Síntese |
Neste momento, fazem parte de uma rede colaborativa para a internacionalização cerca de 300 empresas, a maioria das quais portuguesas. Entre outras facilidades, dispõem de um balcão virtual apto a facultar informação sobre as economias de Portugal, Brasil, Angola e Moçambique.
Esta é a faceta mais interessante do projeto i-PME, lançado pela AEP, há três anos, com o apoio do COMPETE e que hoje conta com o envolvimento de outras associações empresariais do mundo lusófono.
Incrementar as exportações portuguesas, potenciando o efeito económico bilateral, e melhorar a informação dos nossos decisores empresariais envolvidos em processos de internacionalização orientados para o Brasil, Angola ou Moçambique, para diminuir os fatores de risco, são os principais objetivos. Reciprocamente, as empresas a operar naqueles três países dispõem de informação de proximidade e são apoiadas no mercado português.
O projeto i-PME arrancou, com êxito, com Angola, em 2010, mas logo a AEP definiu como metas seguintes Moçambique e o Brasil.
Subjacente ao i-PME está o lema “Aqueles que se atrasam na compreensão atrasam-se no desempenho”. Por isso, a delegação associativa desloca-se às cidades e faz o levantamento prévio da situação, conhece o terreno e vai com o objetivo de “abrir portas” às PME portuguesas e em ficar a conhecer os projetos de empresas angolana, moçambicanas ou brasileiras interessadas em Portugal.
A juntar à informação e à deteção de oportunidades de negócio entre agentes económicos do espaço lusófono, a AEP definiu um terceiro pilar fundamental do projeto, que potencia o interesse do i-PME para as empresas.
Trata-se da plataforma empresarial colaborativa, disponível na internet em http://i-PME.aeportugal.pt, que tem já cerca de 300 empresas inscritas. Inclui o balcão I-PME, virtual, através do qual as empresas acedem a informação de negócios e a ferramentas digitais de apoio à gestão.
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i-PME
1. Enquadramento no COMPETE
Promovido pela Associação Empresarial de Portugal (AEP), e apoiado pelo COMPETE (Programa Operacional Fatores de Competitividade) no âmbito do Sistema de Apoio a Ações Coletivas (SIAC), o projeto i-PME envolve um investimento elegível de cerca de 353 mil euros, correspondendo a um incentivo FEDER de 247 mil euros.
Encontrando na internacionalização um verdadeiro desígnio nacional, do qual nenhuma empresa pode ficar alhada, percebe-se que as empresas portuguesas, sobretudo as de menor dimensão, devem melhorar substancialmente a sua abordagem aos mercados externos. Aposta-se numa abordagem estratégica coletiva. Ou seja, internacionalizar apoiado em redes cooperativas. Através das redes é possível reduzir custos e dividir riscos, qualificar a oferta e valorizar os produtos, ganhar escala para abordar distintos clientes e conquistar novos mercados e, sobretudo, ter acesso a informação de proximidade que, de outro modo, seria muito custosa de ser obtida.
É neste domínio que o Projeto i-PME incide, dando o enfoque na necessidade das empresas portuguesas, angolanas, brasileiras e moçambicanas apostarem, de forma progressiva, numa rede colaborativa que garanta o acesso a informação de proximidade – atual, estruturada e relevante – capaz de facilitar a transformação de oportunidades de mercado em negócios.
2. O projeto
- Âmbito
Visando a construção e teste de uma abordagem integrada, a iniciativa i-PME teve, na sua primeira fase, o mercado angolano como mercado piloto, estendendo agora a sua atuação aos mercados brasileiro e moçambicano.
O seu propósito é desenvolver uma estratégia coletiva vocacionada para fornecer informação de proximidade (empresarial, contextual, regional e local), estruturada, customizada e com valor acrescentado, para ser de fácil acesso e interpretação. Esta informação será proveniente, sobretudo, da interação de fontes obtidas junto de associações empresariais de Portugal – lideradas pela AEP – e dos mercados alvo externos.
Pretende-se formar uma plataforma informativa complementar à informação institucional, com a qual se procura apoiar a internacionalização do tecido empresarial dos países envolvidos, reduzindo os custos de contexto, o risco e o consumo de tempo associados ao desenvolvimento do processo de internacionalização.
Como enfoques adicionais, o projeto procura apoiar a formação de polos de cooperação entre empresas e organizações destes países visando uma presença conjunta noutros mercados e a cooperação do movimento associativo entre mercados, cobrindo o espaço lusófono com peso substantivo no domínio económico.
- Objetivos
- Conceber um modelo de informação de proximidade estruturado para suportar informação indispensável aos processos de internacionalização das empresas dos países alvo (de âmbito empresarial, contextual, regional e local), com uma customização sectorial, com valor acrescentado e de fácil acesso e interpretação.
