Enquadramento
O projeto INOVRIBATEJO foi concebido tendo em conta uma análise recente efetuada pela NERSANT à Região de Santarém que lhe permitiu identificar as suas características e explicitar os seus pontos fortes e fracos, bem como as ameaças e as oportunidades existentes, com particular enfoque nas questões ligadas à inovação, ao empreendedorismo e ao espírito empresarial.
A Região de Santarém encontra-se próxima da área metropolitana de Lisboa, centro político e económico do País e também o seu principal mercado, colocando-a em boa posição para acolher empresas que pretendam usufruir das vantagens económicas de não estarem instaladas numa área que apresenta os mais elevados custos de instalação e operação no território nacional, beneficiando, ainda assim, de uma boa proximidade aos centros de decisão e de consumo e a um vasto conjunto de serviços e infra-estruturas de I&D e Inovação. A Região conta ainda com algumas instituições importantes, dinamizadoras de atividades que contribuem para o desenvolvimento da Região, como é o caso da Nersant.
A região também possui e tem em desenvolvimento diversas infraestruturas que poderão ter um papel muito interessante na dinamização da atividade económica regional (Parques de Negócios de Santarém, Rio Maior e Cartaxo, a rede de áreas de Localização Empresarial, Área de ciência e tecnologia do Valleypark, Incubadora de Empresas – DET, etc.). No entanto, a oferta de dispositivos de informação e apoio ao empreendedor é ainda insuficiente.
Salvo algumas exceções, não existem serviços ou programas na Região que fomentem uma cultura empreendedora, apoiem os potenciais empreendedores no seu processo de criação dos seus negócios, nem as empresas nos seus processos de Inovação, nomeadamente na identificação de melhores soluções e na transferência de tecnologia, pelo que persiste uma fraca articulação entre as instituições da Região, nomeadamente instituições de ensino, formação e I&D e empresas, que se manifesta na oferta pouco adequada às necessidades do tecido empresarial, relativamente aos recursos humanos e à tecnologia.
Esta realidade reflete-se numa taxa de criação de empresas na Região de Santarém (NUT do Médio Tejo e Lezíria do Tejo) inferior à média nacional, onde a idade média dos empreendedores é relativamente elevada (37 anos) e com um nível de escolaridade dos mesmos relativamente baixo, nomeadamente ao nível dos 8 anos de frequência escolar.
Esta situação traduz-se num perfil de empreendedor na Região, com idades relativamente elevadas, com baixas qualificações, na sua maioria homens e que empreendem por necessidade numa atividade que, na maior parte das vezes, já trabalharam. Não surpreende por isso que se constate ainda que a proporção de nascimento de empresas em sectores de alta e média-alta tecnologia no Médio Tejo (1,4%) e na Lezíria do Tejo (1,7%) é inferior à média do País (2,1%), segundo dados do INE para o ano de 2009, e que os índices de inovação das empresas da Região também estejam abaixo do desejado. Por fim, verifica-se que a taxa de sobrevivência ao fim de 2 anos de existência, das novas empresas criadas, embora superior à média do País (53,98%), é extremamente baixa (57,16% no Médio Tejo e 56,75% na Lezíria do Tejo), o que urge alterar.
Desta forma, este projeto pretende contribuir para fomentar uma cultura de empreendedorismo nos mais jovens, para reforçar um índice de criação de empresas na Região superior à média do país, para o apoio e incentivo aos novos empreendedores, mas também para permitir uma forte cooperação entre empresários e empreendedores e entre empresas e entidades do sistema cientifico e tecnológico.
Este fomento do empreendedorismo, a cooperação entre empresas e entidades do SCT e o apoio à incubação/monitorização/mentoria de novas empresas poderá abranger um conjunto de variáveis características da envolvente e do foro individual, tendo como grande objetivo a melhoria qualitativa do ambiente empreendedor da região e a dinamização da propensão individual para o processo empreendedor.
