Síntese
Sabia que da planta do tremoço consegue extrair-se uma proteína com propriedades fungicidas extraordinárias? A proteína chama-se Blad e foi descoberta há 22 anos.
Após um longo trabalho de investigação, comprovaram-se as propriedades de ataque a fungos, seguindo-se a fase de estudo genético que permitiu concluir que o tremoço contém a solução perfeita para a saúde da agricultura biológica, dos campos de golfe ou das culturas de estufa, sem causar qualquer dano ao ambiente.
Problad é a solução apresentada.
Um novo fungicida extraído de uma planta comestível, que apresenta vantagens únicas quando comparado com os fungicidas químicos disponíveis no mercado. Nomeadamente, não é tóxico para o homem nem para o ambiente, permite eliminar diversos tipos de fungos simultaneamente, não desenvolve resistência por parte dos fungos e não obriga a intervalos de segurança entre colheitas.
Os principais mercados identificados para este novo fungicida são a agricultura biológica, as estufas e a agricultura convencional.
A criação deste fungicida deve-se ao trabalho de investigação desenvolvido ao longo de mais de duas décadas, sendo que num futuro próximo o único fungicida patenteado à base do ingrediente ativo “Blad” será comercializado nos EUA e Canadá sob a designação de Problad Plus.
PROBLAD é um novo fungicida natural, tão eficaz como os fungicidas químicos. |
- Vantagens
O novo e inovador biofungicida, classificado pela Environment Protection Agency (EPA) como um biopesticida bioquímico, reúne os aspetos positivos de um biofungicida tais como:
• não ser tóxico para o homem nem para a fauna e flora adjacente às culturas, sendo como tal considerado amigo do ambiente;
• não exige intervalos de tempo mínimo de segurança entre aplicação e colheita;
• atua por contacto com a parede celular dos fungos o que dificulta o desenvolvimento de resistências por parte destes organismos;
• possui um largo espectro de ação, já comprovado em vários fungos que atacam culturas economicamente importantes, nomeadamente, vinha, morangos, tomate, alface e amêndoa
• é mais resistente à temperatura e à exposição solar do que os fungicidas convencionais.
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Enquadramento no COMPETE e no Cluster Agroindustrial do Centro
O projeto contou com o apoio do COMPETE no âmbito do Sistema de Incentivos à Inovação | Inovação Produtiva.
É até hoje o maior investimento de sempre num projeto de biotecnologia realizado em Portugal, tendo a Converde investido um total de 30 milhões de euros, correspondendo a um investimento elegível na ordem dos 19, 1 milhões de euros e a um incentivo FEDER de 12,4 milhões de euros.
Contas feitas, 22 anos após a descoberta da proteína “BLAD”, a Converde deu início à fase de produção industrial do fungicida, na sua nova unidade industrial localizada no Parque Industrial de Cantanhede, com uma capacidade de produção anual de 2.000 toneladas do fungicida.
Neste sentido, o projeto Bioblad também está alinhado com os objetivos do Cluster Agroindustrial do Centro que definiu como área de intervenção prioritária a produção de produtos com características distintivas e inovadoras na fileira dos cereais e hortofrutícolas.
Os grandes objetivos do Cluster são:
- analisar e acompanhar o estado-de-arte do sector;
- promover a formação e a transferência de conhecimento entre o SCT (Sistema Cientifico e Tecnológico) e o mundo empresarial;
- contribuir para criação de condições para o desenvolvimento, atracão e fixação de recursos humanos altamente qualificados;
Dados do projeto | Bioblad
Investigadores: |
Ricardo Manuel Boavida Ferreira, Virgílio Borges loureiro e Sara Alexandra da Silva Monteiro |
Instituição: |
Departamento de Botânica e Engenharia Biológica do Instituto Superior de Agronomia (ISA) e do Instituto de Tecnologia Química e Biológica (ITQB); Universidade Técnica de Lisboa |
Empresa: |
Converde |
Processo de investigação | Como tudo começou, há 22 anos atrás
Na origem deste produto, esteve a descoberta em 1991 de uma proteína existente nas sementes do tremoço, denominada “BLAD”, com suspeitas de atividade antifúngica, num trabalho de colaboração de estudantes de doutoramento do grupo de investigação liderado pelo Professor Ricardo Boavida Ferreira do Instituto Superior de Agronomia (ISA) da Universidade Técnica de Lisboa e do ITQB em Oeiras.
