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Keitwoops: um caso de sucesso no setor têxtil e vestuário

18.02.2014
  • Business Angels , Compete , Financiamento e Partilha de Risco

O conhecimento profundo do mercado e das necessidades dos clientes permitiu às sócias, Susana Nogueira e Sílvia Nogueira, detetar oportunidades de negócio.

Keitwoops
Keitwoops

1. Síntese

A Keitwoops é uma pequena empresa comercial, com unidade de produção em consolidação, que promove a venda de artigos infantis de vestuário interior em malha, com destaque para a gama de meias, collants e peúgas.

Situa-se numa gama alta de negócios, em vertentes diversas como o design, a diferenciação/inovação, a qualidade dos materiais e do artigo final, concedendo ao cliente uma forte componente de serviço.

A exportação é o enfoque principal, sendo os principais mercados a Eurozone e a Dinamarca.
O volume de negócios em 2013 foi próximo dos 450.000 Euros.

2. Enquadramento no COMPETE

A empresa keitwoops ampliou o capital próprio por via de Fundos de Capital de Risco em conjugação com a Linha de Financiamento Business Angels - por intermédio do parceiro Fourwingsfund - instrumentos financiados por fundos comunitários através do COMPETE – Programa Operacional Factores de Competitividade.

O montante de investimento da sociedade Fourwingsfund, S.A. neste projeto é de 60 mil euros.

2.1 Tipologia de Investimento
Aumento de capital social e prestações suplementares de capital da Keitwoops, Lda., reforçando os seus capitais próprios e adotando assim os recursos financeiros necessários para alavancar a expansão da sua atividade.

2.2 Testemunhos

• Do responsável da empresa sobre a colaboração com o Business Angel (BA) e a opinião em relação à metodologia de financiamento

Segundo Susana Nogueira, sócia gerente da Keitwoops, “a envolvência e a negociação com BA resultou de uma aposta nossa de procura de um parceiro que pudesse trazer “apports” financeiro e de experiência, mas que simultaneamente partilhasse connosco um pouco do risco das etapas de desenvolvimento/investimento que temos pela frente a curto e médio prazo, situação que até ao momento merece a nossa inteira satisfação pela aposta feita.

As evoluções de negociação e acesso ao financiamento tiveram alguma complexidade e morosidade, embora tenhamos que reconhecer que é natural que neste tipo de situações se registe alguma prudência e algum tempo a mais do que são as expectativas dos detentores do projeto. O modelo de financiamento obtido mereceu e continua a merecer o nosso entusiasmo.”

• Da entidade veículo em relação ao modelo de financiamento através dos BA, sublinhando o que motiva um investidor privado a participar

Na opinião de Gonçalo Carrington, “a Fourwings Fund e os seus sócios BA desde a sua criação têm como objetivo, não só maximizar o investimento feito nas empresas que selecionam, assim como ajudar na gestão, sempre que considerem pertinente.(smart money).
A experiência acumulada da parte dos sócios da Fourwings ao longo dos anos, no mundo dos negócios e no associativismo empresarial leva a que desde o momento em que analisamos o plano de negócios, passando pelo investimento na sociedade destinatária e no subsequente desenvolvimento do negócio haja uma interação com os promotores/sócios de forma a que se crie uma complementaridade de conhecimentos técnicos, de gestão e de contactos, fazendo com que o crescimento seja sustentado e mais rápido.
Os empreendedores portugueses são hoje pessoas com ideias fantásticas e com boas bases, faltando-lhes no entanto experiência de vida, que pode facilmente ser colmatada pelos Business Angels e suas Sociedades de Investimento
”.


3. Historial da Empresa

A KEITWOOPS, Lda. comercializa artigos de vestuário interior e outros artigos têxteis (CAE 46421 e 46410) e presta serviços de design (CAE 82990).

3.1 Visão
Podemos usar uma vida de experiências sem fazer algo importante pelo mundo, mas também podemos usar a nossa experiência de vida para que o mundo faça algo importante por nós.

3.2 Missão
Valorizar a estética e a funcionalidade do vestuário interior infantil, através do estabelecimento de uma relação muito próxima com o shopping act do consumidor, de uma comunicação intensa para com o circuito de distribuição e do controlo conceptual, técnico e tecnológico, orientado para a diferenciação e a inovação dos produtos e a diversificação de mercados.

3. 3 Áreas de Investimento

  • Reforço da estrutura de recursos humanos altamente qualificados (áreas técnica e C&D)
  • I&D (Investigação e Desenvolvimento) versus C&DP (Conceção e Desenvolvimento de Produto), elaboração de coleções por tipologia de mercado, registo de patentes e de marca comercial
  • Fortalecimento dos meios materiais e especialização de áreas operacionais (adequação das valências físicas e das condições de laboração da empresa)
  • Estudos de mercado focalizados e planos de marketing (seleção de países europeus)
  • Adequação das condições financeiras ao incremento do ciclo produtivo interno

4. Como tudo começou…

4.1 O conceito
O projeto inicial passava pela contratação do fabrico de peças de vestuário, designadamente na área dos interiores e dentro da gama infantil - áreas onde Susana Nogueira, a principal promotora e responsável da empresa, detém maior solidez de conhecimentos e experiência - comercializando posteriormente, de forma direta, aos seus clientes (europeus e nacionais).
A base do negócio baseava-se, por um lado, na proximidade e nas excelentes relações comerciais angariadas e, por outro lado, num amplo conhecimento de fabricantes nacionais da gama de artigos de vestuário de malha interior, fornecedores de matérias primas, confecionadores complementares, entre outros.