- Disponibilizar uma ferramenta de “business intelligence”:
a. Para permitir o registo da informação a recolher junto de fontes de informação, públicas e privadas, de empresas e, sobretudo, associações nacionais, moçambicanas e brasileiras aderentes, adaptada às necessidades das PME;
b. Para apoiar a sua transformação em informação útil para o conhecimento empresarial, extrair e integrar dados provenientes das múltiplas fontes, com vista ao apoio ao conhecimento da envolvente política, económica, jurídica/ legal, tecnológica, financeira, social e comercial dos mercados;
c. Para facilitar a pesquisa de parceiros e locais para implantação e outras informações de utilidade, para facilitar o processo de internacionalização das empresas dos três países.
- Criar uma rede colaborativa constituída por empresas e associações portuguesas, brasileiras e moçambicanas, utilizando como facilitadores o estado português, o estado brasileiro e o estado moçambicano, que se constituirá:
a. Como uma plataforma de aproximação das empresas dos três países, complementar às estruturas institucionais para apoio, suporte e lobby, nos processos de informação, aproximação e intermediação com as organizações nacionais;
b. Para mediar intenções de colaboração, parceria, penetração e desenvolvimento numa aproximação point to point das organizações dos três países, com alargamento ao mercado global numa segunda fase.
- Apoiar o incremento da competitividade das PME nacionais através do fornecimento da informação atempada e necessária para a definição de estratégias de abordagem aos mercados brasileiro e moçambicano, numa primeira fase, e global numa segunda etapa.
- Contribuir para o esforço de internacionalização das PME portuguesas, brasileiras e moçambicanas, para o aumento conjunto das exportações nos mercados emergentes dos PALOP, Ásia, América Latina e Europa de Leste.
- Atividades
- Seminário de Apresentação do Projeto
Sessão de sensibilização e mobilização da comunidade empresarial das regiões destinatárias para a necessidade de melhorar a informação de apoio à gestão e a vigilância económica, para melhorar o modelo colaborativo entre empresas e o movimento associativo e para aprofundar a representação das empresas portuguesas em associações e outros organismos internacionais.
- Estudo e análise do mercado brasileiro e moçambicano.
Estudos focalizadas nas regiões e nos sectores de maior desenvolvimento potencial nos dois mercados piloto. Esta ação envolve:
• A avaliação do potencial e das oportunidades de negócio e dos sectores críticos para o desenvolvimento dos mercados piloto;
• A divulgação e teste do modelo colaborativo a implementar e do potencial de adesão das empresas e associações locais à iniciativa;
• A identificação de fontes de informação e processos de recolha e seleção;
• A procura de parceiros interessados em processos de colaboração e parceria para o desenvolvimento dos processos de internacionalização suscetíveis de virem a aderir ao projeto.
- Montagem e animação de uma rede colaborativa
Esta rede integra a AEP, as associações empresariais identificadas como parcerias no mercado piloto e as empresas selecionadas por essas associações ou que se manifestaram interessadas na atividade da rede.
Esta rede está dotada de uma estrutura vocacionada para a realização dos processos de divulgação dos seus objetivos, identificação e validação das fontes de informação pertinente, recolha, seleção, estruturação e difusão da informação tratada, junto das empresas aderentes e das associações empresariais e sectoriais com vista à melhoria da competitividade, apoio na definição de estratégias de internacionalização, fomento e lobby na sua representação em organismos e associações internacionais, necessários aos processo de instalação, penetração, aproximação, cooperação e interação entre empresas e estas e organizações internacionais.
- Diagnóstico Empresarial Flash
Identificação de um painel piloto de 100 entidades que inclui empresas dos 10 sectores mais representativos ao nível de exportações e os 19 polos e clusters aprovados, para complementar o diagnóstico de necessidades de informação e de extensão de modelos a adotar para o tratamento e extração da informação relacionada com os dois mercados alvo.
O diagnóstico flash permitirá, através de uma aproximação “bottom up”, identificar o tipo de informação crítica e a melhor forma de a apresentar para apoio à gestão, desenvolvimento do processo competitivo, abordagem sustentada a novos mercados internacionais e observação e vigilância exigida para detetar oportunidades e prever ameaças. Deverá ainda permitir apurar as formas de participação aconselháveis para as empresas poderem participar nas organizações do mercado piloto e noutras organizações europeias e internacionais e as estratégias genéricas aconselhadas para abordagem ao mercado piloto.
- Desenvolvimento complementar da plataforma desenvolvida para o mercado angolano por forma a acolher novas funcionalidades relacionadas com o business intelligence.
Esta ferramenta está destinada a estruturar a informação recolhida e tratada, a facilitar a sua extração e modificação, a apoiar o processo de tomada de decisão, a ajudar a compreender os fatores críticos de sucesso dos sectores e a permitir alguma visão prospetiva para uma condução esclarecida das relações entre empresas.