Seguiram-se 10 anos de intensa investigação, em que participaram diversos bolseiros de investigação em projetos apoiados pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT), entre 1991 e 2002, e da Agência de Inovação S.A. (AdI), entre 2002 e 2005.
Com a entrada para a equipa de investigação da Dr.ª Sara Monteiro (ISA e ITQB), em 2002, foram realizados os estudos que permitiram elucidar detalhadamente a estrutura molecular da proteína e confirmadas as suspeitas de atividade fungicida da proteína, culminando com a submissão de duas patentes de invenção nacional e uma patente internacional.
O ano de 2005 marcou o início da componente de “empreendedorismo” do projeto, tendo sido desenvolvido o plano de negócios e o processo de seleção dos investidores, com o apoio da COTEC Portugal, o que resultou na criação da startup CEV – Biotecnologia das Plantas, S.A., a primeira de treze empresas criadas na sequência desta iniciativa.
Foi no âmbito da iniciativa Act (Acelerador de Comercialização de Tecnologias) que foi estudada a viabilidade comercial do projeto, culminando em 2007 com o desenvolvimento de um plano de negócios e seleção de um grupo de quatro investidores portugueses - Promotor SGPS; F. Ramada Investimentos; Change Partners SCR (Fundos) e Espírito Santo Ventures - garantindo o financiamento necessário para levar o projeto desde a fase de desenvolvimento do produto e sua produção à escala piloto, até à fase de produção industrial e comercialização.
Em Junho de 2008, e de acordo com o previsto na estrutura e desenvolvimento dos projetos nascidos no âmbito do programa COHiTEC, o quadro de investidores passou a integrar o Fundo de Capital de Risco F- HITEC, entidade com origem em associados da COTEC.
Os ensaios de laboratório e testes de eficácia em campo realizados no biofungicida permitiram confirmar, inequivocamente, a sua excelente atividade antifúngica em relação a vários fungos patogénicos e em diferentes culturas, pelo que o novo produto apresentou, desde logo, fortes possibilidades de vingar no mercado dos fungicidas. Acrescem ainda, os excelentes resultados obtidos nos testes de campo realizados nos EUA, que demonstraram a total ausência de toxicidade para os animais, plantas, organismos aquáticos e insetos, nomeadamente nas abelhas (organismo considerado fundamental para a avaliação do ecossistema), ao contrário de outros fungicidas biológicos que continuam a ser nocivos para este organismo.
A constatação deste potencial técnico e económico, aliado aos excelentes resultados obtidos durante 3 anos de trabalho da CEV, justificaram e aconselharam a constituição de uma empresa vocacionada para a produção e comercialização do novo biofungicida.
Assim, em 2011 é criada a Converde - Unipessoal, Lda., empresa promotora da candidatura ao COMPETE com o projeto “Bioblad”.
Em 2012, a Converde viu reforçado o seu capital social, altera a sua forma jurídica, passando de sociedade por quotas para sociedade anónima e toma a designação de CONVERDE, S.A., definindo como missão produzir e comercializar princípios ativos e produtos formulados de origem natural para doenças e fragilidades de plantas, nomeadamente fornecer aos agricultores fungicidas biológicos inovadores e serviços complementares que permitam aumentar a sua rentabilidade, preservando o meio ambiente com a sua utilização e boas práticas nos processos industriais e comerciais.
Por Cátia Silva Pinto | Núcleo de imagem e Comunicação