intervalo de variação da dimensão das peças produzidas e recombinar tipos de produções.

Exposição Frankfurt | Fonte: Pavilhão 3

Destaque-se também os processos de renovação das lojas ou mesmo com as campanhas publicitárias e participação em certames internacionais, ainda que possam vir a existir campanhas de marketing expressamente direccionadas a uma actividade ou mesmo linha de produto. Estas, a par da abertura de lojas da marca ou simples corners em estabelecimentos estrategicamente posicionados em países definidos como prioritários – Brasil, Espanha, França, Itália ou Emirados Árabes constituem instrumentos essenciais à estratégia definida.