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Start Up Lisboa | Negócios de sucesso em tempo de crise

15.05.2012

Crise significa oportunidade em chinês, e a verdade é que ainda há quem arrisque. As empresas Zaask e a Annecto, idealizadas por dois antigos estudantes do Lisbon MBA, são apenas dois exemplos que mostram que ainda vale a pena abrir um negócio.

Dois jovens empreendedores
Dois jovens empreendedores

Luís Martins sempre teve vontade de trabalhar por conta própria. “Desde os meus tempos de faculdade que tinha o bichinho”, conta ao i. No entanto, só depois da licenciatura em Economia, do Lisbon MBA e de 12 anos no mundo do trabalho é que a inspiração lhe chegou através de um livro. “Nunca me vou esquecer, chama-se ‘Lean Solutions’ e é de James Womack e Daniel Jones”, afirma. A obra sugere que aqueles que conseguem eliminar as tarefas que não acrescentam valor à vida das pessoas conseguem obter uma boa oportunidade de investimento. “Nessa altura fiquei logo com um modelo de negócio na cabeça mas não passou daí”, diz. Em dois anos viajou, criou contactos e conseguiu “assimilar e pôr em prática a ideia” que lhe ficou na cabeça depois de ler o livro. “Usar as novas tecnologias para realizar uma fórmula que ajuda as pessoas e as empresas a eliminar de forma eficiente as tarefas que não acrescentam valor no seu dia-a-dia”, explica. E assim nasceu a plataforma online Zaask.
 
A ideia é muito simples: de forma gratuita, poderá solicitar propostas que pretende ver realizadas a pessoas ou empresas inscritas na comunidade. Isto é, o site é uma plataforma feita sem intermediários, onde os Askers (aqueles que pedem a informação) poderão sempre encontrar Taskers (os que realizam as actividades) para o que for necessário. “Imagine que eu preciso de um canalizador, ou de alguém me traduza um texto, ou até de alguém que me vá às compras. Então escrevo na plataforma a informação sobre a tarefa, quanto estou disposto a pagar e em poucos minutos obtenho uma resposta”, explica Luís Martins.
 
Depois basta escolher a proposta que mais lhe agradar e fazer o pagamento online. “Esse valor fica bloqueado assim que a tarefa é adjudicada e o valor é desbloqueado para o tasker quando é executada”, afirma o criador da plataforma.
 
Segundo Luís Martins, já existem 5 mil pessoas inscritas, sendo 70% desempregados ou freelancers. “Muito do nosso trabalho é promover as pessoas, porque as pessoas têm imenso talento e às vezes esse talento não está a ser aproveitado”, explica. No entanto, “para promover as pessoas é preciso dizer quem são e o que já fizeram”, frisa.
 
Como tal, qualquer pessoa pode inscrever-se na plataforma, mas existe um processo de selecção. “Olhamos para o currículo das pessoas e fazemos entrevistas presenciais. Temos de perceber se aquilo que dizem é verdade ou não e muitas vezes até vemos o seu Facebook”, realça. O objectivo é que as pessoas sintam que existe segurança dentro da comunidade. Para isso, diz que também vai existir um “esquema de classificações”. “Quem fizer um melhor serviço vai ser compensado, pois terá uma classificação boa e consequentemente mais possibilidade de trabalho no futuro”, realça o empreendedor.
 
Neste momento a Zaask já está activa mas apenas para membros da comunidade. No entanto, o objectivo é torná-la pública em breve.
 
Nitin Puri é outro caso de sucesso que também tem a sua empresa no Start Up Lisboa. Este indiano de 28 anos veio para Portugal para frequentar o Lisbon MBA e ficou. “O MBA tem uma óptima fama na Índia e eu queria um bom futuro para mim e pensei que era uma excelente oportunidade. No entanto, antes de me decidir, vim a Portugal com a minha família para conhecer o ambiente e saber se gostava de estar cá”, afirma. E a verdade é que gostou tanto que há três anos que vive em Lisboa.
 
Tal como Luís Martins, cedo Puri sonhou criar uma empresa. Depois de acabar o Lisbon MBA ainda andou um ano a trabalhar no Banco Espírito Santo (BES), mas à primeira oportunidade juntou-se a um colega e fundaram a Annecto.
 
“É uma empresa de tecnologia focada nos media sociais. Fazemos aplicações para telemóveis, iPhones, andróides e Facebook”, explica Nitin Puri.
 
A sorte sorriu à Annecto logo no primeiro trabalho. “Em Janeiro de 2011, tivemos a honra de ser escolhidos para fazer aplicações para telemóveis na campanha eleitoral do Presidente da República”, conta o criador da empresa. “Lembro-me que na altura o Cavaco Silva queria chegar aos jovens portugueses. Nós tínhamos algumas ideias interessantes baseadas nas campanhas eleitorais do Obama e de outros presidentes”, acrescenta Puri.
 
No final da campanha, a Annecto ficou com uma visibilidade tão grande a nível nacional e internacional que marcas como a Bacardi, a TMN e a Optimus se tornaram clientes da empresa.
 
Após seis meses de existência, a Annecto continuava em maré de sorte e atraiu o investidor Rajan Sahay, que fundou em Portugal a Câmara de Comércio Luso-Indiana. A Annecto fez uma parceria com Sahay com o objectivo de ajudar as empresas europeias a desenvolver os seus negócios na Índia. “Apoiamos o comércio entre as antigas colónias portuguesas e a Índia”, afirma Puri.
 
Neste momento a empresa continua a crescer e, para além dos escritórios em Lisboa, Óbidos e Bombaim, estão neste momento a abrir uma representação no Dubai.
 
Dicas Para Luís Martins existem três premissas importantíssimas para quem pensa investir numa empresa por conta própria: falar sobre o seu negócio, saber que problema é que ele vai resolver e olhar para a crise como uma oportunidade.
 
“Penso que temos de desmistificar a ideia de que não devemos falar sobre o nosso negócio. Eu acho que devemos falar. É que às vezes as pessoas têm ideias mas guardam-nas tanto para si que nunca saem da gaveta. Depois, quando temos um projecto, devemos perguntar-nos sempre qual é o problema que estamos a resolver. Só quando estamos a resolver um problema a alguém, nem que seja para um conjunto pequeno de pessoas, é que se percebe se o negócio tem ou não valor”, realça Luís Martins.
 
Já para Puri o fundamental é tomar “decisões informadas”. “Devemos seguir sempre os nossos sonhos, mas, antes de nos atirarmos de cabeça para o que quer que seja, devemos ter noção do que podemos perder e do que podemos beneficiar com o passo que vamos dar. Falar com muitas pessoas com experiência no meio, pessoas ligadas aos negócios, às finanças, e até com a nossa família”, sublinha.

Fonte: Artigo publicado no jonal i, por Márcia Oliveira, a 15.Maio.2012