4.2 A equipa
A equipa fundadora da KEITWOOPS é constituída pela sócia gerente Susana Nogueira, principal promotora do projeto, licenciada em engenharia têxtil e com experiência do ponto vista técnico e comercial. Embora sempre lidando com os subsetores das malhas e do vestuário interior, detém experiência e diversos conhecimentos empresariais nos domínios dos fios, dos tingimentos/acabamentos têxteis e da confeção, tendo desenvolvido atividades diversificadas na gestão de equipas de trabalho e no relacionamento com fornecedores e clientes, nacionais e estrangeiros.

Desde sempre com a colaboração próxima da sócia Sílvia Andreia da Silva Nogueira, igualmente licenciada em engenharia, com mestrado em Gestão de Projetos, as necessidades de trabalho ao nível da logística, da informática e da gestão documental, do planeamento e do controlo da qualidade e de vertentes administrativas a vários níveis foram sempre adequadamente satisfeitas.
A equipa esteve confinada às duas sócias, Susana Nogueira e Sílvia Nogueira, que trabalhavam sem remuneração a partir de instalações provisórias, suficientes para a operacionalidade administrativa e de serviços (faturação, cobranças, compras, controlo de qualidade, serviço pós venda) mas manifestamente escassa para as necessidades logísticas (receção de mercadoria, preparação e expedição de encomendas).

A empresa conta, agora, com a colaboração permanente, enquanto consultora para as áreas de gestão administrativa e financeira, de Maria da Glória Pereira de Sá, experiente profissional licenciada em economia, revisor oficial de contas e gestora de diversos projetos empresariais de sucesso.

No entanto, dada a falta de pessoal próprio, a KEITWOOPS teve de recorrer à contratação de serviços diversos para apoio a tarefas operacionais.

4.3 Lacuna no mercado

A Keitwoops verificou uma enorme carência no que respeita à aquisição de collants de malha, segmentos infantil e juvenil, porquanto uma grande parte de clientes reclama a ausência de fabricantes europeus, de gama média-alta e alta, de qualidade, chegando a relatar experiências negativas com fabricantes não europeus.

O descontentamento prende-se com fatores como:

  • A não conformidade dos parâmetros de fabrico com os cadernos de encargos;
  • O desequilíbrio do “lead time” versus flexibilidade de tratamento quantitativo das encomendas;
  • Os artigos com valorização diferenciada (desde matérias primas mais distintas até a artigos com mais valias funcionais),
  • A dificuldade em lidar com a componente “moda”, entre outros.

Na Europa extinguiram-se quase todas as unidades de médio porte do segmento produtivo meias e as que permanecem vão competindo pelos mesmos parâmetros dos restantes fabricantes mundiais, seja pelo preço obtido em economias de escala, encomendas de séries de dimensão elevada e “standardização” das matérias, das características físicas do artigo, dos procedimentos comerciais e da própria logística associada aos processos das encomendas.


4.4 O passo seguinte

Detetada tal lacuna, avaliaram-se as circunstâncias macroeconómicas e verificou-se que, em Portugal existe uma vasta disponibilidade de profissionais com excelente “savoir faire” e meios físicos a custos acessíveis (designadamente, equipamentos e potenciais locais adequados para o desenvolvimento de uma atividade parcialmente industrial).

Reiterado o compromisso, junto de um conjunto significativo de clientes, de se vincularem à aquisição regular de artigos, desde que respeitados determinados parâmetros qualitativos dos produtos e características dos processos associados aos seus fornecimentos, a Keitwoops efetuou, durante o 4.º trimestre de 2012, contactos com profissionais e com fornecedores e parceiros.
Este processo culminou com a mudança de instalações, no início de 2013, e com a contratação de pessoal qualificado, essencialmente diretamente produtivo, no sentido de fabricar alguns dos artigos que comercializa, designadamente na componente meias, sobretudo especializada no campo do collant júnior, meia-calça de malha segmento infantil.


4.5 Conclusão
Embora de trabalho exigente e lidando com escassez de meios, pessoas e materiais, uma gestão cuidada aliada a uma relação sólida com a maioria dos clientes, permitiu alimentar perspetivas de negócios de maior volume com cada um deles.

Identificados os clientes/mercados e as suas necessidades, com base na proximidade dos contactos e experiências passadas, foi com assertividade e êxito que a empresa disponibilizou, em tempo útil, exatamente aquilo que os clientes pretendiam, a preços iguais ou muito próximos e com serviço adequado às suas exigências.

Já se iniciou o caminho da componente “semi-industrial”, no entanto, deve ser acompanhado de um intenso esforço de posicionamento mais próximo do cliente/consumidor.
Deste modo, o projeto pretende não apenas permitir a finalização do reajustamento da atividade operacional interna, mas mais ainda dotar a empresa de instrumentos exteriores fortes que lhe possibilitem estar presente no mercado com maior solidez e potencial de expansão comercial, designadamente através do sucesso de marca própria, canais de distribuição mais confortáveis e assimilação das margens de negócio a jusante da cadeia de valor.

Por: Cátia Silva Pinto | Núcleo de Imagem e Comunicação do COMPETE

Este artigo foi escrito ao abrigo do novo acordo ortográfico.