O Fruit ECO-Drying Line é um projeto para a automatização do processo de desidratação de fruta seca, mais especificamente a Pêra de S. Bartolomeu e as variedades regionais de Maçã. Visa alcançar um novo patamar tecnológico no setor da desidratação inteligente de frutos, com a manutenção dos seus valores nutricionais.
O projeto prevê a criação de uma unidade industrial piloto que descasca, desidrata, espalma e embala as frutas desidratadas, nomeadamente as pêras, automatizando todo o processo. O processo também será válido para outros tipos de fruta.
O Projecto foi apoiado pelo COMPETE no âmbito do Sistema de Incentivos à Investigação e Desenvolvimento Tecnológico, contando com um investimento de elegível no valor de 604 mil euros, correspondendo a um incentivo FEDER de 401 mil euros.
O Fruit ECO-Drying Line foi desenvolvido em co-promoção com a BLC3 - Plataforma para o Desenvolvimento da Região Interior Centro, a Metalúrgica Ideal do Mondego, S.A. (MIM) e com a Universidade de Coimbra, integrando diversos departamentos internos desta. É um projeto multidisciplinar que integra entidades tecnológicas, de inovação e de desenvolvimento industrial, empresarias e universitárias, permitindo assim maximizar recursos, partilhar conhecimento e aumentar a competitividade empresarial e do território.
Contempla a cadeia de valor completa dos frutos secos/desidratados, podendo ser uma oportunidade para o setor da metalomecânica, com o desenvolvimento de novos produtos, como para o setor agrícola, com a instalação e promoção de sistemas de produção agrícola abandonados e desvalorizados por falta de tecnologia, inovação e adaptação aos novos mercados (em particular o da Pêra de S. Bartolomeu). A Pêra de S. Bartolomeu é uma variedade produzida apenas na região de Oliveira do Hospital e zonas limítrofes, apresentando características únicas face a todos os frutos secos existentes no mercado internacional, sendo uma tradição artesanal da Beira Alta, que tem vindo a desaparecer por: falta de mão-de-obra; ausência de plantação; desmotivação e desaparecimento dos jovens do sector agrícola nas últimas décadas; até às questões de controlo de higiene e de contaminações inerentes ao processo artesanal e de necessidade de colocação no mercado internacional para aumentar o seu valor económico. Em tempos, no período de 1920 a 1950 foi a mais importante indústria na região, ultrapassando o queijo Serra da Estrela.
O seu consumo e valor acrescentado apenas é possível no estado desidratado/seco.
A principal zona de produção dos frutos da Pereira de S. Bartolomeu é nos concelhos de Oliveira do Hospital, Tábua, Seia e algumas freguesias dos concelhos de Viseu, Nelas, Gouveia, Mangualde e Santa Comba Dão.
A secagem da pêra de S. Bartolomeu é processo diferente do normal e existente no mercado que lhe confere um aspeto de ‘presuntinhos’. Um processo com maiores exigências face aos outros processos de desidratação semi-automatizados onde é preservar o pedúnculo e conferir um acabamento final de “presuntinho”.
Para recuperar a tradição e modernizá-la é preciso utilizar os mais recentes meios tecnológicos, tornando a produção e comercialização uma alternativa viável nos tempos que correm, sem comprometer as questões ecológicas. Deste ponto de vista, é muito importante desenvolver uma linha semi-automática, com sistemas de controlo e de processamento eficazes, onde o conhecimento e experiência empresarial da MIM são fatores muito importantes e que dá uma visão diferente ao setor das metalomecânicas – procurar novos mercados e desenvolver novos produtos em parceria com outro tipo de entidades.
A BLC3 integra assim a sua estratégia para o território, com o desenvolvimento tecnológico e industrial e revitalização da agricultura e dos valores naturais perdidos pelo tempo e evolução da sociedade. O projeto Fruit ECO-Drying Line complementa o apoio dado pela BLC3 às candidaturas de 10 jovens agricultores ao PRODER, que representam um investimento de pelo menos 1,6 milhões de Euros, com a criação de métodos inovadores e ecológicos de processamento dos produtos de alto valor acrescentado da região, criando assim emprego e valorizando os seus recursos naturais e únicos.
Os testes feitos na unidade piloto permitirão, mais tarde, a industrialização deste produto e a sua comercialização nos mercados nacional e internacional. Permitirão também dar uma nova visão ao desenvolvimento do conhecimento e inovação no sector metalomecânico.