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Conclusões do XIV Fórum da Indústria Têxtil

30.11.2012

O Fórum acolheu ainda a divulgação das novas regras e simplificação de procedimentos relativos às candidaturas ao Qren em 2013, reveladas por Franquelim Alves, gestor do programa Compete.

O XIV Fórum da Indústria Têxtil ficou marcado pela análise do perfil atual da ITV, com Manuel Teixeira, diretor-geral do CENIT – Centro de Inteligência Têxtil, a analisar a evolução da indústria têxtil e vestuário nacional de 2005 até aos dias de hoje. «Nunca foi tão difícil perceber uma tendência marcante», indicou, revelando que, no geral, «descemos em 2008 e 2009, subimos em 2010 e 2011 – o que resulta numa quebra das exportações de apenas 1,5% entre 2005 e 2011». Em relação aos destinos, Espanha continua a ser o principal parceiro de negócio, tendo mesmo aumentado 13,3% entre 2005 e 2011 e 5,7% nos primeiros nove meses deste ano, representando, em alguns produtos, uma quota de 35% das exportações, o que reflete o «agravamento da dependência de Espanha». Nas conclusões, o diretor do Cenit sublinhou ainda que «o que temos hoje é um modelo muito próximo do que sempre tivemos, com a incorporação obviamente de muito mais serviço, mas com uma base fortemente industrial. E se temos uma base fortemente industrial, temos de ter atenção, sobretudo quem nos governa, com as políticas económicas do país, nomeadamente, com o custo dos fatores de produção, da energia às comunicações e ao trabalho».

Numa observação aos números detidos pelo Banco de Portugal, Homero Gonçalves, coordenador do Núcleo de Análise Sectorial de Balanços da instituição, revelou, por sua vez, que o número de empresas em atividade no sector tem vindo a diminuir, mas que quem resiste vende mais ao exterior, com um valor superior ao do total das indústrias transformadoras. Da mesma forma, «a autonomia financeira do sector está muito em linha com as restantes sociedades não-financeiras em Portugal – mais de dois terços da sua atividade é financiada por cap itais alheios», revelou.

Para combater a dificuldade de financiamento da sua atividade e do investimento necessário ao sucesso no futuro, o debate que se seguiu, moderado por Bruno Proença, diretor-executivo do Diário Económico, deu o exemplo do capital de risco, nomeadamente com a intervenção de Ricardo Luz, da Invicta Angels, que explicou o conceito e trabalho realizado pela rede de business angels de que faz parte, de Mário Pinto, da Change Partners e de José Epifânio da França, da Portugal Ventures.

Já Luís Filipe Costa, presidente do Iapmei, começou por destacar a existência de «empresas subcapitalizadas, que apesar de terem bons clientes, bons produtos, bons mercados e boa gestão», dificilmente têm acesso a crédito. «A autonomia financeira média das empresas industriais europeias é de 35%. A das portuguesas é 24%. Mas o quartil inferior de autonomia financeira das empresas europeias está em 15%, enquanto a das portuguesas é de 3,9%. Com este valor, como é que é possível aceder ao crédito?», questionou. «Qualquer banco, para não falar de outras instituições, quando veem autonomias financeiras abaixo dos 20% torce o nariz», sublinhou Luís Filipe Costa, para quem, à semelhança de outros intervenientes, a capitalização das empresas é essencial. O presidente do Iapmei apresentou algumas das soluções do Instituto de Apoio às Pequenas e Médias Empresas e à Inovação para ajudar as empresas a encontrarem soluções para se financiamento. «Os nossos objetivos para 2013 é fixar-nos na questão da partilha de risco com a banca, através de um empréstimo de 2 mil milhões de euros, que já está aprovado para 2013 – o chamado PME Crescimento 2013; capitalização através do protocolo que vamos estabelecer nos próximos dias com a Caixa Geral de Depósitos; e um terceiro pilar, o acesso ao mercado pelas PME’s, nomeadamente através empréstimos obrigacionistas», revelou.

O Fórum acolheu ainda a divulgação das novas regras e simplificação de procedimentos relativos às candidaturas ao Qren em 2013, reveladas por Franquelim Alves, gestor do programa Compete, que focou também a existência da linha InvestQren, no valor de mil milhões de euros, «para ajudar os promotores dos projetos já aprovados a obterem o financiamento que é de sua responsabilidade».

No momento mais político da sessão, João Costa, presidente do Fórum da Indústria Têxtil e da ATP – Associação Têxtil e Vestuário de Portugal, destacou o forte contributo do sector para as medidas agora tomadas pelo Governo, «há muito reclamadas para fomentar a competitividade das empresas», indicou, citando como exemplos alterações no código do trabalho e a redução do número de feriados.

Já Carlos Oliveira revelou algumas das medidas contempladas no Orçamento de Estado, aprovado há dois dias atrás. «O Orçamento de Estado é difícil, de um país em estado de emergência, mas tem um pacote de medidas para apoiar a competitividade do sector», sublinhou o Secretário do Empreendedorismo, Competitividade e Inovação, que mencionou as novas linhas de apoio ao investimento, o chamado “IVA de caixa” para as microempresas, a autorização legislativa para um novo regime fiscal de apoio ao investimento, prorrogado até ao final de 2017 e que prevê uma dedução à coleta de 20% para investimentos, e o pacote “Mais Empresas”, de apoio à criação de novas empresas. «Acreditámos que podemos apoiar o crescimento das nossas empresas», referiu, acrescentando que «seguramente que este Fórum vai contribuir para a procura de soluções para os desafios da competitividade».

No final, Paulo Vaz, coordenador do Fórum da Indústria Têxtil e diretor-geral da ATP, realçou «a qualidade do evento, não só pelas pessoas envolvidas, mas pelo conteúdo das suas intervenções, que enriqueceram todos os que aqui vieram e abriram, inclusivamente, novas perspetivas e novos horizontes» e resumiu um pensamento transversal nesta 14.ª edição: «as empresas necessitam de ser capitalizadas e há aqui um apelo aos seus acionistas para que invistam os seus recursos nas suas empresas. Diria até que, atendendo a que nos anos anteriores muitos empresários, com toda a legitimidade, investiram muitos dos seus recursos em negócios alternativos, muitos deles atualmente menos rentáveis que o próprio negócio do vestuário, se calhar esta é uma grande oportunidade para que esse capital volte a ser aplicado nas empresas têxteis, naturalmente numa perspetiva de futuro, em empresas mais competitivas, mais concorrenciais, mais inovadoras, mas que estou certo que vão ainda trazer muitos benefícios a este sector e às pessoas que cá trabalham».

O Fórum da Indústria Têxtil, organizado pela ATP, é uma das iniciativas integradas no projeto da associação que conta com o apoio do QREN e o financiamento UE/FEDER, através do Compete - Programa Operacional Factores de Competitividade, no âmbito do Sistema de Apoio às Acções Colectivas. O projeto, que tem como objetivo a melhoria da competitividade da Indústria Têxtil e de Vestuário, conta com um investimento total de 1.025.478,02 euros.