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Tooling EDGE - Produção Sustentável de Elevado Desempenho

09.05.2014
  • I&DT

O ToolingEDGE é um projeto abrangente , que integra e procura responder a desafios permanentes de competitividade a que os vários sectores produtivos que dele fazem parte - moldes, ferramentas especiais e plásticos | Joaquim Menezes em entrevista .

O COMPETE – Programa Operacional Factores de Competitividade – assumindo o objectivo de contribuir para a promoção de um crescimento económico sustentado, incorporando instrumentos indutores de atitudes e comportamentos empresariais geradores e valorizadores de inovação e conhecimento, apoiou projetos mobilizadores no âmbito do Sistema de Incentivos à I&DT.

Estes projectos caracterizam-se pelo seu cariz transversal decorrente da multiplicidade de interesses e diversidade de competências científicas e tecnológicas mobilizadas, bem como pelo elevado conteúdo tecnológico e de inovação, gerando impactes significativos a nível multisectorial e/ou regional e/ou ao nível de determinado cluster, constituindo-se como um vector essencial para a concretização e afirmação de estratégias de desenvolvimento sustentadas em lógicas de eficiência colectiva.

 

O projeto Tooling EDGE

O projecto Tooling EDGE tem como propósito preparar tecnologicamente as empresas do sector do Engineering & Tooling para a sustentabilidade competitiva em sectores de alto valor acrescentado, nomeadamente, nos sectores aeronáutico, da saúde, da electrónica, do automóvel e da embalagem, pretendendo contribuir para a:

  • Selecção e avaliação de tecnologias e alternativas de design numa perspectiva do ciclo de vida do molde e/ou produto;
  • "Optimização" do desempenho das tecnologias de fabrico, na perspectiva da qualidade/funcionalidade do produto e da eficiência global dos recursos envolvidos - aspectos económicos e ambientais;
  • Organização do sistema produtivo, entendida numa óptica abrangente, envolvendo desde a adequação de soluções tecnológicas de automação flexível à estandardização de metodologias de trabalho e de procedimentos de planeamento e controlo, com base nos princípios lean.

O projeto envolve um total de investimento elegível de 7 milhões de euros, correspondendo a um incentivo FEDER de 5 milhões de euros.

Em entrevista ao COMPETE, Joaquim Menezes, Presidente do Grupo Iberomoldes e do Centimfe, parceiros do projeto. revela na primeira pessoa qual a mais valia desta tiplogia de projetos, que associa em consórcio uma pluralidade de agentes económicos e de instituições de saber.

 

  • Sinteticamente qual o âmbito do projeto?

 O projeto ToolingEDGE é um projeto âncora da estratégia de eficiência coletiva Engineering & Tooling.

Consubstanciado no Plano Estratégico deste nosso setor nacional, o projecto foi estruturado de acordo com as necessidades de desenvolvimento sentidas pelo Cluster para responder aos desafios assumidos de posicionamento em novos mercados. O Cluster tem vindo, não apenas a manifestar o seu empenhamento em se colocar no Top 5 a nível mundial, nas áreas da produtividade, inovação e qualificação dos seus recursos humanos, mas também a considerar estratégica a diversificação e um posicionamento significativo e simultâneo em outros mercados, nomeadamente na energia e ambiente, embalagem, eletrónica, saúde e aeronáutica, e a comprometer-se com objetivos que se prendem com a notoriedade da MARCA e o seu reconhecimento internacional.

Concretamente o projeto ToolingEDGE visou desenvolver conhecimento científico e tecnológico, metodologias de trabalho e de organização inovadoras, adaptadas ao sector de Engineering & Tooling que, através de processos de demonstração e disseminação suportado em Casos de Estudo, permitam incrementar o desempenho global da indústria e o valor acrescentado nos seus processos e produtos, numa estratégia orientada para o contínuo desenvolvimento e posionamento competitivo do Cluster.
O ToolingEDGE é um projeto abrangente do Cluster, que integra e procura responder a desafios permanentes de competitividade a que os vários sectores produtivos que dele fazem parte - moldes, ferramentas especiais e plásticos – estão sujeitos.

