Liderar com responsabilidade: projeto promove competitividade e sustentabilidade das empresas

1. Síntese

A ACEGE (Associação Cristã de Empresários e Gestores) implementou projeto que visou potenciar a ação dos líderes empresariais no sentido de alterar padrões de comportamento que põem em causa a competitividade da economia portuguesa e a sustentabilidade das empresas. Um programa que se impõe na atual situação socioeconómica uma vez que as empresas se movem em novos paradigmas de mercado, com um enorme grau de imprevisibilidade.

O projeto AconteSer foi lançado em novembro de 2011 com o objetivo de ajudar a combater a falta de competitividade das PME portuguesas através da partilha de boas práticas que possam promover lideranças socialmente responsáveis em três áreas de atividade:

1.    Pagamento pontual a fornecedores.
2.    Conciliação Família e Trabalho.
3.    Desenvolvimento de colaboradores.

Na sequência da adesão registada no seu primeiro ano de atividade, cerca de 1.000 líderes, a ACEGE entendeu que devia dar continuidade ao projeto e à dinamização de uma rede de PME capaz de promover boas-práticas e uma gestão responsável.

Na verdade, o ambiente de crise e de austeridade do país, tornava ainda mais imperioso este apelo à responsabilidade individual daqueles que lideram as empresas, porque é a partir da sua ação que as empresas se transformam e podem assumir o seu papel no crescimento da economia e na renovação da realidade nacional.

Uma tarefa difícil, na medida em que implicava conseguir a adesão pessoal de líderes empresariais totalmente absorvidos com a “luta pela sobrevivência da empresa” e que, perante o afundar progressivo da realidade económica nacional, se viram obrigados a procurar mercados externos e a assumir enormes riscos.
No entanto o projeto registou excelentes resultados nas suas três grandes áreas de intervenção: compromisso pagamento pontual, desenvolvimento de colaboradores e conciliação família e trabalho, tendo alcançado a maior parte dos seus objetivos.

Graças ao sucesso dos resultados alcançados foi possível garantir a continuidade do programa até junho de 2015.

> Compromisso pagamento pontual a fornecedores

Manteve-se o compromisso público de pagamentos pontuais para as empresas, embora devido à degradação do ambiente económico e às sérias dificuldades das empresas houvesse necessidade de descobrir novas formas de aliviar a tesouraria das PME para garantir o cumprimento das suas obrigações perante fornecedores. Conclui-se, também, que não se devia apelar apenas ao “voluntarismo”, forçando demasiado a proposta feita aos líderes empresariais, mas procurar mecanismos que dessem força de atuação, que alavancassem os esforços feitos e o programa em execução.

Nesse sentido no âmbito da elaboração do novo estudo do Augusto Mateus & Associados procurou-se identificar mecanismos que permitissem reduzir a pressão sobre a tesouraria, criando melhores condições para o cumprimento dos prazos de pagamentos e para honrar os compromissos assumidos.

Uma análise de que resultaram as seguintes conclusões:

o  Reconfirmou-se a importância de aproveitar o momento e a força da directiva comunitária sobre pagamentos a fornecedores que estava em processo de transposição para o direito português e que foi transporta em Julho de 2013. 

o Constatou-se que o pagamento do IVA com recibo era uma questão importante, tal como a questão dos créditos fiscais ou o reembolso do IVA às empresas exportadoras, para possibilitar às empresas um alívio de tesouraria.

o Reforçaram-se os contactos com o IAPMEI para a introdução de um critério sob pagamentos pontuais obrigatório para as PME Líder e Excelência, garantindo assim a adesão de um conjunto amplo de empresas (uma das metas deste programa).

Decidiu-se potenciar o apoio/pressão a essas medidas e preparar o momento da sua concretização para então regressar à dinâmica em torno dos pagamentos pontuais. Foi desenvolvida uma estratégia junto do governo com diversas reuniões com os gabinetes e secretário de estado dos assuntos fiscais, secretária de estado do tesouro e ministério da economia, IAPMEI, CIP e associações empresariais.