Perante um cenário de uma conjuntura económica cada vez mais globalizada, que exige uma rápida reconversão da base que rege a competitividade, que deverá passar essencialmente pela I&D e Inovação e após todo o trabalho efetuado na conceção deste projeto, pode-se afirmar que quer a NERSANT, quer as diversas atividades delineadas no presente projeto terão um importante papel, no sentido de favorecer o desenvolvimento de um ecossistema empreendedor na região, levando à criação de novas e melhores empresas, contribuindo desta forma, para a dinamização do setor empresarial, bem como para a própria economia da Região.
Apoio do COMPETE
Submetido pela NERSANT – Associação Empresarial da Região de Santarém, o projeto contou com o apoio do COMPETE – Programa Operacional Factores de Competitividade, no âmbito do SIAC (Sistema de Apoio a Acções Colectivas) envolvendo um Investimento Elegível de cerca de 1.063 mil Euros correspondendo a um Incentivo de 835 mil Euros.
Objetivos
Este projeto desenvolve-se em torno de uma alargada área de intervenção: o fomento da inovação, do empreendedorismo e do espírito empresarial.
A estratégia de competitividade, empreendedorismo e inovação delineada no presente projeto, irá permitir a definição de um enquadramento adequado para iniciativas concretas para a Região e resulta da análise efetuada às suas realidades e do contexto nacional e internacional em matéria de cooperação empresarial, inovação, I&D e competitividade.
O objetivo geral deste projeto passa por tornar a Região mais inovadora e competitiva, quer a nível nacional quer a nível europeu, através da disseminação de uma cultura de inovação e de um forte espírito empresarial e da promoção das relações entre os centros de saber, de investigação e de desenvolvimento tecnológico e o meio empresarial da Região.
O projeto deverá ser classificado e entendido como uma importante ferramenta para dinamizar o setor empresarial da Região, uma vez que permitirá apoiar a NERSANT no cumprimento da Visão e da Missão que esta tem para a Região, uma vez que irá fomentar e criar um ambiente geral favorável à criação de novas empresas, à inovação e à competitividade, através da difusão de uma cultura de apoio ao empreendedorismo, à inovação e à cooperação, quer entre as empresas, quer entre as empresas e os novos empreendedores (através de um processo de tutoria e partilha de conhecimentos e experiências) quer entre estas e os centros de investigação/estabelecimentos de ensino.
Assim, podemos dividir os objetivos deste Projeto em Objetivos Estratégicos e Objetivos Operacionais:
Objetivos Estratégicos |
-> Definir o plano estratégico de inovação e competitividade para a Região e plano de ações a desenvolver pela Associação e pelas empresas no período 2014-2020;
-> Produzir e promover vários tipos de conteúdos regionais e de apoio à inovação organizacional;
-> Desenvolver uma metodologia para geração de ideias inovadoras nas PME da Região;
-> Promover um ecossistema empreendedor, apoiado na estruturação e coordenação de uma rede regional, que contribua para favorecer a criação de sinergias e de condições de eficácia e eficiência no domínio do apoio ao empreendedorismo de base local;
-> Fomentar o empreendedorismo e o espírito empresarial junto dos jovens;
-> Aumentar a criação de novas microempresas por jovens;
-> Aumentar a competitividade das PME da Região por via de uma maior utilização dos fatores dinâmicos de competitividade (o que se torna possível pela via da criação de novas empresas por parte de recursos humanos mais qualificados e com maior capacidade e apetência para a inovação);
-> Minimizar as dificuldades existentes nos processos de inovação e transferência de tecnologia entre empresas e Entidades do Sistema Científico e Tecnológico (ESCT) e promover relações proveitosas e estáveis entre estas entidades.
