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Myrtillus | Mirtilo com Inovação - Desenvolvimento de novos produtos funcionais a partir do mirtilo e seus subprodutos

15.04.2014
  • I&DT

Após três anos de execução, o projeto Myrtillus apresentou as conclusões finais de onde se destaca a criação de uma nova linha de produtos funcionais de mirtilo.

Enquadramento

O Projeto Myrtillus tinha como objetivo a valorização do fruto e de resíduos, numa perspetiva de criação de oportunidades e valorização da fruta fresca e processada com base na sua caracterização biológica e a conversão de resíduos em produtos de elevado valor acrescentado.

Tratando o Mirtilo de um fruto com propriedades antioxidantes e nutricionais benéficas para a saúde seria importante aproveitar e explorar as potencialidades do fruto na sua plenitude.



Apoio

O projeto contou com o apoio do COMPETE, no âmbito do Sistema de Incentivos de I&DT na vertente de co-promoção, envolvendo um investimento elegível de 571 mil euros, correspondendo a um incentivo FEDER de 420 mil euros.

 


Entidades envolvidas

Sendo liderado pela Mirtilusa o projeto contou com uma equipa multidisciplinar de co-promotores:


• Escola Superior de Biotecnologia da Universidade Católica Portuguesa;
• Centro de Farmacologia e Biopatologia Química da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto;
• UTAD - Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro;
• Frulact,

E de parceiros:

• Agim
• Ervital
• Embrapa (Brasil)


Esta equipa assegurou a concretização das diferentes tarefas, dando apoio científico necessário à Mirtilusa até à implementação e integração dos produtos finais no mercado.

 

Myrtillus

O projeto Myrtillus consiste no desenvolvimento de novos produtos funcionais a partir do mirtilo e seus subprodutos. Visa a valorização do fruto e de resíduos, numa perspetiva de criação de oportunidades de rentabilização da empresa, e abrange a valorização da fruta fresca e processada com base na sua caracterização biológica e a conversão de resíduos em produtos de elevado valor acrescentado.

 

Resultados

Escola Superior de Biotecnologia da Universidade Católica Portuguesa

O papel do CBQF/Escola Superior de Biotecnologia da Universidade Católica Portuguesa no projecto QREN-ADI 13736 Myrtillus – Mirtilo com inovação contribuiu para a demonstração dos benefícios do mirtilo produzido nesta região e sua variabilidade ao longo do amadurecimento, e em diferentes colheitas, bem como conhecer o impacto de diferentes metodologias de preservação e manutenção dos frutos frescos na qualidade e benefícios destes, e demonstração do valor dos subprodutos de mirtilo e sua aplicação no desenvolvimento de novas formulações com um elevado teor em compostos com potencial para a saúde.


    Resultados ao nível do cultivo
Desde os anos 90 a produção de mirtilos tem vindo a aumentar em Portugal. O mirtilo (Vaccinium corymbosum) é um fruto caracterizado por uma elevada actividade antioxidante. Esta actividade é devida à presença de vários compostos presentes neste fruto, como por exemplo antocianinas derivadas de malvidina, delfinidina, cianidina, petunidina e a peonidina, em flavonóides (catequina, epicatequina, mircetina, quercetina e kempferol), ácidos fenólicos (ácido clorogénico e ácido ascórbico) e ácido hidroxicinâmico.


O teor destes compostos fenólicos antioxidantes e antocianinas, varia de cultivar para cultivar e entre as quarto testadas (Duke, Goldtraube, Ozarkblue e a Bluecrop) a cultivar Goldtraube mostrou ser mais rica em compostos, seguida pela Duke, e com valores semelhantes posicionam-se finalmente a Ozarkblue e a Bluecrop. O efeito da localização (cota) da planta afecta a composição em fenólicos totais e antocianinas, mas foi o ano de colheita que apresentou o maior efeito, mostrando o ano de 2011 um valor superior entre 30 a 50% de compostos funcionais do que 2012 para as mesmas cultivares e produtores.


