Calendário Concursos

a - Abertura
f - Fecho

Tecidos portugueses desafiam o frio

15.09.2014
  • Incentivos às Empresas
  • Qualificação|Internacionalização PME

Geométricos e tridimensionais, pintados de tons escuros mas longe do preto, os tecidos e malhas para o outono-inverno 2015/2016 propostos pelas empresas portuguesas na Première Vision aliam matérias-primas de excelência, conforto, design e tendências para uma estação fria perfeita.

Projeto From Portugal
Projeto From Portugal

São 28 as empresas portuguesas presentes nesta edição da Première Vision Pluriel em Paris sob a chancela From Portugal promovida pela Associação Selectiva Moda. Divididas pelos salões Première Vision (tecidos), Expofil (fios) e Zoom (vestuário), mostram-se prontas a conquistar, com as suas novas coleções, as preferências dos clientes franceses, sendo que França é atualmente o segundo principal destino, a seguir a Espanha, das exportações da indústria têxtil e vestuário portuguesa, com compras no valor de cerca de 400 milhões de euros entre janeiro e julho de 2014 (+12,9% face a 2013).

Na Première Vision, 19 empresas revelam os materiais e os designs que vão indubitavelmente tecer o outono-inverno 2015/2016. Uma oferta que pode ser vislumbrada no Fórum de Tendências From Portugal, onde as cores da estação estão em destaque: azul, castanho e apontamentos de laranja, «uma cor que não estando na paleta da Première Vision vai ser importante, incluindo para a estação seguinte», aponta a responsável pela idealização do fórum, Teresa Pereira, do Citeve. Os tons das malhas e tecidos portugueses são escuros mas coloridos, com alguns apontamentos de tonalidades mais vivas. Os aspetos tridimensionais, jacquard e os micromotivos são alguns dos pontos fortes das coleções que podem ser vistas e tocadas neste Fórum de Tendências já incontornável no salão de tecidos parisiense.

A lã, indispensável para combater as temperaturas mais baixas, apresenta-se só ou em mistura com fibras nobres, com estruturas tridimensionais e padrões geométricos como os propostos pela Albano Morgado e pela Living Colours, microestruturas como na Penteadora e em tons escuros, como na Tessimax e na Paulo de Oliveira, com esta última a sugerir ainda tecidos em lã para fatos com fio de fantasia. «Temos boas perspetivas na medida em que as nossas coleções nos dois últimos anos têm recebido rasgados elogios pela sua qualidade e portefólio de produtos», revela António Teixeira, diretor de vendas da Penteadora, que aponta ainda como novidade «os tecidos em pura lã para casacos sportswear». Já na Fitecom destacam-se os tecidos com lã superfina e novos acabamentos sobre os materiais tradicionais. «Há uma diminuição global da gramagem, mantendo o look rústico do tradicional shetland/lambswool, mas com um toque mais agradável», acrescenta o administrador da empresa, João Carvalho. «Vamos com todas as forças tentar recuperar o mercado e cativar os clientes de forma a obter as performances dos anos passados, procurando superar a crise económica que a França atravessa», sublinha. Entre janeiro e julho de 2014, as exportações de tecidos de lã “made in Portugal” para o mercado francês ascenderam a 2,7 milhões de euros.

Por seu lado, os tecidos de camisaria apostam na simplicidade, com quadrados janela, aspetos jacquard e flanela, como os assinados pela Somelos Tecidos e TMG Textiles, e riscas regulares e tartans, como os apresentados pela Arco Têxteis. Destaque ainda para os linhos de inverno da Riopele, para os tecidos com aspeto de malha da Lemar e para os índigos com aspeto flanela desenvolvidos pela Teviz by Polopique. Entre janeiro e julho de 2014, as exportações de tecidos de algodão para França ascenderam a 7,45 milhões de euros.

