A participação portuguesa na maior feira de calçado do mundo, em Milão, Itália, vai bater novo recorde na próxima edição, com um total de 86 empresas, responsáveis por mais de 100 marcas, a marcar presença na MICAM.
Segundo dados da Associação Portuguesa dos Industriais de Calçado, Componentes, Artigos de Pele e Seus Sucedâneos (APICCAPS), trata-se da "maior comitiva portuguesa de sempre" na feira italiana, que decorre de domingo a quarta-feira e contará, logo no primeiro dia, com a visita do ministro dos Negócios Estrangeiros, Rui Machete, à delegação nacional.
No total, as empresas portuguesas presentes na MICAM são responsáveis por mais de 7.000 postos de trabalho e cerca de 500 milhões de euros de exportação.
A presença nacional em Milão insere-se na aposta na promoção comercial externa definida pela APICCAPS, com o aopio do COMPETE, com o objetivo de "consolidar a posição relativa do calçado português nos mercados externos, diversificar o destino das exportações, abordar novos mercados e possibilitar que novas empresas iniciem o processo de internacionalização".
Neste âmbito, mais de 150 empresas da fileira do calçado estão a participar, desde o início do ano, no que é descrito como um "megaprograma" de promoção à escala internacional, que inclui a presença em cerca de 60 dos "mais prestigiados fóruns internacionais" da especialidade.
Na sequência desta aposta, que desde 1994 se traduziu num total de 661 acções promocionais no exterior, o calçado português tem vindo a somar recordes e, no primeiro semestre deste ano, obteve o melhor resultado de sempre nas vendas para o exterior: de Janeiro a Junho, as exportações cresceram mais de 12% e ultrapassaram os 42 milhões de pares, no valor de 885 milhões de euros.
No acumulado dos últimos quatro anos, o sector português do calçado cresceu mais de 40% no exterior, registando subidas em "praticamente em todos os mercados internacionais".
Na União Europeia, a indústria portuguesa voltou a reforçar a sua posição este ano, com um crescimento na ordem dos 11%, mas é, sobretudo, fora da Europa que mais se tem notabilizado, com um crescimento de 23%.
Ainda assim, o objectivo do sector passa por "aprofundar a presença de calçado nacional em novos mercados, de modo a que as vendas extracomunitárias representem 20% do total até 2020".
Até Junho, a APICCAPS reporta taxas de crescimento a dois dígitos em vários mercados, como a Rússia (mais 12% para 19 milhões de euros), os Estados Unidos da América (mais 92% para 21 milhões), o Canadá (mais 30% para nove milhões) e a China (101% para três milhões) ou os Emirados Árabes Unidos (19% para três milhões).
Actualmente, a indústria portuguesa de calçado coloca no exterior mais de 95% da sua produção, o equivalente a 1.700 milhões de euros anuais, tendo desde o início do ano em curso acções comerciais em 16 mercados distintos e uma campanha de imagem sob o 'slogan' 'The Sexiest Industry In Europe', que pretende reposicionar a oferta portuguesa a nível mundial.
Segundo dados da APICCAPS, no final de 2013, o sector português de calçado empregava 35.044 colaboradores, mais 420 do que no ano anterior (34.624), sendo que mais de 600 novos postos de trabalho foram criados já este ano.
É o resultado de investimentos como o da multinacional Ecco, que está a transformar a sua unidade de Santa Maria da Feira na "mais moderna do grupo a nível mundial" e, nos últimos meses, criou 600 novos empregos, a que se seguirão mais 300 até final do ano.
Já a Ara criou 50 postos de trabalho em Seia e "várias outras empresas portuguesas, confrontadas com a escassez de mão-de-obra nas zonas de forte concentração da indústria de calçado estão a investir no interior do país".
"Depois de Castelo de Paiva, Cabeceiras de Basto, Celorico de Basto e Paredes de Coura, o sector investe agora em Cinfães", destaca a APICCAPS, apontando a nova unidade produtiva para ali anunciada para o início de 2015 pelo grupo Carité, cujos primeiros 20 colaboradores começam a ser formados já em Setembro.
De acordo com a associação, "em traços genéricos a estratégia do sector passa por melhorar a capacidade de reposta face ao aumento das vendas" e a deslocalização para o exterior "não é uma opção estratégica natural, já que as empresas privilegiam um contacto directo com o retalho e a capacidade de resposta rápida é, deste ponto de vista, essencial".
Fonte: Lusa/SOL