Para além do efeito das condições de cultivo e cultivar, avaliou-se a variação dos diferentes compostos bioactivos de acordo com a fase de maturação e a cultivar tendo-se registado algumas tendências. A evolução da composição ao longo da maturação varia de acordo com a cultivar de mirtilo, mas em todos eles as antocianinas apenas são representativas em frutos maduros. Para a maioria das cultivares testadas, os mirtilos que são colhidos em fases mais avançadas de maturação exibem um perfil fenólico e antioxidante mais rico pelo que, a escolha do momento de colheita seleccionado pela qualidade sensorial do fruto, pode agora ser corroborado também com o momento que conjuga mais benefícios para a saúde.


    Resultados ao nível do armazenamento
A manutenção dos frutos frescos depois da colheita é difícil e implica armazenamento por pequenos períodos, pelo que a utilização e estratégias de embalagem de fruto fresco poderá permitir uma extensão no período de comercialização pós-colheita. Nesse sentido, foram realizados estudos de 3 cultivares (Goldtraube, Ozarkblue e a Bluecrop) quanto à perda de qualidade ao longo do armazenamento, identificando os pontos críticos de depreciação. A perda de água é ponto mais crítico da depreciação ao longo do armazenamento de 50 dias, apresentando taxas de perda de água superiores no caso da Goldtraube e a Bluecrop, comparada com a Ozarkblue. No caso dos compostos benéficos antioxidantes fenólicos e antocianinas eles diminuem significativamente até aos 10-15 dias, após o qual ou estabilizam ou reduzem suavemente até ao armazenamento limite. No entanto, as perdas são superiores na Goldtraube (c. 60%) comparada com a Ozarkblue e a Bluecrop (c. 40%).


Por forma a preservar a qualidade sensorial e funcional do Mirtilo, foram realizados estudos de armazenamento em atmosfera modificada, que permitiu assegurar o armazenamento do fruto com maior firmeza (parâmetro que mais condiciona o armazenamento) até ao limite dos 50 dias sem alterações relevantes da composição fitoquímica e sabor.


Além disso, o armazenamento em etileno foi igualmente testado, demonstrando-se que o efeito do etileno é muito dependente das cultivares, e mostrou não afetar a cultivar Ozarkblue. Nas cultivares restantes, revela uma capacidade de reduzir a perda de água, sem afetar a qualidade sensorial do produto em relação ao controlo sem etileno.


FRULACT e ESB-UCP


A utilização da congelação como forma de conservação do fruto e o seu impacto nas propriedades nutricionais e sensoriais foi assegurada entre a ESB-UCP e a empresa FRULACT. Considerando a conservação do fruto foi possível verificar que o congelamento possibilita aumentar o tempo de armazenamento do fruto, mantendo as suas propriedades bioactivas por um periodo mais alargado, quando comparado ao fruto fresco, tendo-se também observado que o modo como se efectua o congelamento também poderá impactar sobre a qualidade funcional dos frutos. O congelamento em Leito Fluidizado mostrou-se mais eficaz (excepto para Goldtraube) na preservação das propriedades benéficas, e o prolongamento do tempo de espera refrigerado de pré-congelamento parece aumentar a capacidade antioxidante. No entanto, é importante denotar que, embora o congelamento do fruto facilite o seu armazenamento e, em alguns casos, provocando mesmo um aumento dos compostos bioactivos presentes no fruto, este processo afecta a textura do fruto mas mantém o sabor, e por isso as aplicações devem ser adaptadas, mas permitirão sempre uma grande diversidade de pratos gastronómicos ao longo de todo o ano.


    Resultados ao nível do aproveitamento do mirtilo
Têm vindo a ser desenvolvidas formulações à base de folhas e mirtilos de menor valor comercial, como uma estratégia alternativa para aproveitar alguns produtos que, normalmente não seriam rentáveis. As formulações de infusões desenvolvidas no projeto demonstraram uma boa aceitação por paineis de análise sensorial, bem como niveis significantes de compostos com potencial biológico (nomeadamente antioxidantes), pelo que se posicionam como sendo um produto interessante para a comercialização das folhas. Adicionalmente, foi avaliado o potencial antimicrobiano de algumas infusões de mirtilo, tendo-se verificado que estes extractos possuem actividade sobre diversos microrganismos potencialmente patogénicos e contaminantes alimentares (ex. Pseudomonas aeruginosa, Salmonella enteritidis, e Staphylococcus aureus).


Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro

Do trabalho realizado na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, algumas conclusões relevantes foram retiradas do trabalho realizado, nomeadamente:


• O ano de colheita, ao contrário da latitude do local de produção, teve uma influência marcada a nível da concentração de açúcares e de ácidos orgânicos.
• O açúcar predominante é a frutose e o ácido orgânico presente em maior concentração é o ácido cítrico.
• Não há diferenças entre as cultivares relativamente aos valores de vitamina C. Estes teores estão correlacionados positivamente com os teores de açúcar.
• Os frutos da cultivar Ozarkblue são os maiores, os mais pesados e os mais doces, enquanto que os da cultivar Bluecrop apresentam os valores mais elevados de proteína bruta e de gordura.
• Com os marcadores moleculares RAPDs, ISSRs e SSRs foi possível diferenciar as cultivares de mirtilos em estudo.
• DNA de frutos e de folhas pode ser utilizado com os marcadores moleculares RAPDs e ISSRs para a caraterização e identificação de cultivares de mirtilos.
• De entre as cultivares Bluecrop, Duke, Ozarkblue e Goldtraube a cultivar de origem europeia Goldtraube é a que mais se diferencia das outras três, todas de origem americana.
• Estudos de expressão génica feitos em três estados de maturação dos frutos (verde, verde rosa e maduro), com 5 genes relacionados com a biossíntese de antocianinas, permitiram detetar diferenças de expressão entre estas fases de maturação dos frutos e entre cultivares.


Mirtilusa

Do trabalho realizado pela Mirtilusa, algumas conclusões relevantes foram retiradas do trabalho realizado, nomeadamente:

 

  • As plantas produzidas na Região de Sever do Vouga, pelos produtores da Mirtilusa são variedades do Norte “Northern Highbush” onde se inserem as variedades em estudo (Duke; Bluecrop; Goldtraube; Ozarkblue).

 

  • Produzem em ramos do ano, em agrupamentos de frutos que amadurecem de forma irregular no ramo, por isso existe a necessidade de algumas colheitas selectivas.


As cultivares de mirtilo possuem diferentes características tais como:
• Época de floração, maturação;
• Tamanho do fruto, sabor, cor, resistência
• Tamanho da planta, produtividade, etc.

Estas são as características, que têm principal relevância, quando o comércio do fruto se direcciona para o mercado em fresco, e se pretende alcançar os mercados mais competitivos, sem perdas significativas.


    Resultados relativamente à produção de mirtilo

O estudo realizado pela Mirtilusa incidiu na caracterização da produção de mirtilo em 4 cultivares estudadas numa amostra de 38 dos seus produtores.


Área de produção: 7.7 hectares (38 Produtores), com uma densidade de plantação de cerca de 2 757 plantas por hectare.


Foi feito um estudo referente ao início da floração e maturação das diferentes variedades em vários locais de produção, em 41 produtores. O estudo incidiu em quatro das principais cultivares (Duke; Bluecrop; Goldtraube e Ozarkblue), com os seguintes objectivos:


Obter informações que poderão servir para a identificação das cultivares, mais adaptadas as condições ecológicas locais;


Possibilitar a escolha de cultivares visando um escalonamento da produção, e um aumento do período de oferta de frutos ao mercado.


Avaliar a influência da localização das explorações, no início de floração e maturação do fruto, para melhor organização da comercialização.


Como resultados do estudo pode-se concluir:

Nas explorações com cota mais alta (Arões), para a mesma cultivar Duke, o início da floração ocorre um mês após o início da floração na cota mais baixa (Pessegueiro do Vouga).


Para a cultivar Bluecrop, a diferença do início da floração entre a cota mais baixa e a cota mais alta foi de 3 semanas. Na cultivar Goldtraube e Ozarkblue, o início da floração ocorreu entre a 2ª semana de Março na cota mais baixa e a 4ª semana de Março na mais alta.