Os estampados são outra tendência forte da estação, visualmente simples, mas com fundos ricos, como os sugeridos pela especialista em estamparia digital Adalberto Estampados, e muitas vezes aplicados sobre superfícies com textura como crepes ou mesmo pelos, como no caso da Gierlings Velpor, que exibe em Paris uma coleção de jaquards em veludo e estampados digitais em pelos sintéticos e veludos. «Sendo uma feira multidisciplinar e cosmopolita, colhemos a oportunidade de recebermos clientes de todo o mundo que aproveitam a Première Vision para confirmar as tendências e realizar as suas últimas seleções», explica o administrador da Gierlings Velpor, João Teixeira Duarte.

O denim também integra a oferta portuguesa no mais conceituado salão de tecidos do mundo. Na coleção desenvolvida pela Troficolor evidenciam-se as malhas com aspeto denim e metalizados coloridos. «Estamos a dar destaque ao conceito Glimmer Denim – bases de tecido denim e malhas índigo com cobertura brilhante funcional», afirma Flávio Dias, diretor de exportação da Troficolor, que aposta ainda na flanela portuguesa com novos acabamentos, como termocolagem com películas de ouro e diamante. «Este é um certame muito importante na estratégia da empresa, vemo-lo como porta de acesso a um mercado cada vez mais global», admite Flávio Dias.

Nas malhas, cujas exportações para França atingiram os 12,5 milhões de euros nos primeiros sete meses do ano, as construções duplas são uma realidade, «tanto em pesos mais leves como nos mais pesados», revela Teresa Pereira, assim como os aspetos de tridimensionalidade e brilhos controlados ou mate. Aos relevos das malhas da Lurdes Sampaio e da NGS Malhas, juntam-se as propostas em jacquard e funcionais da A. Sampaio & Filhos e as malhas duplas high tech da LMA.

Ainda na Première Vision, Portugal está igualmente representado na Knitwear Solutions, espaço dedicado à malha retilínea, com a A. Ferreira & Filhos, a Inarbel e a Orfama. «É a primeira vez que participamos na Knitwear Solutions», revela José Armindo Ferraz, CEO da Inarbel. «Vamos apresentar o que a Inarbel faz de melhor e a oferta que possuímos, tanto aos nossos atuais clientes como aos potenciais clientes, destacando os pontos em tricot do mais alto nível», acrescenta.

Já a pensar na primavera-verão 2016, a Tearfil, que expõe na Expofil, aposta numa coleção sob o tema Green Marketing e promete surpreender «com propostas de materiais ecológicos, orgânicos e reciclados, transformados em tecidos tridimensionais de cores frescas que celebram o verão», refere a diretora comercial Marla Gonçalves, que considera que o certame «é a altura ideal para celebrar ou renovar alianças com parceiros e aumentar a nossa rede de contactos, permitindo-nos interagir diretamente com designers, decisores e utilizadores».

Por sua vez, as empresas portuguesas A. J. Gonçalves, Dielmar, Miguesana/JVP, Raith Têxteis e Squarcione marcam presença na Zoom, o salão dedicado à subcontratação de vestuário, têxteis-lar e acessórios de moda. «É já a décima vez que expomos nesta plataforma comercial que é de extrema importância para a internacionalização da nossa empresa. Quase arrisco dizer que se não fosse esta feira não existiríamos», sustenta Mónica Ribeiro, diretora comercial da Squarcione, especialista em blazers. O vestuário é, de resto, a categoria mais procurada pelos clientes franceses em Portugal, com um valor em exportações que ascendeu a 259,9 milhões de euros nos primeiros sete meses do ano.

A participação destas empresas portuguesas na Première Vision Pluriel, de 16 a 18 de setembro, é uma iniciativa promovida pela Associação Selectiva Moda com o apoio de fundos comunitários (Qren), no âmbito do projeto From Portugal. Para 2014, este projeto engloba um conjunto de mais de 65 ações internacionais, que abarcam toda a fileira têxtil e moda, espalhadas por quatro continentes – Europa, Ásia, África e América –, num investimento total de 9 milhões de euros.