|
Estes objetivos estratégicos encontram-se corporizados nos seguintes Objetivos Operacionais |
-> Definir e promover uma estratégia concreta, em termos de inovação, junto das empresas da Região, com o intuito de promover os seus níveis de inovação e de competitividade;
-> Identificar requisitos tecnológicos das empresas e promover a capacidade de endogeneização do conhecimento e de incorporação de tecnologia pelas empresas através de processos de transferência de conhecimento e tecnologia (pretende-se de igual forma promover as patentes já existentes na Região que possam contribuir para o desenvolvimento de outras entidades);
-> Mobilizar as empresas e as ESCT para a execução colaborativa de atividades de inovação e I&DT, através da criação e da dinamização de ações específicas, potenciando a colaboração ampla;
-> Valorizar os resultados de I&DT e de desenvolvimento de novas tecnologias através do envolvimento das empresas nas atividades de desenvolvimento tecnológico e de demonstração desses resultados junto dos novos empreendedores (efeito motivador e de geração de ideias de negócio);
-> Estimular a inovação de base tecnológica, ao nível do desenvolvimento de novos produtos, processos ou serviços, que por sua vez venha a originar novas empresas de caráter inovador;
-> Promover e estreitar relações entre empresas nacionais e ESCT de âmbito internacional, nos sectores de atuação do projeto, reforçando assim a ligação do tecido empresarial a redes de inovação e I&D de excelência;
-> Incrementar os níveis de conhecimento junto dos agentes económicos através da realização de workshops e reuniões de trabalho sobre temas transversais e inovadores (promover e divulgar também as novas tendências internacionais de negócio);
-> Sensibilizar as empresas da Região para uma maior utilização de práticas inovadoras;
-> Sensibilizar as empresas da Região para apoiar/acompanhar os novos empreendedores;
-> Manter um índice de criação de empresas na Região superior ao da média do país;
-> Alterar o perfil do empreendedor-tipo (sobretudo torná-lo mais jovem, mais propenso ao processo empreendedor, e mais qualificado);
-> Sensibilizar as crianças e os jovens para o empreendedorismo e o espírito empresarial;
-> Reduzir a taxa de mortalidade das empresas no seu primeiro ano de vida;
-> Apoiar as empresas nascentes nos primeiros meses de atividade, de modo a reduzir a sua taxa de mortalidade (apoio diverso a nível logístico e formativo, mas também através da criação de uma bolsa de equipamentos partilháveis que permita às novas empresas ter acesso a equipamento essencial para a sua atividade a custos reduzidos);
-> Criar mecanismos em parceria com as ESCT que permitam estreitar as relações entre elas, as empresas e os novos empreendedores.
|
Atividades
Para atingir este alargado conjunto de objetivos o projeto InovRibatejo é composto por um conjunto de atividades que visam atuar nas várias áreas de intervenção do projeto:
Como se pode ver na figura o projeto divide-se em 3 grandes áreas de intervenção:
- O fomento do empreendedorismo nas Escolas,
- O Apoio à Criação de Empresas e
- A Promoção da Inovação.
Em cada uma destas áreas de intervenção foram definidas atividades cuja realização pretende contribuir para o alcance dos objetivos propostos.
Assim, para fomentar uma cultura mais empreendedora, foram delineadas 3 atividades junto dos vários ciclos escolares desde o 1º ciclo do ensino básico ao ensino secundário. Estas atividades são as seguintes:
- EMPCRIANÇA – Empreender no 1º Ciclo
- EMPJOVEM – Empreender nos 2º e 3º Ciclos
- EMPREESCOLA – Empreender no Ensino Secundário
Para desenvolvimento de um ecossistema empreendedor na região e apoio à Criação de Empresas foi delineada a atividade SITIO DO EMPREENDEDOR.
E para fomento e promoção da Inovação nas empresas da Região foi delineada a atividade NERSANTINOVA.
Ponto de Situação e Resultados Obtidos
O projeto iniciou a sua implementação em Setembro de 2013 encontrando-se neste momento em pleno desenvolvimento. Não obstante existe já um conjunto relevante de resultados atingidos.
Assim, as 3 atividades de Fomento do Empreendedorismo nas Escolas já se encontram executadas estando em fase de produção de suportes de divulgação de Resultados, dos quais destacamos a participação de mais de 1.400 alunos de 56 Escolas da Região o que superou largamente os objetivos iniciais propostos (336 alunos e 42 escolas). Importante foi também o número de ideias de negócio desenvolvidas, em especial no âmbito da atividade EmpreEscola – Empreender no Ensino Secundário, na qual muitas das 53 ideias apresentadas revelaram características inovadoras e potencial de implementação.
