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Protech Dry - Moda e Saúde

28.05.2013
  • I&DT

Depois da roupa íntima a Impetus decidiu alargar a visão comercial e ter produtos com maior valor acrescentado que contribuem para o bem-estar de muitas pessoas.

Foram os números que chamaram a atenção da Impetus, empresa têxtil de Barcelos, especializada no fabrico de roupa interior. Em Portugal, 600 mil pessoas têm problemas de incontinência, mais de metade dos residentes em lares de terceira idade são incontinentes e 28,7% dos atletas entre os 14 e os 40 anos sofrem de perdas de urina devido ao esforço físico. Em França, há quatro milhões de pessoas com este problema; nos Estados Unidos, são 30 milhões.

Em parceria com o Grupo de Investigação em Materiais Fibrosos da Universidade do Minho resultou a criação de um tecido inovador capaz de conter perdas moderadas de urina. O resultado é um produto que engloba moda e saúde e que foi apoiado pelo COMPETE, no âmbito do Sistema de Incentivos ao I&DT, envolvendo um investimento elegível de 505 mil euros, correspondendo a um incentivo FEDER de 237 mil euros.

Depois da roupa íntima, mais focada na moda masculina, a Impetus decidiu alargar a visão comercial e ter produtos com maior valor acrescentado, novos mercados e, ao mesmo tempo, contribuir para o bem-estar de muitas pessoas.

A empresa têxtil que representa em Portugal as marcas Eden Park e Coup de Coeur, lançou o desafio ao Grupo de Investigação em Materiais Fibrosos (FMRG - Fibrous Materials Research Group) da Escola de Engenharia da Universidade do Minho para delinear um projeto de inovação. Raul Fangueiro, coordenador do FMRG, explica que a intenção é desenvolver vestuário interior multifuncional para áreas técnicas avançadas, como a saúde e a proteção pessoal, recorrendo a fibras e estruturas fibrosas avançadas de última geração.

O primeiro resultado visível desta parceria já está à venda nas farmácias e parafarmácias, e através da Internet. Trata-se do Protech Dry, roupa interior para homem e mulher que pode ser usada em situações de perda de urina ligeira e moderada. Foi identificada uma lacuna no que diz respeito a vestuário interior reutilizável para homens com incontinência ligeira. Com o decorrer do projeto, verificou-se que os produtos existentes no mercado para este fim se constituíam de pensos descartáveis ou de vestuário interior com zonas absorventes bastante volumosas e desconfortáveis, e com problemas de vazamento de urina para o exterior, recorda Raul Fangeiro, professor e investigador.

Criou-se um grupo de trabalho que, durante dois anos, se dedicou a criar uma estrutura fibrosa multifuncional inovadora, confortável, capaz de neutralizar o odor e com boa capacidade de absorção. A estrutura com três camadas está a ser alvo de um processo de registo de patente e faz parte de uma peça de vestuário interior comum, não deixando transparecer a sua utilização.
O produto foi testado não só em laboratório, mas também por 30 doentes do Instituto Português de Oncologia que sofriam de pequenas perdas de urina e eram utilizadores regulares de pensos. Cada um recebeu dois exemplares do Protech Dry e os resultados foram animadores. Revelaram uma satisfação de 100% no conforto, absorção e desempenho, mesmo após repetidas lavagens. O contacto com pacientes sofrendo desta patologia deixou transparecer o forte carácter emocional ligado a este problema, com impacto significativo na sua auto-estima. Depois de testado e aprovado, o produto foi certificado pelo Infarmed como dispositivo médico (classe I).

Além da roupa interior (slip e boxer para homem e cueca slip e alta para senhora), Alberto Figueiredo revela que foi desenvolvida uma proteção para os homens usarem nos calções de banho. A Impetus quer lançar ainda produtos com maior capacidade de absorção e já está a preparar uma linha para as mães usarem depois do parto.

Depois de uma primeira fase de comercialização apenas em Portugal, o Protech Dry vai ser posto à venda em Espanha e França, seguindo-se países como os Estados Unidos, Brasil e alguns países árabes.

Com uma produção anual de 15 milhões de peças, a empresa têxtil exporta 97% do que faz e no mercado europeu tem filiais próprias em Espanha, França e Reino Unido. Rússia, México e China também recebem a roupa interior da marca portuguesa.

Fonte:Universidade do Minho