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Recorde de bolsas milionárias para cientistas portugueses

14.09.2012
  • Ciência e Conhecimento

Conselho Europeu de Investigação acaba de atribuir bolsas a 11 investigadores portugueses. Seis trabalham em Portugal e receberão 8 ME.

Cientista
Cientista

Em ano de maré baixa no financiamento nacional, a ciência portuguesa prepara-se para bater todos os recordes na captação de grandes bolsas estrangeiras. O CEI anunciou esta semana os resultados da ronda de candidaturas às bolsas de 2012 para investigadores jovens. Há onze portugueses entre os 536 cientistas europeus seleccionados, um número recorde. Destes, seis trabalham em Portugal e vão trazer para o país um total de 8 milhões de euros. Depois de cinco cientistas terem recebido em Janeiro 2,5 milhões de euros do instituto norte-americano Howard Hughes e de duas bolsas avançadas do Conselho Europeu de Investigação (CEI), no valor de 4 milhões de euros, há uma nova onda de reconhecimento dos projectos de origem portuguesa.
 
Dos 11 investigadores portugueses seleccionados, e que vão receber bolsas entre 1 e 1,7 milhões de euros para os próximos cinco anos de trabalho, cinco fizeram as candidaturas ao CEI a partir de Portugal e um regressou ao país no início do ano. O CEI determina que estas bolsas são “portáteis” por isso Rodrigo Miragaia Rodrigues, que se candidatou a financiamento europeu no Instituto Max-Planck, na Alemanha, vai poder beneficiar do mesmo na Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Nova de Lisboa, onde é professor associado.
 
Como ainda nem todos os contratos estão assinados, fonte oficial do CEI estimou ao i que, no total, os cientistas sediados em Portugal vão receber bolsas no valor de 8 milhões de euros. Não é possível saber por agora quanto recebem no total. Estes 8 milhões são uma gota no total de 800 milhões distribuídos pelos 536 investigadores seleccionados nesta ronda, mas pensando no orçamento da Fundação para a Ciência e Tecnologia – a dividir por muitos mais cientistas – o impacto é considerável. Este ano a FCT tem um orçamento de 394,56 milhões de euros, o mais pequeno dos últimos seis anos.
 
A maioria dos projectos financiados em Portugal são da área das ciências da vida e engenharia, em linha com a tendência europeia. Mas há um campo onde Portugal foge à regra: entre os 536 investigadores seleccionados a nível europeu, apenas 24% são mulheres. Entre os portugueses a distribuição é mais igualitária, com cinco mulheres entre os seleccionados, três delas a trabalhar em Portugal. Outro sucesso por se tratar de uma selecção num campo menos vezes reconhecido cabe a dois portugueses radicados no estrangeiro. Eugénia Conceição-Heldt, na Alemanha desde 1992, e Paulo de Assis, investigador do Instituto Orpheus, na Bélgica, foram seleccionados para financiamento na área das ciências sociais e humanidades, destino de apenas duas em cada dez bolsas atribuídas nesta ronda. Em 2010 o sociólogo Boaventura de Sousa Santos, director do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, recebeu uma das maiores bolsas avançadas nesta área de estudos, no valor de 2,42 milhões de euros.
 
Entre 2007 e 2011, 28 investigadores portugueses receberam bolsas do CEI. Deste total, 16 estavam na altura da candidatura vinculados a instituições portuguesas e receberam financiamentos de 26 milhões de euros.

Fonte: i-13/09/2012