Quais os principais objetivos? Esses objetivos foram cumpridos?

Poder-se-á dizer que o projeto visa preparar as empresas do Cluster para uma atuação competitivamente integrada e sustentável, nos mercados considerados estratégicos e que já atrás referimos: aeronáutico, automóvel, médico, eletrónica e da embalagem.

Concorrendo para este grande desafio, podemos destacar os seguintes objetivos:

  • Desenvolver conhecimentos, metodologias e estratégias para dinamizar a competitividade no sector da Engineering & Tooling, focados na eficiência e eficácia da utilização dos recursos (mais valor gerado, maior produtividade, menores impactos ambientais).
  • Ampliar e consolidar o conhecimento e o desempenho ao nível das tecnologias nucleares do sector (soluções de engenharia de moldes, tecnologias de maquinação por arranque de apara e electro-física/química), explorando e estendendo as possibilidades dessas tecnologias face aos novos desenvolvimentos, desde as ferramentas de corte, passando pelos equipamentos disponíveis, até aos novos materiais.
  • Re-desenhar as sequências operacionais, com novas metodologias de trabalho e de organização – de forma integrada, desde o projeto e conceção até à harmónica e inovadora utilização de soluções, adaptadas a uma produção mais autónoma, ágil e flexível.
  • Estudar e desenvolver conhecimento e informação técnica complementar de apoio a aplicações específicas das tecnologias nucleares de produção, através do consenso e conhecimento especializado do consórcio, reduzindo através desta cooperação ativa (em coopetição) os riscos tecnológicos e facilitando o processo de diversificação e penetração em novos mercados.
  • Desenvolver indicadores de desempenho em termos de eco-eficiência (económica e ecológica) adaptados ao Engineering & Tooling capazes de avaliar tecnologias e novas cadeias produtivas.
  • Introduzir novas competências no sector de Engineering & Tooling em áreas estratégicas de conhecimento e especialização, visando uma efetiva transferência e partilha do conhecimento e valorização dos resultados de I&DT junto das empresas.
  • Promover a cooperação entre os diferentes atores do Cluster, entre os quais as empresas e as entidades do SCT.
  • Desenvolver capacidades de inovação orientadas para a eco-eficiência e contribuir para o desenvolvimento da inovação tecnológica a nível global potenciando a utilização plena das suas competências.

 

Os objetivos foram genericamente atingidos e o trabalho em consórcio interpares francamente positivo.

 Quantas entidades estiveram envolvidas?

O Consórcio envolveu 27 entidades, 19 empresas, 7 instituições do sistema científico nacional e 1 associação. Independentemente das participações formais de todos os parceiros do consórcio, são de realçar as participações colaterais de outras entidades, que em alguns momentos do projeto se mostraram necessárias, e que se mostraram cruciais para colmatar algumas lacunas de especialização e para enriquecer atividades fundamentais para os objetivos do projeto.

 

Qual a mais-valia do trabalho em parceria entre um número tão diverso de promotores ?Até que ponto este é um instrumento adequado para a promoção do paradigma d e Inovação Aberta a uma escala setorial?

As vantagens desta articulação são bastante claras e prendem-se fundamentalmente com a troca de experiências e de conhecimentos “comuns” (especializados) que estas parcerias potenciam. Foi visível ao longo do desenvolvimento do projeto o estreitar de relações entre empresas e, especialmente, o valioso exercício entre estas e as diversas entidades do sistema científico e tecnológico (SCT). Foi notório, e é de todo o mérito realçar, o processo de reconhecimento recíproco das competências, capacidades e complementaridades que, quer uns, quer outros detêm, tendo-se observado ao longo do projecto um virtuoso desenvolvimento de novas formas de cooperação e confiança interparceiros. Ou seja, o projeto contribuiu também para um profícuo trabalho entre as universidades e a comunidade industrial.

