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XV Fórum da Indústria Têxtil | “Empresas Familiares: Mudar de Geração, Preservar o Sucesso”

29.11.2013
  • Acções Colectivas

O Fórum da Indústria Têxtil e Vestuário reuniu empresários, consultores e economistas em volta do tema da sucessão empresarial mas também na avaliação da evolução da economia e deste sector.

O grande auditório do Citeve, em Vila Nova de Famalicão, foi pequeno para acolher os mais de 300 empresários presentes no XV Fórum da Indústria Têxtil, dedicado à sucessão nas empresas familiares e onde foram ainda revelados dados que apontam para uma recuperação da economia e da ITV nacional.

“Empresas Familiares: Mudar de Geração, Preservar o Sucesso” deu o mote para a 15.ª edição da assembleia-magna da Indústria Têxtil e Vestuário (ITV), organizada pela ATP - Associação Têxtil e Vestuário de Portugal, que reuniu empresários, consultores e economistas em volta do tema da sucessão empresarial mas também na avaliação da evolução da economia e deste sector.

Na introdução do tema, Luís Valente de Oliveira, da Fundação AEP, destacou a capacidade de criação de empresas em Portugal, fornecendo números sobre a ITV em particular: em 2012, no sector têxtil, morreram 554 empresas mas nasceram 385 e no sector do vestuário morreram 1.955 empresas mas nasceram 1.200. «Esta capacidade de criação de empresas está muito ligada à já mencionada resistência do sector», justificou. Em Portugal, referiu, 80% das empresas são familiares, uma taxa que fica abaixo de outros países como EUA (95%), Finlândia (91%), Espanha (85%) e França (83%). Mas estas empresas enfrentam, como principal problema, a sucessão, com muitas a terminarem neste processo. «Em Portugal, 50% das empresas familiares não sobrevivem à sua geração. Só 20% chegam à terceira geração», indicou. «Para além do ativo material, perde-se, fundamentalmente, conhecimento, o ativo intelectual, o domínio da atividade», apontou. Mencionando o “Livro Branco da Sucessão Familiar”, Valente de Oliveira exortou os empresários a preparar o futuro das suas empresas e lembrou que «a sucessão faz-se tanto melhor quanto mais formação tiver o sucessor».

Processos já seguidos pelas empresas Dielmar, Malhas Carjor, Adalberto Estampados e Fiorima, que participaram no debate posterior, moderado pelo jornalista Camilo Lourenço, e onde participaram ainda Peter Villax, presidente da Associação das Empresas Familiares e administrador da Hovione, e Maria Manuela Loureiro, da empresa de consultoria Unilco, especializada na sucessão empresarial. Mário Jorge Machado, administrador da Adalberto Estampados, revelou que «é crítico o líder perceber que é sua responsabilidade nomear o seu sucessor. Pensem em quem vos vai suceder e invistam na sua formação», um processo que ele próprio está a empreender com um dos seus filhos. Também Paulo Rodrigues, diretor industrial da Fiorima e sucessor nesta empresa familiar especializada em meias, defendeu que «é preciso conhecer o modelo de negócio, o pai começar a distribuir competências». Todos foram unânimes, contudo, em assumir que é necessário criar regras bem claras. Como explicou Luís Rafael, administrador da Dielmar, em relação à sucessão na empresa de Alcains, «o fundamental foi que desde muito cedo se conseguiu impor o respeito pelas regras. Todos perceberam que ser acionista era importante». Uma visão partilhada igualmente por Honorato Sousa, da Malhas Carjor: «cada empresa tem de arranjar as suas próprias regras». Peter Villax, que preside a uma associação com 200 membros efetivos, que correspondem a um volume de negócios de 18 mil milhões de euros, sublinhou que é importante «educar os filhos a respeitar a empresa da família», embora, como ressalvou Maria Manuela Loureiro, «uma coisa é a sucessão na liderança e outra é a sucessão patrimonial. Nem sempre as sucessões na liderança são lineares».