Relativamente à atividade SITIO DO EMPREENDEDOR que visa contribuir para o desenvolvimento de um ecossistema empreendedor na Região e o apoio à Criação de Empresas a mesma encontra-se em plena implementação. Neste momento está em desenvolvimento a Rede de Apoio ao Empreendedorismo do Sitio do Empreendedor da qual já fazem parte 17 Entidades que, com as suas valências e competências podem contribuir para a criação de um ecossistema empreendedor na Região.
Esta Rede tem contribuído para a divulgação da Atividade Sitio do Empreendedor o que resultou até ao momento, e desde Outubro de 2013, na inscrição de 396 Ideias de Negócio que têm vindo a ser apoiadas através do Mecanismo criado para este efeito com apoio no terreno a cada caso.
Para efeitos de sensibilização procedeu-se à criação de um Portal http://sitiodoempreendedor.nersant.pt/ (ainda com versão final por terminar) para a disponibilização de informação online aos potenciais empreendedores e realizaram-se até ao momento 9 Sessões de Divulgação do programa em vários pontos da Região.
Os empreendedores interessados têm vindo a ser apoiados no desenvolvimento das suas ideias de negócio, quer através de apoio técnico qualificado, quer através de Mentoria desenvolvida pelos elementos da Bolsa de Mentores entretanto constituída no âmbito deste Projeto.
Embora existam um conjunto de ações ainda por finalizar esta atividade já conta com um conjunto de indicadores de realização para apresentar, sobretudo o apoio à criação de 31 novas empresas, só no primeiro semestre do ano, empresas estas que criaram 46 postos de trabalho.
Dado o número de empreendedores em acompanhamento estimamos que até final do ano 2014 o número de empresas apoiadas na sua criação mais do que duplique em relação ao primeiro semestre.
No que diz respeito às várias ações enquadradas na atividade NERSANT INOVA, idealizadas no âmbito do fomento da Inovação, as mesmas encontram-se também em fase de desenvolvimento.
Destacam-se as ações desenvolvidas no sentido de proporcionar um relacionamento mais próximo e profícuo entre as empresas e as entidades do Sistema Cientifico e Tecnológico, nomeadamente os 2 Seminários realizados, o levantamento de competências e tecnologias existentes junto de várias entidades do SCT da Região e das regiões limítrofes e a identificação de necessidades, constrangimentos e desafios junto das empresas para cuja solução as entidades do SCT podem contribuir.
No sentido de divulgar o projeto, sensibilizar e trazer para o projeto as empresas e as entidades do SCT está a ser dinamizado um portal http://inovribatejo.nersant.pt/ que se encontra já online embora ainda em fase de desenvolvimento e atualização.
Não obstante esta ser uma atividade cujos resultados dependem em grande medida do envolvimento de entidades externas, cuja adesão, entusiasmo e ritmo de participação não consegue reger facilmente, existe uma grande expetativa com o desenvolvimento do projeto também nesta área de intervenção uma vez que já foi possível identificar junto das ESCT um conjunto de valências e tecnologias disponíveis para o mercado, que podem efetivamente contribuir para os processos de inovação das empresas da Região e, do lado das empresas, tem-se verificado e recebido uma boa adesão com o lançamento de muitos desafios que podem ser geradores de ideias disruptivas e inovadoras com potencial de contribuição para o incremento da competitividade.
Embora estejamos ainda longe do momento de fazer o Balanço do projeto INOVRIBATEJO, os indicadores que temos permitem-nos estar bastante entusiasmados e confiantes de que, não só alcançaremos as metas a que nos propusemos como as poderemos ultrapassar e que as ações definidas irão contribuir efetivamente para atingir os objetivos quer operacionais quer estratégicos que neste projeto se definiram com vista ao desenvolvimento e maior competitividade da Região do Ribatejo.
Testemunho do Promotor sobre a importância da participação do Compete neste projeto
Um projeto com esta amplitude e este grau de ambição ao nível dos resultados e dos impactos sobre o tecido empresarial da Região, só seria possível de implementar com o importante apoio do COMPETE – António Campos, Presidente da Comissão Executiva da NERSANT.