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A cortiça como um valor acrescentado e sustentável no desenvolvimento de revestimentos multifuncionais

26.08.2014
  • Ciência e Conhecimento
  • I&DT

Este projeto aposta na utilização da cortiça como material ecológico e altamente sustentável para ser incorporado em revestimentos. A cortiça é um material com propriedades singulares e sendo Portugal o maior produtor mundial, deve-se explorar todas as suas potencialidades nas mais diversas áreas de aplicação e torná-lo cada vez mais numa imagem de marca da economia nacional.

Imagem de extracção de cortiça

Descrição do Projeto

A degradação de substratos metálicos é um problema que afeta o nosso dia-a-dia, desde a nossa habitação às grandes indústrias e vias rodoviárias. Tradicionalmente a proteção de substratos metálicos efetua-se através da aplicação de revestimentos poliméricos contendo pigmentos anticorrosivos. O revestimento polimérico atua como barreira protetora, evitando o contacto direto entre o substrato e o exterior (proteção passiva), enquanto os pigmentos anticorrosivos previnem e inibem a corrosão quando a barreira do revestimento falha (proteção ativa). Tradicionalmente, inibidores como sais à base de cromatos eram adicionados às formulações para prevenir a corrosão. No entanto, esses aditivos foram banidos do mercado devido à sua alta toxicidade e potenciais efeitos cancerígenos. Com a proibição do uso destas espécies, a comunidade científica e tecnológica, em especial a que trabalha para as indústrias aeronáutica, marítima e automóvel, enfrenta um importante desafio.


Este projeto aposta na utilização da cortiça como material ecológico e altamente sustentável para ser incorporado em revestimentos. A cortiça é um material com propriedades singulares e sendo Portugal o maior produtor mundial, deve-se explorar todas as suas potencialidades nas mais diversas áreas de aplicação e torná-lo cada vez mais numa imagem de marca da economia nacional.

A cortiça é um material que se extrai da casca do sobreiro - Quercus Suber L – uma árvore cujo habitat natural é a bacia Ocidental do Mediterrâneo. É um material totalmente renovável, sustentável, reciclável e 100% natural. A incorporação da cortiça como material de enchimento num revestimento irá conferir-lhe as suas propriedades de impermeabilidade a líquidos e gases tão desejadas num revestimento, melhorando as suas propriedades de barreira. Além da adição destas propriedades intrínsecas à cortiça, é possível usar a cortiça como reservatório de espécies ativas, nomeadamente inibidores de corrosão, uma vez que a cortiça possui na sua constituição estrutural uma quantidade significativa de poros, onde poderão ser imobilizados os inibidores de corrosão. Desta forma a cortiça poderá conjugar as suas propriedades de impermeabilização na proteção passiva do revestimento com a possibilidade de armazenamento de inibidores de corrosão, tornando-se numa mais-valia na proteção ativa do revestimento.



Objetivos do projeto

Os objetivos propostos são:

 

  • Desenvolvimento de novos revestimentos multifuncionais usando a cortiça como produto de enchimento.

  • Otimização da compatibilidade físico-química da cortiça com a formulação dos revestimentos utilizados.
  • Utilização da cortiça como reservatório de inibidores de corrosão e a sua incorporação em revestimentos multifuncionais.
  • Caracterização e avaliação dos revestimentos multifuncionais desenvolvidos.

A equipa é constituída por investigadores do CICECO-UA, com conhecimentos no desenvolvimento de revestimentos funcionais e na aplicação de materiais naturais e conta com a colaboração e know-how da Corticeira Amorim.


Apoio COMPETE

O projeto decorre no âmbito do Sistema de Apoio a Entidades do Sistema Científico e Tecnológico Nacional (SAESCTN), tendo sido apoiado pelo Programa Operacional Fatores de Competitividade – COMPETE e por Fundos Nacionais através da FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologia com um Investimento elegível de 135 mil euros correspondendo a um Incentivo FEDER de 115 mil euros.


Testemunho

Segundo Mário Ferreira, Professor Catedrático da Universidade de Aveiro e Investigador Responsável do Projeto, "o projeto contou com o apoio do COMPETE concedido através da FCT sem o qual não seria possível executá-lo".


Instituições Envolvidas

> Universidade de Aveiro (UA) / Centro de Investigação em Materiais Cerâmicos e Compósitos (CICECO/UA)

> Amorim Cork Research & Sevices, Lda (ACRS)


Universidade de Aveiro / CICECO

A UA é frequentada por cerca de 15 mil alunos em programas de graduação e pós-graduação, aliando a qualidade das infraestruturas que oferece, à relevância da sua investigação e à excelência do seu corpo docente.

O CICECO é hoje o maior instituto português em matéria de Engenharia e Ciência dos Materiais. O grupo é formado por 48 Professores, 32 Investigadores e, à data de Dezembro de 2013, 91 Pós-Doutorados, 119 estudantes de doutoramento e cerca 77 outros estudantes. É um dos centros de investigação mais produtivo do país em todas as áreas científicas, com uma publicação média de 4,7 artigos SCI (Science Citation Index) por Professor/Investigador, mais de 4094 artigos SCI (muitos em jornais de topo), 99 patentes, 204 Teses de Doutoramento no período de 2002-2013.