Pensamos que o ToolingEDGE e outros projetos desta dimensão trazem uma clara mais valia na aproximação entre estas duas realidades, que sem a oportunidade gerada pela participação neste projeto, não ocorreriam. Este tipo de articulação potencia igualmente a entrada de novos atores nas redes de inovação existentes e origina novas redes de conhecimento e trabalho (relações) de continuada cooperação.

Os projetos Mobilizadores foram todos inseridos no contexto de processos de eficiência coletiva devidamente reconhecidos (Polos de Competitividade e Tecnologia e Outros Clusters), considera esta opção uma mais-valia?

Não temos qualquer dúvida, a resposta é claramente: SIM.

Entendemos que os Pólos de Competitividade e Tecnologia (PCT) são um poderoso instrumento de incentivo à criação de redes de inovação sectorial. Esta redes, traduzem-se pela integrada participação de empresas e instituições de instituições de I&DT, de ensino superior e de formação profissional, que partilham uma visão estratégica baseada em atividades conjuntas, orientadas para o desenvolvimento de projetos de elevada intensidade tecnológica e com forte orientação e visibilidade internacional. Também, os projetos mobilizadores, são quanto a nós o instrumento adequado da investigação e desenvolvimento tecnológico (IDT) para dar resposta assertiva aos desafios de uma Estratégia de Eficiência (EEC).

Poderá afirmar-se que o programa COMPETE foi um fator estratégico para mobilização dos vários parceiros do projeto? Em que medida?

Embora já se identifique um número considerável de empresas que desenvolvem atividades de IDT de forma espontânea, recorrendo a fundos próprios, o financiamento das atividades de investigação, especialmente de atividades de investigação industrial que requerem um investimento expressivo, levanta sérias dificuldades às empresas, nomeadamente às PMEs, para lidarem com os riscos e incertezas próprias do IDT. Claramente, os mecanismos de apoio e financiamento agem como facilitadores e trazem os inerentes riscos para níveis comportáveis.

Programas como o COMPETE, são essenciais para que todos se mobilizem de forma assumida – integrada - em torno de objetivos comuns.

Que inovações concretas são passíveis de ser desde já referenciadas como resultado do projeto mobilizador? Qual o impacto atual na competitividade da fileira e quais os impactos expectáveis a longo prazo? Em que aspetos a dinâmica de inovação do sector é hoje fundamentalmente diferente da que era em 2009, quando o programa foi lançado? Qual o contributo do projeto mobilizador? Numa avaliação retrospetiva, se tivesse de implementar melhorias quais destacaria?

Pelo particular conhecimento que tenho de uma das intervenções do ToolingEDGE – a célula flexível – posso destacar o desenvolvimento e implementação desta solução de produção flexivel, um novo conceito adaptado à realidade das empresas de moldes, dada a especificidade da sua produção – one of a kind – e as inerentes dificuldades de rigoroso planeamento. A solução desenvolvida teve por base as reais necessidades do sector, a sua especificidade em termos de peças e geometrias produzidas, a diversidade dos equipamentos que compõem os parques produtivos das empresas e as dificuldades tecnológicas que as mesmas muitas vezes oferecem aos diversos casos em presença. Este conceito, habilita a produção de peças e componentes de forma mais automatizada, com maior flexibilidade ao nível do planeamento da produção e da programação dos recursos produtivos, e com muito maior autonomia produtiva (diria mesmo, um conceito de “round-the-clock” ).

Destaca-se igualmente, a diversificação de materiais processados: aços tradicionais para moldes, aços endurecidos, ferros fundidos, ligas leves (alumínio e titânio) e compósitos.