Em suma a localização das explorações têm influencia início da floração das variedades.
A cultivar Duke e Bluecrop foram as que apresentaram um período de floração mais longo. Estas cultivares iniciaram a sua floração em épocas em que as temperaturas são mais baixas, o que contribui para o aumento do tempo de floração.


A maturação completa dos frutos acontece, normalmente, cerca de 2 a 3 meses após a floração, esse período vai depender da cultivar, da temperatura e do vigor da planta.


Para a mesma cultivar Duke, o início da colheita ocorreu entre a 3ª semana de Maio e a 3ª semana de Junho. As plantas localizadas a 172 m, cota mais baixa em Pessegueiro do Vouga, foram as primeiras a atingirem o estado óptimo para serem colhidas, e as localizadas na cota mais elevada 636 – Arões foram as ultimas a atingirem o estado óptimo de colheita.


Nas explorações com cota baixa, o início da colheita ocorre um mês mais cedo do que nas explorações localizadas a uma cota mais alta.


Na cultivar Bluecrop, o início da colheita ocorreu no mês de Junho, entre a 1ª semana na cota mais baixa e a 3ª semana para a cota mais alta. A diferença do início da colheita para esta cultivar (Bluecrop) entre a cota mais baixa e a cota mais alta foi de 3 semanas.


Para a cultivar Goldtraube, o estudo incidiu em 3 locais (Pessegueiro do Vouga, Silva Escura e Dornelas. O início colheita ocorreu entre a 2ª semana de Junho e a 1ª semana de Julho. A diferença do início da colheita para esta cultivar, entre a cota mais baixa e a cota mais alta foi de 2 semanas.
Para a cultivar Ozarkblue, o estudo incidiu em 5 locais. O início da colheita ocorreu entre a 3ª semana de Junho e a 3ª semana de Julho.


Em suma, todas as variedades localizadas na cota mais baixa, iniciaram o seu estado de maturação óptimo mais cedo, em relação às plantas localizadas na cota mais elevada.


Em média, todas as variedades demoram aproximadamente 3 meses desde o início da floração até ao início da colheita.

Mapas do início de floração das 4 cultivares na região de Sever do Vouga em 41 Produtores da Mirtilusa.


Centro de Farmacologia e Biopatologia Química da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto
O trabalho da faculdade de medicina da universidade do porto, tem-se focalizado em estudos animais e humanos. Dos estudos humanos recentes onde se pretendeu estudar a resposta glicémica de indivíduos, após ingestão de diferentes formulações que contêm mirtilos da espécie Goldtraube. Cada formulação foi ingerida em dias diferentes, com cerca de 2 semanas de intervalo entre cada uma das diferentes formulações, num grupo de 12 indivíduos. As formulações disponibilizadas foram: (i) sumo de mirtilos frescos, (ii) sumo de mirtilos congelados, (iii) controlo dos sumos (23,5 g de glicose em 250 ml de água), (iv) iogurte de mirtilos frescos, (v) iogurte de mirtilos congelados e, (vi) mirtilos desidratados.


Para a análise dos resultados do impacto na glicemia da ingestão do iogurte ou dos frutos desidratados são necessários mais ensaios, que ainda vão ser realizados.


Para o sumo de mirtilos frescos e sumo de mirtilos congelados, os resultados foram muito Interessantes, pois em ambas as formulações testadas (sumo de mirtilos frescos e sumo de mirtilos congelados) os picos de glicose sanguínea aos 30 e 60 minutos foram significativamente menores que os picos de glicose sanguínea em resposta ao controlo. Quando determinadas as respostas glicémicas após a ingestão de sumo de mirtilos frescos e sumo de mirtilos congelados, verificou-se uma diminuição significativa das glicemias após ingestão de ambos os sumos em comparação com o respetivo controlo.


Em modo conclusivo, a resposta glicémica após ingestão dos sumos de mirtilos frescos e congelados melhora em relação ao controlo. Mais, não foi encontrada diferença nos resultados obtidos aquando da ingestão de frutos congelados versus frescos, pelo que, neste parâmetro a utilização de fruta congelada não traz inconvenientes nutricionais.