- Desenvolvimento e implementação de um portal i-PME Brasil/ Moçambique
Este portal deverá permitir, para além de fornecer informação útil aos empresários, interligar os parceiros da rede colaborativa, as fontes de informação e disponibilizar o acesso às bases de dados editadas.
- Criação do balcão virtual i-PME Brasil/ Moçambique
Este balcão será destinado ao atendimento personalizado de todas as empresas que pretendam informações sobre apoio à gestão de vigilância ou suporte para aproximação e representação em instituições e organizações internacionais.
- Definição da Estratégia Coletiva e de um Guia de Boas Práticas i-PME Brasil/ Moçambique
Com base na informação recolhida do estudo e análise do mercado piloto, do diagnóstico flash sobre o painel de entidades piloto, da montagem da rede colaborativa e da implementação da ferramenta de business intelligence, será definida uma estratégia coletiva de I-PME e redigido um Manual de Boas Práticas, para disseminação posterior dessa estratégia ao tecido económico das regiões de convergência e nos mercados piloto.
- Workshops de Divulgação
Realização de cinco workshops de divulgação da estratégia e das suas componentes junto do tecido empresarial das regiões de convergência para promover a integração na rede de mais empresas, organismos e associações.
A realização destes workshops visa a divulgação da rede, da estratégia dos parceiros aderentes, da base de dados e da informação relevante disponibilizada para que os atores locais com potencial competitivo possam vir a aderir e a utilizar essas estruturas, promovendo a sua aproximação e o aproveitamento das oportunidades identificadas nos sectores críticos para o desenvolvimento do mercado alvo.
- Workshops de Divulgação nos Mercados Piloto
Realização de cinco workshops em cada um dos mercados piloto, nomeadamente no Brasil e em Moçambique, para divulgação da iniciativa e implantação da rede de parceiros, que deverá envolver o movimento associativo local e algumas empresas portuguesas, brasileiras e moçambicanas, visando a recolha de dados e a dinamização do potencial cooperativo, para promover a sua aproximação, desenvolver acordos de parceria e angariar mais empresas e associações locais com potencial competitivo, para aderirem à iniciativa.
- Apresentação de resultados e encerramento do projeto.
Será organizada uma sessão pública de encerramento do projeto com âmbito nacional, onde se procederá ao balanço global do projeto, à divulgação das conclusões transcritas no Guia de Boas Práticas produzido e ao debate sobre os tópicos mais relevantes levantados pelas diversas atividades e iniciativas realizadas ao longo de todo o projeto. Aproveitar-se-á a ocasião para, também, refletir e sobre as propostas de estratégias coletivas e práticas recomendadas para a melhoria da informação de apoio à gestão das PME, de vigilância e de aproximação a organismos e instituições internacionais.
3. Resultados e Impacto
1- Permitir o acesso direto e indireto, a informação estruturada e focalizada, a um público estimado em cerca de 500 mil quadros e empresários portugueses, brasileiros e moçambicanos, representando cerca de 100 mil empresas de micro, pequena e média dimensão, através da ferramenta de BI, do Portal, do Balcão Virtual e da divulgação da estratégia coletiva e do Guia de Boas Práticas, permitindo uma capacidade de decisão mais sustentada, pela melhoria do conhecimento sobre a envolvente, o conhecimento de ferramentas de melhoria da competitividade, do mercado e da concorrência para potenciar o seu sucesso nos seus esforços de internacionalização.
2- Envolver nos mecanismos colaborativos a desenvolver através da rede, do portal e do Balcão Virtual, cerca de 5 mil empresas de micro, pequena e média dimensão, portuguesas, brasileiras e moçambicanas, fomentando o intercâmbio, a colaboração e a formação de parcerias e joint ventures para o aumentar a presença de empresas portuguesas nos dois mercados, para incremento das exportações, do investimento e da conjugação de interesses no ataque a mercados terceiros.
3- Envolver cerca de 50 empresas nacionais, brasileiras e moçambicanas em processos de internacionalização.
4- Envolver 10 associações portuguesas, brasileiras e moçambicanas, lideradas pela AEP, na rede colaborativa procurando aproximar o movimento associativo empresarial português, brasileiro e moçambicano. Esta aproximação permitirá aprofundar os laços colaborativos entre os estados, através de organizações mais próximas do terreno, em perfeita colaboração e sintonia com outros os organismos nacionais instalados no mercado.
5- Contribuir para o aumento das exportações para os mercados brasileiro e moçambicano, ajudando a reduzir a excessiva dependência do mercado europeu e a reduzir o risco associado ao processo de internacionalização.
6- Contribuir para a melhoria da competitividade das micro, pequenas e médias empresas portuguesas, pelo acesso a informação de valor acrescentado e pelo fomento de processos colaborativos com empresas e organizações nacionais e internacionais.
7- Contribuir para uma presença mais efetiva de empresa portuguesas nas organizações intencionais possibilitando intensificar a sua capacidade de participação e de influência no mercado global.