Com a aprovação, em Maio de 2013, do regime do IVA com recibo (para empresas com faturação até 500.000€) e com a transposição da diretiva comunitária sobre pagamentos pontuais - que define o pagamento até 60 dias para os fornecedores de empresas privadas, e entre 30 e 60 dias aos fornecedores do estado e empresas públicas – desenvolve-se uma campanha sobre pagamentos pontuais que envolveu:

a. Apresentação pública do Estudo realizado com o Prof. Augusto Mateus sobre o tema dos pagamentos e financiamentos de PME;

b. Tomada de posição sobre pagamentos pontuais a 30 de Outubro envolvendo as principais associações empresariais, ordens profissionais e mais de 100 empresas subscritoras;

c. Participação em programas de rádio (fórum tsf e entrevista RR), televisão e imprensa escrita.

d. Campanha no facebook (https://www.facebook.com/Liderarcomresponsabilidade) com uma adesão de 11.200 pessoas.

A campanha culminou com o anúncio pelo IAPMEI, dia 6 de Fevereiro de 2014, da entrada do critério de pagamentos pontuais na atribuição das PME excelência, conseguindo assim que o pagamento pontual passe a não ser apenas uma obrigação legal, mas um factor de reconhecimento para os apoios do estado e para melhores condições de financiamento bancário.

Paralelamente foram realizadas mais de 20 sessões de divulgação e apresentação do compromisso de pagamentos pontuais, onde se procurou:

e.  Abordar a questão do financiamento de PME.

f. Alertar para a gravidade do atraso dos pagamentos.

f. Operacionalizar procedimentos concretos para diminuir os prazos de recebimento e minorar o risco de não recebimento.

h. Implementar boas-práticas de gestão da tesouraria e propostas para situações de rutura de tesouraria.

i. Potenciar a atuação de cada empresário enquanto cliente dos seus fornecedores.

> Compromisso família e trabalho

No âmbito do eixo conciliação de vida profissional e pessoal procurámos sensibilizar e demonstrar aos líderes das PME as vantagens da conciliação, a tomada de consciência do muito que já realizam e do que podem fazer neste âmbito. Procurou-se, igualmente, ganhar maior argumentação sobre o impacto da não conciliação para o desenvolvimento da empresa.

Neste eixo as metas definidas foram cumpridas, nomeadamente:

1. Realização do estudo “Compromisso profissional e Conciliação em Portugal”, analisando o grau de compromisso dos colaboradores perante medidas de conciliação. Um estudo qualitativo e quantitativo que fundamenta a implementação na empresa de boas-práticas nesta área, com impacto para os colaboradores e para o desenvolvimento da empresa.
O estudo mostra que 46% dos empregados portugueses encontram-se em níveis neutros, baixos e muito baixos de compromisso com a sua entidade. E onde 87% dos empresários e/ou gestores afirmam que existe uma relação direta entre a conciliação e um maior compromisso.

2. Realização de 11 workshops de sensibilização para o tema, com a apresentação de boas-práticas e processos para as PME melhorarem, ou tomarem consciência, da necessidade da conciliação família e trabalho para o sucesso da empresa e o desenvolvimento dos seus colaboradores.
Ao longo dos workshops procurou-se sensibilizar para esta questão, com números concretos, valorizando tudo aquilo que as PME já realizam no apoio às famílias, muitas vezes sem se aperceberem, e propondo medidas para a empresa sistematizar o que já faz e procurar novas soluções para as situações de conflito família-empresa.

> O amor como critério de gestão - António Pinto Leite

> Liderança (feedback, motivação e delegação) - João Pargana

> Reposicionamento estratégico - João Pedro Tavares

> Gestão de projetos - Peter Baliko

> Gestão de RH num tempo de incerteza - Maria Manuel Seabra da Costa

> Os clientes lembram-se de si - Ana Penim