Numa intervenção dedicada ao futuro pós-troika, Augusto Mateus afirmou que há sinais de um ponto de inflexão na economia portuguesa, mas destacou que «ainda falta tudo. Não convém deitar foguetes antes da festa» e que é preciso concluir com sucesso e no tempo certo o programa de ajustamento. «Se não fizermos isso, não conseguimos diminuir o risco do país e assim criar melhores condições para as empresas. Se não fizermos isso, haverá um próximo programa de ajustamento», acrescentou. Para os empresários, deixou um conselho: «pensem mais em produtividade-valor. É o grande contributo que podem dar à economia». O professor catedrático alertou ainda que «a recuperação do país só será possível se o tecido empresarial assumir a liderança da recuperação».

Quanto ao sector em particular, «nos últimos anos assistimos a algumas novidades, mas não temos uma tendência forte», revelou Manuel Lopes Teixeira, embora tenha destacado os primeiros sinais de uma retoma. «Assistimos a uma crise em 2009, em que houve uma quebra significativa tanto das importações como das exportações. Mas nos anos seguintes verifica-se uma retoma, até para níveis de comércio superiores», referiu. Segundo o administrador-executivo do CENIT - Centro de Inteligência Têxtil, de janeiro a setembro de 2013, as exportações da ITV subiram 2,4%, num aumento onde os mercados extra-UE têm protagonismo, com um crescimento de 9,2%. «Estamos a ganhar mercado fora da Europa e isso tem sido uma alternativa aos nossos mercados mais tradicionais», explicou. Quanto às importações, têm registado uma diminuição, «provavelmente devido à quebra de consumo em Portugal e pela redução das vendas das marcas portuguesas que produzem lá fora», justificou. Manuel Teixeira reforçou ainda a resiliência da ITV portuguesa em termos de comércio internacional, assim como a sua qualificação, mas ressalvou que «temos de definir a ambição que queremos para o nosso sector».

No habitual discurso do estado do sector, João Costa sublinhou o bom momento que a ITV portuguesa vive atualmente, projetando um crescimento das exportações, que deverão atingir os 4,3 mil milhões de euros em 2013, com um saldo positivo da balança comercial de 1,2 mil milhões de euros. Abordando a temática do Fórum, o presidente da ATP referiu que «quem sucede neste sector, aceita o desafio do desassossego, da intranquilidade», apontando alguns dos problemas que o afetam, como as dificuldades com o financiamento, os elevados custos energéticos, os seguros de crédito e ainda as questões de fiscalidade. Pelo lado positivo, João Costa destacou a revisão da legislação laboral e ainda o acordo de comércio livre que está a ser negociado com os EUA. «Não temos nada a perder com isso. O sector alfandegário e aduaneiro dos EUA é complexo e, para nós, é uma abertura importantíssima», referiu. Apesar dos desafios, o presidente da ATP mostrou-se convicto que «este sector há de crescer, ser moderno e competitivo e estar à altura das exigências de um mundo globalizado».

No encerramento deste XV Fórum da Indústria Têxtil, Luís Filipe Costa, presidente do Iapmei, em representação do Ministro da Economia, afirmou que sectores tradicionais, como o têxtil, «são sinónimo de sucesso» e, após dar conta das linhas de financiamento à disposição das empresas, incitou os empresários a reinvestir e enfrentar o futuro com confiança. «Não tenhais medo do futuro. O futuro está lá, assim como os mercados, para ser conquistado», concluiu.

O Fórum da Indústria Têxtil, organizado pela ATP, é uma das iniciativas integradas no projeto da associação que conta com o apoio do QREN e o financiamento UE/FEDER, através do Compete – Programa Operacional Factores de Competitividade, no âmbito do Sistema de Apoio às Acções Colectivas. O projeto tem como objetivo a melhoria da competitividade da Indústria Têxtil e Vestuário.

Para qualquer informação adicional, por favor, contactar:
CENIT – assessoria.cenit@gmail.com ou 252 30 20 20