Podemos ainda afirmar que o sector ganhou e sistematizou conhecimentos tecnológicos para a produção de peças estruturais para o sector aeronáutico, que é novidade para a maior parte das empresas habituadas a processar apenas as ligas ferrosas típicas dos moldes para plástico e vidro.
Muitos outros exemplos poderiam ser referidos, desde o desenvolvimento de soluções de “componentes moldantes descartáveis” para micromoldes ou para moldes com pormenores à micro-escala, até ao desenvolvimento de uma máquina protótipo integrando electroerosão e maquinagem electroquímica.

É nossa convicção que os impactos mais estruturantes serão visíveis no futuro próximo. A endogeneização do conhecimento requere tempo e continuidade na aplicação prática. As competências e conhecimentos foram desenvolvidos. Existe agora um trabalho de capitalização destes factores, através da concreta aplicação destes no dia a dia das empresas.
Não temos dúvidas, que a inovação é uma disciplina incontornável no nosso sector de actividade e na forma como as relações de negócio e confiança continuadamente se desenvolvem entre as empresas do sector e os clientes.

Como já foi dito, este Cluster abrange empresas e entidades com histórico em termos de desenvolvimento tecnológico, quer individualmente, quer em consórcio, com provas dadas. Este projeto, trouxe para o palco da inovação novos atores, que entretanto se aliaram para desenvolver áreas de investigação em comum, houve uma maior consciencialização de uma realidade, que todos sabemos, mas que nem sempre implementamos, o trabalho em cooperação/ colaboração é gerador de mais valor do que a mera soma das partes.

 

Existiram durante o período de programação que agora terminou instrumentos complementares de apoio ao processo de investigação e inovação no meio empresarial. Em que medida o consórcio aproveitou estes instrumentos para alavancar conhecimentos gerados no Projeto Mobilizador. 

Posso afirmar que genericamente o consórcio aproveitou de forma transversal os instrumentos complementares que estavam ao seu dispor. Para potenciar os desenvolvimentos, as empresas implementaram projetos de inovação, bem como projetos de qualificação e internacionalização. Nos primeiros têm vindo a introduzir novas tecnologias e a desenvolver novos produtos e serviços, incorporando de alguma forma já os resultados gerados ao longo do projeto. Nos segundos têm explorado a capitalização do conhecimento e competências desenvolvidas através de atividades fortemente ligadas à promoção e divulgação.
Refira-se que o instrumento da IDT em copromoção foi igualmente utilizado pelos copromotores do projeto, formando novas parcerias para explorar novas áreas identificadas ao longo do projeto ToolingEDGE.

Surgiram outras atividades, para além das previstas, que enriqueceram o projeto?

Os projetos de investigação e desenvolvimento, principalmente os que se desenvolvem em Consorcio, são “entidades” vivas e dinâmicas, que evoluem para além do que foi inicialmente previsto. Penso que faz parte da investigação, já que esta é um processo de criação e construção de hipoteses, teste e validação, e muitas vezes alvos de processos de desconstrução, para começar de novo algo que não está a conseguir atingir os objetivos originalmente pensados. As atividades desenvolvidas, embora sem modificação da sua natureza, sofreram ajustes e evoluções típicas de qualquer processo de desenvolvimento. 

Como encara o enquadramento deste tipo de projetos no novo período de programação, designadamente no Programa Operacional de Competitividade e Internacionalização?

Como referi, o instrumento consubstanciado nos projetos mobilizadores traz claras mais valias. São projectos que imprimem interessantes dinâmicas de cooperação, decorrente da agregação de competências, de recursos e de parceiros, capazes de gerar resultados de cariz competitivo transversal em coopetição e em áreas de elevado conteúdo e risco tecnológico. Consideramos que criam condições particularmente motivadoras para inovar e explorar os resultados atingidos com impactos multisetoriais bastante relevantes.
Esta tipologia de projeto num novo programa Operacional será claramente beneficiado com melhorias oriundas duma cuidada e participada auscultação aos diversos consórcios participantes. Estamos disponíveis para essa participação séria e empenhada, no sentido de contribuir para melhorar algo em que vimos valia e um excelente mecanismo de dinamização da inovação e da competitividade das empresas … os resultados são visíveis.